Lurdes Ferreira, in Jornal Público
A região mais desenvolvida do país quer atingir dentro de seis anos a actual média europeia de I&D. Aposta na indústria automóvel e no turismo residencial
A Região de Lisboa quer chegar a 2013 com um esforço em investigação e desenvolvimento (I&D) igual ao da actual média europeia e captar cérebros, mas para isso terá "certamente de chamar técnicos estrangeiros".
É a previsão do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDRLVT), António Fonseca Ferreira, para quem as reformas do sistema de ensino em Portugal, "por muito que o melhorem, só darão frutos dentro de 10 anos", um prazo que é incompatível com os objectivos da região: atingir dentro de seis anos a média comunitária de despesa em I&D, que é de três por cento do PIB. Lisboa tem actualmente 1,2 por cento do seu PIB dedicado à I&D, enquanto a média nacional é de 0,8 por cento.
Fora do Objectivo 1 dos fundos estruturais, pela primeira vez, e agora virada para a inovação e competitividade, a região de Lisboa assume novas prioridades para os próximos anos entre elas o lançamento de um pólo de competitividade em torno da indústria automóvel, "com a criação de novas empresas, novos produtos e novas competências no sector". Nele estão envolvidos a Câmara de Palmela, a Autoeuropa, a Universidade do Minho, o Instituto Superior Técnico, o Centro de Excelência e Inovação para a Indústria Automóvel (CEIIA) e o centro de inovação Inteli. "A Autoeuropa tem sido muito boa para o país, mas tem sido uma fábrica de montagem", disse o presidente da CCDRLVT, acrescentando que a ambição agora é criar "um centro de desenvolvimento de produto na área dos componentes para automóveis".
À espera do Governo
O quadro de financiamento deste projecto, previsto no Plano Tecnológico, espera pela definição do Governo, que se inspirou no modelo francês de parcerias público-privadas para criar estes projectos de incentivo à inovação. A biotecnologia poderá vir a formar um segundo pólo de competitividade na região, sendo esse o desejo de Fonseca Ferreira, mas ainda sem condições de avançar.
As apostas no turismo residencial, num sistema portuário articulado entre Lisboa, Sines e Setúbal, e na criação de um centro logístico no eixo Poceirão/porto de Setúbal estão também entre as prioridades.
Mas, frisa Fonseca Ferreira, sem um sistema de governação que ligue as múltiplas entidades que se movimentam nos 18 municípios que constituem a região, o plano não se fará. Para isso, propõe a criação do Fórum Metropolitano, que agregue mais de uma centena de organismos e individualidades relevantes para o desenvolvimento regional.
Será esta, aliás, a sua principal mensagem segunda-feira quando o plano estratégico for apresentado publicamente, com a participação do ex-ministro socialista, João Cravinho, de quem é próximo. "É preciso que a CCDR tenha um papel mais activo", afirmou, ao mesmo tempo que reconheceu a questão da governabilidade como "a mais crítica". Para os próximos sete anos, a região de Lisboa vai dispor de 436 milhões de euros de ajudas europeias por via do FEDER e do FSE, representando um oitavo do que recebeu no QCA anterior, por ter saído do Objectivo 1.
Do anterior pacote de ajudas que vigorou até ao final do ano passado, aprovou 99 por cento do total e tem uma execução financeira de 83 por cento. Pelas normas comunitárias, a região tem ainda dois anos para gastar as verbas, o que Fonseca Ferreira acredita que aconteça apesar das dificuldades financeiras dos municípios e os atrasos das obras.