7.7.09

Crise económica compromete erradicação da fome e pobreza no mundo

in Sol

Os progressos na erradicação da fome e da pobreza começaram a abrandar devido à crise económica e alimentar, registando-se casos de inversão daquela tendência, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas sobre os Objectivos do Milénio

O documento, que é hoje apresentado em Genebra pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, adverte que, apesar de diversos êxitos, os progressos têm sido de um modo geral demasiado lentos para permitir alcançar todas as metas estipuladas até 2015.

«Não podemos permitir que um clima económico desfavorável ponha em causa os compromissos assumidos em 2000. A comunidade mundial não pode voltar as costas às pessoas pobres e vulneráveis», afirma Ban Ki-moon, no preâmbulo do relatório.

O secretário-geral da ONU acrescenta que os objectivos ainda podem ser alcançados, mesmo nos países pobres, desde que haja um forte empenhamento político e que sejam assegurados financiamentos suficientes de uma forma sustentada.

Segundo uma nota do Departamento de Informação Pública da ONU, no período entre 1990 e 2005, o número de pessoas com menos de 1.25 dólares por dia baixou de 1,8 mil milhões para 1,4 mil milhões.

«Mas os indicadores mostram que os avanços importantes na luta contra a pobreza deverão estagnar, embora ainda não existam dados sobre o verdadeiro impacto do recente abrandamento económico. Em 2009, calcula-se que haverá mais 55 a 90 milhões de pessoas a viver na pobreza extrema do que se previra antes da crise», afirma a ONU.

O relatório aponta ainda a existência de défices de fundos no que se refere a programas para melhorar a saúde materna e as dificuldades dos países em financiarem eles próprios os seus programas de desenvolvimento.

No que se refere a crianças, o documento da ONU indica que mais de um quarto das crianças das regiões em desenvolvimento têm peso insuficiente para a sua idade e que «os escassos progressos no domínio da alimentação infantil realizados entre 1990 e 2007 são insuficientes para permitir que seja atingida a meta fixada para 2015».

Quanto ao futuro, o relatório pede aos governos que dêem novo impulso aos esforços para assegurar um emprego digno para todas as pessoas, sublinhando que as oportunidades de emprego para mulheres no sul da Ásia, norte de África e Ásia ocidental «continuam a ser extremamente reduzidas».

Uma vez falhada a meta de eliminar as disparidades de género no ensino primário e secundário, a ONU insta ainda os governantes a intensificarem os esforços no sentido de assegurar que todas as crianças frequentem a escola, sobretudo as que vivem em comunidades rurais.

Lusa / SOL