13.7.09

Nasceram mais 2183 crianças no ano passado

por Céu Neves, in Diário de Notícias

Portugal do que em 2007, invertendo-se a tendência de descida verificada nos últimos anos. Este aumento não foi, no entanto, suficiente para compensar o número de pessoas que morreram. E, pelo segundo ano consecutivo, as mortes estão acima dos nascimentos. O DN falou com os pais de algumas das crianças.

Nasceram mais 2183 crianças em 2008 do que em 2007 em Portugal, invertendo-se a tendência de diminuição dos últimos anos. Este aumento não evitou, no entanto, que, pelo segundo ano consecutivo, tenham morrido mais pessoas do que aquelas que nasceram, embora com uma diferença pequena: 174. E, segundo os especialistas, ainda é cedo para se falar em inversão.

A população residente em 2008 aumentou para 10 627 250; subida que, em parte, se deve a um maior número de nascimentos. E muitos são filhos de imigrantes, embora a informação do Instituto Nacional de Estatística não indique quantas crianças são de mãe estrangeira. No Algarve, que tem um índice sintético de fecundidade (ISF) de 1,8, superior à média nacional (1,36), houve um aumento de 10% em relação a 2007, o que corresponde a 23% (1139) dos 4804 bebés registados, segundo a Administração Regional de Saúde.

Para João Peixoto, vice-presidente da Associação Portuguesa de Demografia, a subida "é conjuntural", não se prevendo que se esteja a inverter a tendência de diminuição de crianças no País. E justifica: "Numa situação de crise, como a actual, não é previsível pensar numa retoma do ISF. Mesmo os imigrantes, que têm contribuído para um maior número de nascimentos, também são afectados pela situação económica. "

Entre as crianças nascidas em Portugal em 2008 estão a Dalila, o Diogo e o Olivier. A mãe da menina, Carla Silveira, 35 anos, professora de Português e Francês, conseguiu efectivar-se no ano passado. O marido é engenheiro e o casal teria, à partida, condições para ter mais do que um filho. Mas o primeiro, a Catarina, seis anos, tem uma deficiência grave e não diagnosticada, o que levou o pai a desistir de ter mais crianças. "Fiquei grávida e havia o medo sobre o estado de saúde do bebé, mas tinha esperança de que estivesse tudo bem." E assim foi. E o futuro? "Gostaria de ter mais filhos, depende do meu marido."

Susie Garrett deixou a Inglaterra para trabalhar em Portugal. Paul Maria, nascido em território britânico, fez o movimento inverso dos pais, emigrantes, e também veio para cá. Previam estadas curtas, mas acabaram por ficar. São professores no Cambridge, onde se conheceram, e quiseram ter uma maior experiência de vida para ter o primeiro filho. "Costuma-se dizer que quem pensa muito não casa, com os filhos é o mesmo. Mas é ridículo pensar que a crise pode impedir o desejo de se ter um filho", diz Paul. Pensam ter mais filhos.

A Patrícia e o Cláudio Godinho já tinham o Duarte, de 11 anos, e o Dinis, de sete, mas Patrícia engravidou sem programar. Isso não alterou a educação prevista para as crianças: estudam no privado até ao 6.º ano, altura em que passarão para o público. Ele é chefe de cabina da TAP, ela é formadora e sublinha: "A situação económica condiciona o facto de se ter filhos, mas há pessoas mais optimistas, como nós!"