28.10.09

Eurobarómetro: europeus querem acção urgente contra pobreza

in Diário Digital

Em média, 89% dos europeus afirmam que é necessário e urgente os governos agirem para combater a pobreza, revela um Eurobarómetro divulgado esta terça-feira pela Comissão Europeia.

De acordo com o novo inquérito Eurobarómetro sobre as atitudes face à pobreza e à exclusão social, 73% dos europeus consideram que a pobreza é um problema que se está a propagar nos respectivos países.

O inquérito, realizado no âmbito da preparação do Ano Europeu contra a Pobreza, em 2010, conclui que estes resultados «mostram até que ponto os europeus estão conscientes dos problemas da pobreza e da exclusão social na sociedade de hoje e querem que se faça mais para os resolver», afirmou o Comissário responsável pelos Assuntos Sociais, Vladimir Špidla.

«Ainda que a maioria das pessoas considere que os governos nacionais são os principais responsáveis, três quartos esperam que a UE desempenhe um papel importante neste contexto. O Ano Europeu que assinalaremos em 2010 será a oportunidade perfeita de colocar o combate à pobreza no cerne das preocupações em toda a UE.», referiu o responsável europeu.

80 milhões de pessoas no limiar da pobreza

Perante o cenário desolador de quase 80 milhões de pessoas - ou seja, 16% da população da UE - a viverem abaixo do limiar de pobreza e a enfrentarem graves obstáculos no acesso ao emprego, à educação, a estruturas sociais e a serviços financeiros, o inquérito hoje apresentado ilustra as várias facetas da pobreza e da exclusão social. Os cidadãos da UE estão fortemente conscientes dos problemas da pobreza e da exclusão social, com 73% dos inquiridos a considerarem que a pobreza é um fenómeno que alastra no seu país.

O desemprego elevado (52%) e os baixos salários (49%) são as explicações «sociais» que mais são apontadas para a pobreza, juntamente com a insuficiência das prestações sociais e das pensões (29%) e o custo excessivo de uma habitação condigna (26%). Por outro lado, a falta de educação, formação ou competências (37%), assim como a pobreza «herdada» (25%) e a toxicodependência (23%) são apontadas como razões «pessoais» que explicam a pobreza.

Mais de metade dos europeus (56%) acredita que os desempregados correm um maior risco de pobreza, ao passo que 41% consideram ser os idosos a categoria mais vulnerável e 31% referem as pessoas com baixos níveis de educação, formação ou competências.

Quase nove em cada dez europeus (87%) crêem que a pobreza é um obstáculo ao acesso a uma habitação condigna, oito em cada dez acham que limita o acesso ao ensino superior ou a educação de adultos e 74% consideram que reduz as possibilidades de encontrar um emprego. A maioria dos europeus (60%) acredita que afecta também o acesso a um ensino básico de qualidade e 54% pensam que a capacidade de manter uma rede de amigos e conhecidos é limitada pela pobreza.

Em toda a Europa, 53% dos cidadãos imputam aos governos nacionais a principal responsabilidade neste combate.

Mesmo que os europeus não considerem a União Europeia a principal responsável pela luta contra a pobreza, o seu papel é, porém, destacado por muitos (28% acham que é «muito importante» e 46% «de alguma forma importante»).

O inquérito Eurobarómetro foi realizado entre 28 de Agosto e 17 de Setembro de 2009. No conjunto, foram entrevistados presencialmente quase 27 000 cidadãos em todos os Estados-Membros da UE, os quais haviam sido seleccionados de forma aleatória.