28.10.09

Integração forçada: um futuro para os Roms?

in Expresso

No centro de uma série de faits-divers, a situação dos Roms é tema de debate aceso na imprensa húngara. Isolar os jovens do seu meio para que estes sejam bem sucedidos é a ideia apresentada pelo ensaísta Eszter Babarczy.

A propósito do debate em curso sobre as dificuldades de integração dos Roms húngaros, o meu chefe de redacção pediu-me que escrevesse um artigo "politicamente correcto". É fácil, pensei para comigo: "Não há problema. Se os racistas deixassem de acusar os ciganos de todos os males, o assunto ficava resolvido.", lê-se no "HVG", citado pelo site Presseurop.

A sério? Claro que não. Os últimos 15 anos provam que essa atitude não só não resolveu o problema como reforçou o discurso racista no seio da sociedade. A ascensão do Jobbik [partido de extrema-direita] deve-se, em grande parte, a esta posição ingénua.

Os Roms que vivem em guetos, isolados da sociedade em geral, não são forçosamente criminosos. Vivem numa sociedade organizada em clãs e sofrem mais às mãos das "más famílias" (que roubam toda a gente, incluindo roms) e dos usurários (igualmente roms) do que devido à discriminação. Na sua maioria, nunca terão oportunidade de serem discriminados, porque não há nenhum caminho de saída da aldeia transformada em gueto.

Um escolarização financeiramente inacessível A questão que divide os intelectuais húngaros é esta: quem deve abrir esses caminhos? Não creio que os roms encurralados em guetos sejam capazes de o fazer sozinhos. As organizações ciganas funcionam apenas como tribunas para os seus quadros corruptos e ávidos de poder. [Dois responsáveis rom foram recentemente acusados de desvio de fundos públicos.] Esses cargos são produto da hipocrisia e não constituem uma solução.

A sério: quem é capaz de imaginar que pessoas honestas mas desempregadas possam mandar os filhos para a escola? Quem acredita em tal coisa é porque nunca visitou uma família rom. Essas famílias vivem numa economia sem dinheiro líquido (a não ser que o roubem). Tirando os donativos e aquilo que pode ser produzido, construído ou arranjado localmente, tudo o mais está fora do seu alcance (gasolina, mobiliário escolar, aulas suplementares). As crianças rom podem trabalhar muito na escola e nem sequer sabem se o esforço vale a pena: não poderão sair da aldeia, visto que não há dinheiro para o colégio interno, para o comboio ou para os livros escolares.

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