7.12.09

Igreja vigia cumprimento das promessas do Governo

Alexandra Serôdio, in Jornal de Notícias

Aumento do ordenado mínimo "é um passo essencial", garante o bispo D. Carlos Azevedo.

O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social defendeu o aumento do ordenado mínimo por ser uma "necessidade premente". D. Carlos Azevedo promete que a Igreja var estar atenta às promesas do Governo.

O Conselho Geral da Cáritas Portuguesa, que ontem decorreu em Fátima, serviu de mote. O bispo auxiliar de Lisboa admitiu ser "um passo essencial o crescimento do ordenado mínimo" e acrescenta que esta subida "é o mínimo que se pode fazer pela dignidade humana".

Ao JN, D. Carlos Azevedo admitiu que esta é a sua resposta ao anúncio do primeiro-ministro, feito na quinta-feira, durante o debate quinzenal na Assembleia da República. José Sócrates disse que o Governo vai propor à concertação social que o salário mínimo nacional seja de 475 euros em 2010. É uma forma de cumprir "o acordo estabelecido com os parceiros sociais", afirmou.

"Aumentando agora o salário mínimo para 475 euros, respeitaremos escrupulosamente esse acordo e a evolução nele prevista. Mas a segunda razão é ainda mais importante: o aumento do salário mínimo é mais um passo dado num caminho que deve mobilizar todo o País, o caminho da justiça social", defendeu Sócrates.

O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social concorda com a posição do Governo e garante que "vai estar atento", frisando ser "uma necessidade que o valor chegue aos 500 euros já no próximo ano". "Se o aumento do ordenado mínimo causa problemas a alguns, às empresas ou a outros, então que se resolvam esses problemas. Porque não é à custa do mínimo de dignidade que se ergue um verdadeiro desenvolvimento", sustentou.

De acordo com D. Carlos Azevedo "um dos maiores obstáculos a uma vida serena e pacífica, na hora presente, é a gravíssima e crescente vaga de desemprego".

O responsável falou ainda da operação 10 milhões de Estrelas - Um gesto pela paz , que visa prioritariamente a criação de um Fundo de Apoio aos novos desempregados e suas famílias, através das estruturas diocesanas da Cáritas. Parte das receitas desta iniciativa - que convida à aquisição de velas ao preço de um euro - reverte este ano excepcionalmente para os novos desempregados.

Das verbas a recolher na campanha, 35% serão canalizadas para o fundo de apoio aos novos desempregados e suas famílias, enquanto os restantes 65% vão ser aplicados, por cada uma das Cáritas Diocesanas, em projectos nacionais direccionados para a mesma temática.

"Adquirir uma vela e acendê-la no dia 24 de Dezembro é um gesto pela paz, que contribuirá para aplanar a depressão de tantas famílias portuguesas", sustentou D. Carlos Azevedo, pedindo que neste Natal não se cavem "mais fossos de desigualdades sociais" e não se "levantem montanhas de problemas".

O presidente da Cáritas Portuguesa, em declarações à Lusa, garantiu que a instituição quer evitar o aumento do número de pobres em Portugal. "A atenção que nós queremos ter redobrada é para aqueles cidadãos que neste momento se encontram com privação de recursos, mas que ainda não são pobres. Estão é privados dos recursos necessários para poderem satisfazer as necessidades elementares para a sua sobrevivência e das suas famílias" disse Eugénio da Fonseca.

E reiterou que o objectivo passa por essas pessoas ultrapassarem a "privação de recursos" e evitar que "caiam no grupo dos já dois milhões de pobres que Portugal tem".