in Jornal de Notícias
A Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade de Informação considera o programa Magalhães uma iniciativa positiva, mas defende que está ainda longe de ser plenamente aproveitado todo o seu potencial.
"Considera-se a iniciativa positiva, mas falta fazer muito para tirar proveito do potencial que está associado ao próprio projecto Magalhães", disse hoje à agência Lusa o presidente da APDSI, que quarta-feira apresenta em Lisboa uma avaliação sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no Ensino Básico, centrada no computador concebido para as crianças dos primeiros anos de escolaridade.
A posição será transmitida pelo Grupo de Alto de Nível (GAN) da APDSI, durante uma sessão em que participarão vários especialistas, nomeadamente Alves Lavado, Luís Amaral e Rui Baião.
De acordo com o documento a apresentar, a iniciativa "abre um vasto leque de oportunidades económicas, sociais e políticas, podendo constituir uma importante componente da exportação de tecnologia, de conteúdos e de 'know-how'", especialmente para países de língua oficial portuguesa, mas dentro de portas "não tem havido esforço suficiente na captação dos intervenientes nos processos de ensino/aprendizagem, nem na mobilização dos docentes".
Sem uma renovação destes processos, o investimento "corre o risco de não ser potenciado", defende o GAN, advertindo que o modelo de utilização actual induz uma atitude "consumidora" e não "produtora de conteúdos".
"Em termos globais foi dado um passo muito importante no que respeita à infra-estrutura física", mas "as restrições à conectividade, por razões geográficas ou de custos elevados, ainda são um importante factor de exclusão", lê-se no documento.
O GAN refere ainda que a factura familiar com livros escolares se mantém elevada, podendo ser "largamente diminuída" através da sua digitalização e divulgação online.
O grupo que estudou esta questão considera que para garantir a sustentabilidade futura do programa do Magalhães, a nível financeiro, este deve ser integrado no orçamento do Ministério da Educação.
O GAN considera necessário garantir "o total alinhamento dos projectos educativos e dos programas oficiais e investir na reformulação completa dos programas educativos", que "deverão recorrer de forma sistemática ao Magalhães, ao seu software e conteúdos, para ministrar os conhecimentos da política educativa".
Entre as recomendações está também a distribuição de manuais escolares em formato digital.
O Governo decidiu prosseguir o programa Magalhães, encetado na anterior legislatura, estando em curso, até dia 15, o processo de inscrições para os alunos do primeiro ano de escolaridade, no âmbito do Plano Tecnológico da Educação.
O objectivo é não só generalizar o uso do computador e da Internet entre as crianças, mas também aproveitar as potencialidades das novas tecnologias para trabalhar na sala de aula, criando novas interacções entre professores, alunos e conteúdos.
Em finais de Julho, o Ministério da Educação contabilizava 404.600 alunos inscritos no programa.


