27.1.10

Crise obriga a parar tratamentos médicos

in Jornal de Notícias

Seis em cada 10 famílias tiveram dificuldade em seguir tratamentos médicos no último ano por motivos económicos, revela um inquérito da associação Deco.

O inquérito da Deco Proteste, realizado junto de 1.639 famílias, e publicado na revista Teste Saúde de Fevereiro, revela que quase metade dos inquiridos foi obrigada a adiar uma terapia.

Um quinto interrompeu e outros tantos nem sequer pensaram em iniciar um tratamento por impossibilidade de o pagar. Nesta última situação estão 650 mil famílias, segundo estima a Deco.

Os lares com baixos rendimentos, os que incluem apenas um adulto e crianças menores e os que integram doentes crónicos manifestam mais problemas em suportar os custos, revela ainda o inquérito, segundo o qual um quinto dos inquiridos já se endividou para pagar despesas de saúde e 15 por cento fizeram-no no último ano.

Cada agregado pediu, em média, 1.100 euros, sobretudo a familiares. Quatro em cada 10 revelaram muitas dificuldades em liquidar a dívida.

Grande parte dos créditos pedidos destinou-se a serviços de saúde privados, muitos deles também existentes no Serviço Nacional de Saúde. "Mas as longas listas de espera determinaram a decisão pelo privado", conclui a Teste Saúde.

O estudo mostra ainda que sete em cada 10 famílias gastam uma média de 1700 euros por ano em Saúde, o que representa, em média, cerca de um quinto do seu rendimento anual líquido.

A maior fatia das despesas é absorvida pelos cuidados dentários e oftalmológicos, com gastos médios anuais de 550 e 465 euros.