19.5.10

Líderes da Europa e América Latina defendem nova arquitectura financeira

Por Nuno Ribeiro, Madrid, in Jornal Público

Presidente chileno Sebastian Piñera apelou à mudança do Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e Nações Unidas. São precisas novas instituições para o século XXI


Os países da União Europeia (UE), da América Latina e Caraíbas defenderam ontem uma nova arquitectura financeira e a intensificação da cooperação para resolver as consequências da crise económica mundial. Uma das resoluções da VI cimeira que ficou aquém das expectativas. "São tratados velhos problemas com velhas soluções", acusou o Presidente chileno Sebastian Piñera.

O reforço do multilateralismo é via dos 27 países da UE e 33 da América Latina e das Caraíbas para uma nova governação global. Só assim se poderá alcançar "uma nova arquitectura financeira" que previna crises como a actual, sublinha um dos 44 pontos da resolução final. Este novo desenho deve ter em "especial atenção o impacto social e económico das crises, especialmente nos países em desenvolvimento".

"Conseguimos resultados mas, francamente, creio que não são suficientes", lamentou o Presidente do Chile. Piñera destacou que entre os grandes desafios está "conseguir um crescimento inteligente, sustentado e inclusivo, capaz de derrotar a pobreza". Para conseguir estes objectivos, o Presidente do Chile exigiu novos instrumentos. "Não estamos a operar com instituições do século XXI", considerou, referindo a necessidade de mudanças no Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e Nações Unidas. Só assim, disse o líder chileno, os países poderão "andar a outro ritmo e a outra velocidade", uma meta, disse, que comparte com o Presidente francês Nicolas Sarkozy.

A declaração final da VI cimeira da UE, América Latina e Caraíbas aborda vários pontos: luta contra as mudanças climáticas, combate ao terrorismo e aos crimes contra a Humanidade, apoio ao desarmamento nuclear e eliminação da discriminação contra a mulher. Não há uma referência explícita às políticas de emigração, vivamente criticadas por Cristina Fernández Kirchner, Presidente da Argentina: "Vemos com preocupação o tratamento discriminatório dos emigrantes nos países desenvolvidos". Por seu lado, os países do UE não abdicaram da diferença entre emigrantes legais e ilegais. "Não esquecemos os emigrantes afectados pela crise", prometeu o anfitrião Rodriguez Zapatero no final da cimeira.