25.10.10

Preços do leite básico e da carne vão aumentar

Vírgina Alves, in Jornal de Notícias

Para 2011, os portugueses podem contar com prováveis aumentos do leite básico e da carne. Além dos produtos cujo valor do IVA vai ser alterado de 6 e 13 para 23%, aqueles que já estão à taxa máxima (21%) passarão a somar mais dois pontos. Nada escapa.

Nos diferentes sectores, a expectativa é só uma: "que na aprovação do Orçamento de Estado de 2011 sejam incluídas medidas que evitem o agravamento do IVA". Sem essa expectativa, uns admitem que os preços irão subir, outros, como o presidente da Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Carlos Santos, dizem mesmo "que é impossível aumentar o pão, mesmo com os cereais a subirem desde Julho, porque o consumo está a cair cada vez mais e vamos ver muitas pessoas a passarem fome".

Para os produtos que o Governo não decidiu aplicar uma nova taxa de IVA, como o leite básico, que se irá manter a 6%, não é líquido que este não suba o preço, como explicou, ao JN, o presidente da Associação de Lacticínios, Pedro Pimentel.

"As margens que as empresas conseguiam obter com os produtos enriquecidos permitiam manter a preços muito baixos os produtos básicos, mas com a diminuição dessa margem será difícil manter os mesmos padrões".

Além disso, acrescentou, "uma medida destas vai travar a inovação no sector".

Subida natural na carne

A carne também poderá custar mais no próximo ano, mas por razões diferentes. As associações de bovinicultores, suinicultores e avicultores falam do aumento dos custos de produção no último ano que não tem sido reflectido no preço ao consumidor.

"É natural que suba o preço para fazer face a uma parte da subida dos custos", adiantou Pedro Espadinha.

Para Manuel Limas, responsável pela associação dos avicultores, os preços também deverão aumentar, uma vez que "o sector já está a atravessar dificuldades financeiras".

Do lado dos representantes dos suinicultores, Luís Dias diz que "a resistência financeira está a acabar", lembrando que Portugal já importa 50% do que consome e há anos que não há projectos para novas explorações".

As contas ao custo de vida não são fáceis de equilibrar, porque é sempre a somar no valor dos bens (ver mais na caixa ao lado) e a reduzir no dinheiro em carteira, uma vez que a partir de Janeiro os salários vão descer com o aumento do desconto dos trabalhadores para a Segurança Social (2,2%) e os funcionários públicos descontam mais entre 3,5 e 10% nas remunerações.

Do outro lado estão as subidas de preços e tudo junto pode sobrecarregar o orçamento de qualquer família (ver reportagem ao lado).