29.10.10

Saída de 200 precários põe em risco o apoio a toxicodependentes

in Jornal de Notícias

A saída de 200 trabalhadores precários do Instituto da Droga e da Toxicodependência vai dificultar a "resposta de proximidade", segundo o seu presidente. O Ministério da Saúde diz que o instituto deve apostar nas parcerias.

A saída de cerca de 200 trabalhadores foi confirmada à Agência Lusa por João Goulão, presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), que enquadrou a medida nas "novas regras de gestão na administração pública de limitação à existência destas contratações".

João Goulão lembrou que, desde 2002, quando foi criado o IDT, que resultou da fusão de dois organismos da luta contra a droga, nunca existiu um mapa de pessoal. "Nunca tivemos a hipótese de fazer um concurso e admitir técnicos para o nosso mapa de pessoal, porque nunca foi autorizado", disse.

O resultado deste impedimento foi o recurso a "figuras de contratação mais ou menos temporária" que se têm dedicado à resposta à toxicodependência em Portugal, apostando numa intervenção de proximidade.

É precisamente essa aposta na proximidade - "que nos tem permitido obter bons resultados ao nível da toxicodependência e também no alcoolismo" - que pode estar em causa com a saída destes trabalhadores.

"Com a saída destas pessoas deixaremos de ter a capacidade de assegurar estas respostas à porta dos nossos utentes. Isso vai implicar um esforço acrescido para nós e para eles", sublinhou João Goulão.

O presidente do IDT reconhece que o organismo não deverá continuar a ser "tão proactivo e a fazer uma busca tão activa de novos clientes para os serviços", mas admite que a situação ainda não é catastrófica.

João Goulão receia, contudo, que uma das consequências desta situação seja o abandono dos tratamentos da parte de alguns toxicodependentes.

IDT deve apostar nas parcerias

O Ministério da Saúde considera que o IDT pode apostar nas parcerias com os cuidados primários e o sector social para evitar que uma "eventual redução de efetivos" diminua a sua "capacidade de resposta".

"O Ministério da Saúde confia na capacidade do IDT e dos seus profissionais de realizarem ajustamentos necessários para que a uma eventual redução de efetivos não corresponda a diminuição da capacidade de resposta e de atendimento do instituto", lê-se num comunicado da tutela.