29.10.10

Só seis sectores escapam ao desemprego

por Carla Aguiar, in Diário de Notícias

Indústrias de informática e cortiça estão a contratar. Mas só dois grupos de profissões não aumentaram desempregados.

Só seis sectores de actividade estão a escapar ao agravamento generalizado do desemprego, que afectava cerca de 556 mil portugueses em Setembro. São essencialmente indústrias exportadoras, como a fabricação de têxteis, em primeiro lugar, de "equipamento informático, eléctrico e máquinas" e, em segundo, os serviços, indústria da madeira e da cortiça, produtos minerais não metálicos e o grupo dos produtos petrolíferos, químicos e farmacêuticos. Segundo os últimos dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional, estes sectores registaram, em Setembro, reduções no desemprego entre 10 e 3%, por ordem descrescente, face ao período homólogo.

"Apesar de serem áreas com um peso relativamente baixo no emprego, dão alguns sinais de esperança, pois são actividades de valor acrescentado, em que o emprego está a crescer, e vocacionadas para a exportação, que é por onde a nossa economia tem de crescer", disse ao DN o secretário de Estado do Emprego, Valter Lemos.

Na análise das profissões, só dois grupos divergem da regra de aprofundamento do desemprego. Em primeiro lugar, os "operadores de máquinas e trabalhadores de montagem" e, depois, os trabalhadores que pertencem ao grupo dos "mecânicos de precisão, vidreiros e artes gráficas".

Valter Marques considera que as oportunidades de criação de emprego num futuro próximo - ainda em cenário de baixo crescimento económico - estarão mais ligadas às tecnologias e aos chamados green jobs, relacionados com o ambiente e as energias renováveis. No extremo oposto, "temos de nos habituar à ideia de que a indústria automóvel europeia vai ser deslocalizada para o Oriente", diz. Valter Lemos aponta a construção como uma das áreas que mais estão a ressentir-se, e que não deverão sair tão cedo da crise, e algumas áreas do têxtil.

Quanto às ofertas de emprego que chegam aos centros do IEFP, o maior crescimento da procura orientou-se para o pessoal do alojamento, restauração e serviços (+18%), seguido pelo comércio por grosso e de retalho (10,4%), vestuário (5,5%) e indústria metalúrgica de base. Quanto às colocações, o maior aumento, de 30%, foi para o pessoal dos serviços, de protecção e segurança. Seguiram-se os operários e artífices e os operadores de máquinas, em linha com a evolução dos sectores.

Em Setembro, os números do desemprego registaram uma quebra de 5,5% na indústria da madeira e da cortiça face ao mês anterior e de 9,8% no fabrico de têxteis.