21.3.11

Presidente da CIP diz que apresentação de novas medidas do PEC foi “inoportuna”

in Público on-line

O presidente da CIP, António Saraiva, defende que a apresentação das novas medidas de austeridade foi “um pouco atabalhoada” e “inoportuna”, admitindo a possibilidade de serem criadas condições para que os parceiros sociais cheguem a acordo. A CIP, juntamente com os restantes parceiros sociais, vai ser ouvida na terça-feira em concertação social.

António Saraiva disse à Lusa que a apresentação do novo pacote de medidas de austeridade, no âmbito do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), “foi um pouco atabalhoada” e “um pouco inoportuna” em termos de calendário.

“Percebo que o Governo tenha necessidade de levar a Bruxelas este conjunto de medidas, mas acho que elas deviam ter sido melhor reflectidas. Acho que, mais uma vez, o Governo poderia ter reflectido melhor antes da apresentação, que provocou esta antecâmara de crise política em que nos encontramos”, afirmou.

Nos últimos dias, Governo e o PSD, principal partido da Oposição, têm protagonizado uma troca de acusações quanto a eventuais compromissos já assumidos por Portugal junto dos parceiros europeus sobre o novo conjunto de medidas de austeridade para assegurar as metas do défice de três por cento em 2012 e dois por cento em 2013.

O presidente da CIP afirmou que “a situação a que o país chegou é, de facto, complicada, extraordinária” e exige “medidas extraordinárias”, mas sublinhou que a confederação gostaria “que as medidas tivessem sido mais estruturas, melhor pensadas e com um calendário de comunicação mais oportuno”.

António Saraiva defendeu a necessidade de existir um “amplo pacto” para o crescimento e emprego, que deve ser “multipartidário”.

Questionado sobre um possível acordo tripartido em concertação social, o presidente da CIP afirmou: “Admito que se venham a criar condições para que, pelo menos em termos dos parceiros sociais, possamos ter esse sinal de entendimento”.

Disse ainda esperar que, se este acordo for alcançado, “os partidos leiam esta vontade e possam promover com razoabilidade e bom senso um acordo de espectro mais amplo”.

As novas medidas de austeridade foram anunciadas no dia 11 de março, ao mesmo tempo que decorria uma reunião de concertação social, em que estavam a ser discutidas algumas delas, nomeadamente a redução dos valores das indemnizações por despedimento.

Na altura, os parceiros sociais mostraram-se supreendidos com o anúncio das novas medidas de austeridade pelo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.