28.11.11

OCDE antecipa a pior recessão e desemprego para Portugal em 2012

Por Ana Rita Faria, in Público on-line

No próximo ano, a economia portuguesa deverá contrair 3,2%, antecipa a OCDE. Esta é a pior previsão feita por uma organização internacional até à data. A taxa de desemprego vai subir mais do que o previsto e ultrapassar ao 14% em 2013.

No seu Economic Outlook (relatório sobre perspectivas económicas), hoje divulgado, a Organização para a Cooperação e do Desenvolvimento Económico (OCDE) antecipa a pior recessão para Portugal. Em 2012, a economia nacional deverá recuar 3,2%, mais do que os 3% admitidos pelo Governo e pela troika.

A taxa de desemprego prevista pela OCDE para 2012 é, também, pior do que estima o Governo e a troika. A organização projecta que o número de pessoas desempregadas atinja, no próximo ano, os 13,8% da população activa, enquanto o Governo aponta para 13,4% e a Comissão Europeia (CE) para 13,6%.

Do mesmo modo, em 2013, a OCDE prevê que o desemprego volte a aumentar, para um máximo histórico de 14,2%, enquanto Bruxelas admite uma subida ligeira para os 13,7%. Quanto ao Governo, antecipa que, dentro de dois anos, a taxa de desemprego já esteja a descer, fixando-se nos 13%.

Na proposta do Orçamento do Estado (OE) de 2012, o Governo aponta para uma contracção económica de 2,8% no próximo ano, mas, recentemente, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, veio já admitir que a recessão deverá ser pior do que o esperado, alinhando as suas previsões com as da CE, que aponta para um recuo do PIB de 3%.

Agora, é a vez de a OCDE apresentar uma previsão ainda pior, na sequência das sucessivas revisões em baixa das perspectivas de crescimento da zona euro, onde se concentram a grande maioria das exportações nacionais.

Além disso, a organização está também mais pessimista do que o Governo e a troika quanto à recuperação da economia portuguesa depois de 2012. Nas previsões da OCDE, o PIB nacional deverá crescer apenas 0,5% em 2013. A Comissão Europeia está a antecipar o dobro do crescimento (1,1%) e o Governo também (1,2%).

Só nas metas do défice parece haver correspondência entre as previsões da OCDE e as da troika. Em linha com o que está traçado no programa de assistência financeira, Portugal deverá chegar ao final deste ano com um défice de 5,9% e de 4,5% no próximo ano. Em 2013, o défice orçamental descerá para 3%, dentro dos limites de Bruxelas.

Riscos negativos prevalecem

A OCDE alerta ainda que permanecem vários riscos negativos no horizonte, o que poderá levar a uma revisão em baixa destas projecções. “A forte deterioração das condições globais e os efeitos mais negativos do que o previsto da consolidação orçamental na procura poderão levar a uma contracção mais pronunciada da actividade económica”, avisa a instituição sedeada em Paris.

A OCDE deixa ainda outro alerta: “Mais más notícias do lado orçamental podem vir a enfraquecer a confiança”, numa referência ao desvio detectado nas contas públicas deste ano, que obrigou a medidas extraordinárias – como o imposto equivalente a um corte o subsídio de natal e a transferência do fundo de pensões da banca para o Estado – para atingir a meta do défice de 5,9% do PIB.

A este respeito, a OCDE recorda o Governo de que terão de ser tomadas medidas para compensar a eliminação dos subsídios de férias e de natal dos funcionários públicos e pensionistas, em 2012 e 2013, quando esta deixar de se aplicar.

“Para sustentar o esforço de consolidação no médio prazo, reformas estruturais na administração pública devem ser implementadas para aumentar a sua eficiência e capacidade de atrair funcionários altamente qualificados”, refere a instituição.