29.11.11

Voluntariado em Portugal é metade da média europeia

in Diário Digital

O voluntariado em Portugal atinge valores de envolvimento «bastante reduzidos», na ordem dos 12 por cento, face à média europeia de 24 por cento, mas há um aumento significativo da participação em campanhas pontuais, aponta um estudo inédito.

A investigação «Voluntariado em Portugal», a que a agência Lusa teve hoje acesso, realça que, na última década, se assistiu na União Europeia (UE) a «um aumento quer do número de voluntários, quer do número de organizações promotoras do voluntariado».

«Estima-se que, na UE, estejam envolvidos no voluntariado entre 92 a 94 milhões de adultos, o que representa cerca de 23 a 24 por cento da população», refere o documento.

Os “maiores níveis de envolvimento” são no norte da Europa, em países como a Holanda e a Suécia (cerca de 40 por cento), o que “contrasta fortemente” com a realidade dos países do sul da Europa, como Portugal, Espanha e Itália, “onde os níveis de envolvimento são pouco superiores a 10 por cento”.
Em Portugal, a participação tem “valores bastante reduzidos”, na ordem dos 12 por cento, indica o estudo, que refere a “ausência de uma cultura de voluntariado” no país.

“A percentagem da população que faz voluntariado pelo menos uma vez por mês é de 2,9 por cento no caso do voluntariado formal, de 6,1 por cento no voluntariado informal (não integrado numa organização) e de apenas 2,2 por cento relativamente à entreajuda comunitária (voluntariado de proximidade)”, apontam.

Apesar destas fragilidades, acrescentam os investigadores, o país apresenta “alguns dinamismos interessantes” de mobilização, sobretudo em situações esporádicas.

“Observa-se um aumento significativo da participação de voluntários em campanhas pontuais”, de que são exemplo as “recolhas de alimentos do Banco Alimentar” e a “Campanha Limpar Portugal”.

Quanto às áreas de intervenção, o voluntariado em Portugal, como no sul da Europa, é virado para os serviços sociais (36 por cento), sendo o valor respeitante à área cultural “bastante reduzido”, o que “contraria a realidade europeia”.

A investigação incluiu um estudo de caso sobre Évora, cujos resultados englobam “um conjunto de desafios ao voluntariado, que passam pela promoção, formação e acompanhamento dos voluntários”.

É sugerida a definição de estratégias locais que tenham em atenção as necessidades de voluntários, beneficiários e organizações e que considerem também as motivações, que não são apenas coletivas e altruístas, já que 30 por cento assenta em valores individuais.

O estudo constatou que 40 por cento dos voluntários inquiridos nunca recebeu qualquer formação, mas 79,7 por cento considera tratar-se de “um recurso essencial”.

Um total de 86 por cento dos inquiridos referiu igualmente como “importante e necessário” o acompanhamento e avaliação do voluntariado.

Diário Digital / Lusa