5.1.15

Presidente de câmara nega sepultura a criança cigana em França

por B.C., in Diário de Notícias

Menina tinha dois meses e foi vítima de morte súbita. Presidente da Câmara alega que cemitério de Champlan, sul de Paris, está a ficar sem espaço e prioridade é para quem paga impostos.

A criança, Maria Francesca, tinha nascido no passado mês de outubro e morreu no dia de Natal, vítima de síndrome de morte súbita infantil. Mas a família, de etnia cigana, viu ser-lhe negado o funeral no cemitério de Champlan, a sul de Paris, porque o presidente do município, Christian Leclerc, alegou que a prioridade tem de ser dada aos cidadãos que pagam impostos.

Ao jornal francês Le Parisien, o responsável justificou a decisão dizendo que a cidade está a ficar sem espaço no cemitério para mais sepulturas e, portanto, os residentes, que pagam os impostos, teriam de vir em primeiro lugar.

Perante a recusa, o presidente da câmara de Wissous, Richard Trinquier, localidade próxima de Champlan, ofereceu à família um local para sepultar a criança, classificando de "incompreensível" a decisão de Leclerc. A família de ciganos roma vivia num acampamento em Champlan.

Ativistas franceses já se pronunciaram em solidariedade com a família cigana, considerando a decisão das autoridades locais como um caso de racismo, xenofobia e estigmatização.

A criança deverá ser sepultada amanhã, segunda-feira, em Wissous.

As comunidades de ciganos roma que vivem em França, vindos da Europa de leste, têm sido motivo de amplos debates e disputas no país, que tem uma das mais duras políticas na Europa no que diz respeito aos imigrantes de etnia cigana: os acampamentos em que vivem são frequentemente demolidos e milhares de ciganos roma são expatriados todos os anos.