2.2.15

Cáritas reitera necessidade de plano estratégico de luta contra a pobreza

in iOnline

O presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, insistiu hoje na necessidade de um plano estratégico de luta contra a pobreza no país, defendendo o envolvimento de vários ministérios na sua concretização.

“É urgente fazer-se alguma coisa e não é com medidas paliativas. É urgente um plano estratégico de luta contra a pobreza em Portugal que não pode estar só na praça de Londres [sede do ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social]”, disse aos jornalistas Eugénio Fonseca, em Fátima, distrito de Santarém.

Eugénio Fonseca comentava os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) que na sexta-feira revelavam que o risco de pobreza continuou a aumentar em Portugal em 2013, afectando já quase dois milhões de portugueses.

Para o responsável, não é apenas o ministério tutelado por Pedro Mota Soares que “tem a responsabilidade da luta contra a pobreza”, mas também a Economia, a Educação, a Justiça e as Finanças.

“Portanto, todo este plano estratégico devia ser coordenado ao mais alto nível pelo gabinete do próprio senhor primeiro-ministro”, adiantou o presidente da Cáritas Portuguesa, defendendo neste processo “uma ligação de grande co-responsabilidade da sociedade civil”.

Segundo os dados do INE, 19,5% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2013 face aos 18,7% do ano anterior, apesar de ter existido um aumento dos apoios sociais às situações de doença e incapacidade, família ou desemprego.

Para o presidente da Cáritas Portuguesa, “é verdade que há crescimento económico em Portugal, mas é para a macroeconomia, não é para as economias familiares que continuam empobrecidas”.

“E era preciso efectivamente que essa esperança tão apregoada nos últimos tempos que não fosse contradita por esses números que, como sempre, não são reais”, declarou, observando que se reportam a 2013 e “não é possível” estar a “medir-se a pobreza com quase dois anos de distância”.

A este propósito, Eugénio Fonseca recordou que no relatório da Cáritas Europa “já se apontava o ano passado para cerca de dois milhões e 750 mil portugueses em risco de pobreza”.

O presidente da Cáritas Portuguesa considerou que “não há melhor forma de lutar contra a pobreza senão por via da educação e por via da autonomia financeira e económica”.

“Isso faz-se criando mais postos de trabalho, mas com dignidade, com salários dignos, porque há pessoas que não estão desempregadas mas estão empobrecidas porque os salários não chegam para satisfazer os encargos para a sua digna subsistência”, defendeu.