9.4.15

Programa para Agressores de Violência Doméstica reabilitou 652 homens

in RR

A maioria dos homens envolvidos neste crime vive sozinho, sem relação fixa. Só 20% vivem com a vítima. Programa de reabilitação prevê uma intervenção faseada até que o arguido reconheça que o que fez está errado.

A Direcção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) acompanhou, no último ano, mais de 3.300 casos relacionados com a violência doméstica e aplicou o Programa para Agressores de Violência Doméstica (PAVD) para reabilitar 652 deles.

O PAVD existe há seis anos e, nesta altura, é frequentado por arguidos dos 18 (o mais jovem) aos 83 anos (o mais velho).

“Não temos tanta gente nas idades mais baixas. Onde estão mais acumulados é nos 31-60 anos”, diz à Renascença a técnica de técnica de reinserção social e coordenadora do PAVD, Paula Carvalheira.

A maioria dos casos está ligada à violência física, psicológica e de isolamento da vítima e, ao contrário do que se possa pensar, a questão económica não tem muita relevância. “Não. O que nos chega tem muito mais a ver com as relações disfuncionais e com as necessidades que os sujeitos têm de ultrapassar fragilidades pessoais e depois utilizam o provérbio da melhor defesa é o ataque”, explica Paula Carvalheira.

A violência conjugal é um crime com números elevados, pelo que há cada vez mais homens a necessitar de intervenção. Mas os técnicos não chegam para tudo.

“Estamos com muito poucos recursos humanos. Todos os nossos técnicos estão com uma taxa de execução muito acima daquilo que seria recomendável. No total, até final de 2014 tínhamos 188 técnicos especializados nas várias fases do programa. Este ano, estamos a capacitar mais 64 técnicos e não são suficientes”, indica a coordenadora do programa.

No total, são agora 252 os técnicos que, de norte a sul do país, trabalham para reabilitar os agressores de violência doméstica.

O PAVD arrancou em 2009 na zona Norte e tem vindo a ser estendido ao Centro e Sul do país.

Com uma duração mínima de 18 meses, o programa prevê uma intervenção individual até que o arguido reconheça que o que fez está errado. Passa depois a uma fase de grupo – 20 sessões onde aprende técnicas de contenção, a desconstruir estereótipos e a respeitar valores, entre outras questões.

A frequência do curso suspende os casos judiciais em que os arguidos estão envolvidos. O PAVD pode servir também como complemento a uma condenação a ser cumprida em liberdade.