24.10.18

Cáritas. Orçamento de Estado devia ter medida anti-pobreza

José Carlos Silva, in RR

Em entrevista à Renascença, o presidente da Cáritas afirma que mesmo com o emprego a aumentar, e a pobreza a cair, agrava-se a situação dos mais pobres dos pobres.

O presidente da Cáritas, Eugénio da Fonseca, afirma que falta ao Orçamento de Estado medidas anti-pobreza, afirmando que é um paradoxo que num ciclo de crescimento económico estarem a crescer o número de pessoas que recorre ao Rendimento Social de Inserção (RSI).

Eugénio da Fonseca cavalga os mais recentes números do Instituto da Segurança Social para lançar o apelo ao governo: "Tem de tomar medidas".

Os dados mostram que os beneficiários do Rendimento Social de Inserção aumentaram em 15 mil pessoas em apenas um ano.

"Sem prejudicar o aumento das pensões de reforma, os abonos de família, a revisão do IRS em algumas situações, devia haver também uma medida orçamental específica para o combate à pobreza", concretiza.

O Presidente da Cáritas Portuguesa diz ser fundamental a execução de "programas que ajudassem a eliminar as situações estruturais de pobreza em que algumas pessoas se encontram".
Para Eugénio da Fonseca o crescimento do número de beneficiários do RSI "é um paradoxo".

O RSI destina-se a situações de pobreza mais gravosas. É dirigida a pessoas sem recursos, que efetivamente são aqueles que permanecem na pobreza de forma mais persistente e mais profunda, porque não chegam a ter rendimentos para fazer face às necessidades mais básicas da sua subsistência.

Este responsável duvida da realidade de alguns números como os que apontam para o aumento do emprego.

Afirma ter reservas porque “os padrões que fazem medir a pobreza contam com um vetor fundamental que é a mediana do PIB de cada país, mas depois há outros vetores que não são tidos em conta como a questão do emprego precário, porque efetivamente as estatísticas apontam para um aumento do emprego, mas não dizem quanto tempo as pessoas permanecem nesse emprego."

Eugénio da Fonseca argumenta ainda que se o emprego aumentou, também cresceram os encargos com a habitação e os impostos indiretos que as pessoas no dia a dia não notam, mas que depois, no fim do mês, têm implicações no orçamento.