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30.6.21

Pobreza persistente atingia 12,5% da população antes da pandemia

Fátima Ferrão, in Expresso


O risco de pobreza é superior entre os desempregados, nas famílias monoparentais e em indivíduos menos escolarizados

Desemprego e escolaridade são determinantes no risco de pobreza, sendo que nas famílias com menores rendimentos existe uma maior dificuldade em aceder à educação superior, aos cuidados de saúde e à habitação, revela o relatório ‘Portugal, balanço social 2020’, que será apresentado esta quinta—feira na conferência Janela da Esperança. A iniciativa, que junta a SIC Esperança com a Fundação Gulbenkian, Fundação La Caixa e BPI, pode ser acompanhada no Facebook do Expresso, a partir das 16 horas

Antes do impacto da covid-19 na economia, nos negócios e, consequentemente, nos bolsos dos portugueses, o país já apresentava indicadores de pobreza e níveis de desigualdade acima da média europeia. Apesar de uma ligeira descida entre 2008 e 2019, Portugal continuava a contar com uma taxa de risco de pobreza de 17,2% (era de 18,5% na década anterior), acima da média europeia que se situava, à data, nos 16,5%, mas abaixo de outros países da Europa do Sul, como Espanha ou Itália.

Estas são algumas das evidências do relatório ‘Portugal, balanço social 2020: um retrato de um país e dos efeitos da pandemia’, coordenado por Susana Peralta, investigadora científica na Nova School of Business & Economics, que procurou traçar um retrato socioeconómico das famílias portuguesas e facultar uma base de discussão transversal sobre as situações de pobreza e exclusão social no país. O documento descreve situações em relação ao rendimento, mas aborda também as diferenças de situação laboral, acesso à educação e saúde, condições de habitação e participação social e política.

Deste retrato destaca-se a probabilidade de o risco de pobreza ser superior entre os desempregados, nas famílias monoparentais e em indivíduos menos escolarizados, que mais frequentemente surgem entre o grupo de pessoas em contexto de pobreza persistente. Ou seja, quando os seus níveis de rendimentos, ou a inexistência dos mesmos, os colocam abaixo do limiar da pobreza durante vários anos consecutivos. Isto acontece, por exemplo, a 4,5% da população trabalhadora, percentagem que sobe para os 22,5% no grupo dos desempregados.

“Em 2020, com o impacto da pandemia, o aumento de novos inscritos nos centros de emprego ocorreu, maioritariamente, nos jovens até aos 34 anos, que antes trabalhavam como falsos independentes ou com contratos a prazo, e que são também os menos protegidos do risco de pobreza”, disse ao Expresso Susana Peralta, coordenadora do relatório

A taxa de pobreza não é, contudo, idêntica em todas as regiões do país. De acordo com os dados de 2019, o Algarve era a zona do território continental com uma taxa de risco de pobreza mais elevada (18,8%). Já os Açores eram, no mesmo período, a região com maiores desigualdades e uma taxa de risco de pobreza de 31,8%.

Por outro lado, os rendimentos condicionam as famílias, quer no acesso a uma habitação condigna, quer no acesso aos cuidados de saúde ou à educação superior. O relatório revela ainda que, em 2019, 22,3% destas famílias não conseguiram ir ao dentista e que apenas 10% completaram os estudos superiores.


11,4%

dos cidadãos empregados são pobres. Apesar de terem uma relação ativa com o mercado de trabalho são, em grande parte das situações, remunerados ao nível do salário mínimo ou inferior


JANELA DE ESPERANÇA


O que é?

É o primeiro projeto editorial que pretende divulgar as iniciativas mais relevantes do terceiro sector, mostrando e reconhecendo publicamente as instituições, as personalidades e os beneficiários das mesmas.

Quando, onde e a que horas?


Dia 1 de julho, quinta-feira, das 16 às 17 horas no Facebook do Expresso

Quem são os oradores?
Susana Peralta, Professora de economia na Nova SBE
Ricardo Reis, Economista
António Brito Guterres, investigador em desenvolvimento urbano

Porque é que este tema e debate são centrais?

A pandemia veio acentuar as desigualdades e contribuir para o aumento dos níveis de pobreza em Portugal. É fundamental conhecer o retrato do país com vista a promover o debate sobre estas situações de exclusão no país.

Como posso ver?

Pode assistir através da página de Facebook do Expresso.

19.4.21

Resposta a impactos da pandemia "não virá" das imposições da UE

in o Observador

O secretário-geral Jerónimo de Sousa defendeu hoje que "a resposta" para os "impactos" causados pela pandemia de covid-19 em Portugal "não virá" das "imposições" da União Europeia.

O secretário-geral do PCP defendeu este domingo que “a resposta” para os “impactos” causados pela pandemia de covid-19 em Portugal “não virá” das “imposições” da União Europeia, nomeadamente do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), afirmou Jerónimo de Sousa.

“A recuperação dos impactos da epidemia na saúde, educação, tecido económico e na cultura, requer uma resposta audaz que urge e uma definição de prioridades e critérios que terá de privilegiar o interesse dos trabalhadores, do povo e do País”, afirmou Jerónimo de Sousa em Grândola, no distrito de Setúbal.

Essa resposta “não virá, como nunca veio, nem das imposições, nem dos critérios e orientações da União Europeia, incluindo do chamado Plano de Recuperação e Resiliência que o Governo apresenta como grande solução”, observou.

O secretário-geral do PCP discursava, na Praça da Liberdade, em Grândola, para uma plateia composta por cerca de duzentas pessoas, numa sessão que serviu para assinalar os 47 anos do 25 de Abril, organizada pela Direção Regional do Alentejo do PCP.

“A resposta necessária requer a mobilização de todos os recursos disponíveis — do Orçamento do Estado aos fundos comunitários ou a outras formas de financiamento — subordinada a uma estratégia de desenvolvimento soberano, que rejeite novos espartilhos decorrentes do euro contrários ao desenvolvimento do País”, reforçou.

De acordo com o líder do PCP “enquanto a pobreza e o universo dos mais de dois milhões de pobres se alarga neste último ano de covid-19, milhares de trabalhadores são confrontados com o desemprego e vêm regredir as remunerações do seu trabalho”, as contas nacionais de 2020, mostram que “os dividendos dos acionistas dos grupos económicos não param de subir”.

“São estes mesmos que aparecem, através das suas grandes confederações, a reivindicar a prioridade de acesso aos milhões da tal bazuca”, criticou.

Durante a sua intervenção, em frente ao memorial ao 25 de Abril, onde depositou uma coroa de flores, o líder comunista, abordou também os casos de corrupção em Portugal, especificamente, a Operação Marquês.

“Muitos dos problemas de corrupção que justamente indignam o nosso povo, e que agora se expressam também à volta do caso judicial conhecido como Operação Marquês, têm no processo da restauração capitalista e monopolista privatizadora as suas verdadeiras causas”, apontou.

Para Jerónimo de Sousa, “alguns dos que promoveram e defendem tais políticas e tais práticas, aparecem hoje com um discurso hipócrita de falsa indignação, a anunciar que o regime está doente”.

“Responsabilizam o regime para limparem as suas responsabilidades políticas, mas essencialmente para continuar a dar força a um projeto de liquidação do regime democrático e de subversão da constituição que nunca abandonaram”, acrescentou.

Na intervenção que visou assinalar os 47 anos do 25 de Abril o líder comunista referiu-se também aos valores que foram conquistados e aos ideais que permanecem na memória do povo, sublinhando que a revolução “é património do povo e património do futuro”.

HYN // HB

Lusa/Fim