O risco de pobreza é superior entre os desempregados, nas famílias monoparentais e em indivíduos menos escolarizados
Desemprego e escolaridade são determinantes no risco de pobreza, sendo que nas famílias com menores rendimentos existe uma maior dificuldade em aceder à educação superior, aos cuidados de saúde e à habitação, revela o relatório ‘Portugal, balanço social 2020’, que será apresentado esta quinta—feira na conferência Janela da Esperança. A iniciativa, que junta a SIC Esperança com a Fundação Gulbenkian, Fundação La Caixa e BPI, pode ser acompanhada no Facebook do Expresso, a partir das 16 horas
Antes do impacto da covid-19 na economia, nos negócios e, consequentemente, nos bolsos dos portugueses, o país já apresentava indicadores de pobreza e níveis de desigualdade acima da média europeia. Apesar de uma ligeira descida entre 2008 e 2019, Portugal continuava a contar com uma taxa de risco de pobreza de 17,2% (era de 18,5% na década anterior), acima da média europeia que se situava, à data, nos 16,5%, mas abaixo de outros países da Europa do Sul, como Espanha ou Itália.
Estas são algumas das evidências do relatório ‘Portugal, balanço social 2020: um retrato de um país e dos efeitos da pandemia’, coordenado por Susana Peralta, investigadora científica na Nova School of Business & Economics, que procurou traçar um retrato socioeconómico das famílias portuguesas e facultar uma base de discussão transversal sobre as situações de pobreza e exclusão social no país. O documento descreve situações em relação ao rendimento, mas aborda também as diferenças de situação laboral, acesso à educação e saúde, condições de habitação e participação social e política.
Deste retrato destaca-se a probabilidade de o risco de pobreza ser superior entre os desempregados, nas famílias monoparentais e em indivíduos menos escolarizados, que mais frequentemente surgem entre o grupo de pessoas em contexto de pobreza persistente. Ou seja, quando os seus níveis de rendimentos, ou a inexistência dos mesmos, os colocam abaixo do limiar da pobreza durante vários anos consecutivos. Isto acontece, por exemplo, a 4,5% da população trabalhadora, percentagem que sobe para os 22,5% no grupo dos desempregados.
“Em 2020, com o impacto da pandemia, o aumento de novos inscritos nos centros de emprego ocorreu, maioritariamente, nos jovens até aos 34 anos, que antes trabalhavam como falsos independentes ou com contratos a prazo, e que são também os menos protegidos do risco de pobreza”, disse ao Expresso Susana Peralta, coordenadora do relatório
A taxa de pobreza não é, contudo, idêntica em todas as regiões do país. De acordo com os dados de 2019, o Algarve era a zona do território continental com uma taxa de risco de pobreza mais elevada (18,8%). Já os Açores eram, no mesmo período, a região com maiores desigualdades e uma taxa de risco de pobreza de 31,8%.
Por outro lado, os rendimentos condicionam as famílias, quer no acesso a uma habitação condigna, quer no acesso aos cuidados de saúde ou à educação superior. O relatório revela ainda que, em 2019, 22,3% destas famílias não conseguiram ir ao dentista e que apenas 10% completaram os estudos superiores.
11,4%
dos cidadãos empregados são pobres. Apesar de terem uma relação ativa com o mercado de trabalho são, em grande parte das situações, remunerados ao nível do salário mínimo ou inferior
JANELA DE ESPERANÇA
O que é?
É o primeiro projeto editorial que pretende divulgar as iniciativas mais relevantes do terceiro sector, mostrando e reconhecendo publicamente as instituições, as personalidades e os beneficiários das mesmas.
Quando, onde e a que horas?
Dia 1 de julho, quinta-feira, das 16 às 17 horas no Facebook do Expresso
Quem são os oradores?
Susana Peralta, Professora de economia na Nova SBE
Ricardo Reis, Economista
António Brito Guterres, investigador em desenvolvimento urbano
Porque é que este tema e debate são centrais?
A pandemia veio acentuar as desigualdades e contribuir para o aumento dos níveis de pobreza em Portugal. É fundamental conhecer o retrato do país com vista a promover o debate sobre estas situações de exclusão no país.
Como posso ver?
Pode assistir através da página de Facebook do Expresso.