28.6.21

UE não deve voltar às regras pré-pandemia, avisa o BCE

Isabel Patrício, in EcoOnline

"Um regresso das políticas macroeconómicas ao status quo pré-pandémico seria uma oportunidade perdida", defende Fabio Panetta, membro da Comissão Executiva do BCE.

Um retorno às políticas macroeconómicas que existiam antes da pandemia de coronavírus seria uma “oportunidade perdida“. Quem o diz é Fabio Panetta, membro da Comissão Executiva do Banco Central Europeu (BCE), que, citado pela Bloomberg, propõe uma estratégia marcada por um grau “inconvencional” de flexibilidade para manter os custos de financiamento baixos até que os gastos dos Governos puxem pela inflação.

“Seria um erro” Pacto de Estabilidade regressar sem mudanças

Fabio Panetta apela a que os Governos reconheçam que os atuais estímulos orçamentais e monetários são “claramente superiores” ao cenário pré-pandémico, altura em que os líderes estavam concentrados sobretudo na redução da dívida. Assim, o responsável diz considerar que “um regresso das políticas macroeconómicas ao status quo pré-pandémico seria uma oportunidade perdida”. “Devemos reconhecer que o que víamos como inconvencional no passado é agora convencional”, atirou o mesmo, na VI Conferência dos Bancos Centrais do Mediterrâneo.

Também o Comissário Europeu da Economia, Paolo Gentiloni, tem defendido essa perspetiva, sublinhando que as regras orçamentais do bloco comunitário devem der “realistas” ou “não serão aplicáveis”. O responsável acrescentou ainda que a Comissão Europeia irá rever, este outono, o Pacto de Estabilidade e Crescimento.

De notar que essas regras orçamentais foram suspensas face ao impacto da pandemia nas economias europeias, o que tem permitido aos países da União Europeia gastarem o que precisam, sem se preocuparem com o incumprimento do referido pacto.

Por outro lado, Fabio Panetta fez questão de salientar que as economias têm recuperado à boleia do recuo dos casos de Covid-19 e do levantamento das restrições, mas o futuro permanece incerto. Logo, este não é ainda o momento certo para ponderar a retirada dos apoios, disse. “Não parece que estejamos no caminho para ‘aquecer’ a economia”, defendeu o membro da Comissão Executiva do BCE. E acrescentou: “Os Governos que gastam sensatamente hoje podem estar seguros de que não serão penalizados por um aumento prematuro dos custos de financiamento“.