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Está a decorrer, até 25 de Julho, nas cidades do Porto e de Matosinhos, a Porto Design Biennale. Ao todo estão programadas 49 actividades.
A Porto Design Biennale, a decorrer até final de Julho nas cidades do Porto e de Matosinhos, com um conjunto de 49 actividades, inicia a 17 de Junho o workshop Habitar 424, desenvolvido por e para a comunidade sem-abrigo do Porto. Conduzido pelo Assemble Studio e pelos El Warcha, o projecto tem, de acordo com a organização, o objectivo de “reconceptualizar a percepção comum acerca da condição de sem-abrigo, proporcionando ao mesmo tempo recursos comunitários crescentes para o futuro”.
“Agora que avançamos rumo a um futuro de incerteza económica, com a ameaça crescente de despejos e privação de alojamento, é urgente reconsiderar a forma como desenvolvemos e organizamos o espaço para ir ao encontro das necessidades daqueles que são mais marginalizados nas nossas cidades. De que forma podemos contrariar a segregação e a disparidade crescentes? Como podemos aprender com as pessoas que vivem na rua?” são algumas das questões a abordar na iniciativa, explica a organização.
Trabalhando em colaboração com a designer Olivia Page, o projecto irá explorar materiais ecológicos, desenvolvendo um design que incorpore os resíduos industriais e de base biológica. Segundo os responsáveis, o Habitar 424 será construído durante a primeira parte do período da Porto Design Biennale, que começou no dia 2 de Junho e encerra a 25 de Julho.
A 10 de Julho abre o espaço expositivo do Habitar 424 e, nesse dia, a associação Saber Compreender e o ateliê social e comunitário El Warcha Lisboa propõem uma reflexão sobre a inclusão social da pessoa em situação de sem-abrigo, dando particular destaque à realidade vivida no Porto e em Lisboa.
No seguimento da conversa, é apresentado o livro editado por Fran Edgerley, Inês Marques e Olivia Page, curadoras do projecto, e exibido o documentário Cristian, realizado por Luís Nuno Baldaque.
Para 17 Julho, está agendado um debate entre o colectivo Assemble e a associação El Warcha Lisboa sobre como o design pode ser uma ferramenta de desenvolvimento comunitário e o seu papel no projecto Habitar 424, seguido de uma apresentação da designer Olivia Page sobre as oportunidades materiais e ecológicas em resíduos industriais e de base biológica, mapeadas na zona do Porto. O evento termina com um debate entre Olivia Page e o colectivo Assemble, sobre o futuro da materialidade.
Este projecto visa reconceptualizar o entendimento comum acerca da condição de sem-abrigo, proporcionando, ao mesmo tempo, crescentes recursos comunitários para o futuro, e lançar as bases para a criação de “comunidades de mudança”, segundo explicou, na apresentação da bienal, o curador geral, Alastair Fuad-Luke.
Ao longo dos 54 dias decorrerão 20 conversas online e onze workskops, além das 49 actividades. As iniciativas, que envolvem nove curadores, estarão espalhadas por 25 espaços do Porto e de Matosinhos, acrescentou Alastair Fuad-Luke.
O objectivo desta edição de 2021, que o curador geral quer que envolva a participação dos cidadãos, visitantes, profissionais e amantes do design, é gerar alianças estratégicas e efectivas para a construção de comunidades de mudança. “Através do design podemos redescobrir a nossa capacidade de espanto, renovar o nosso ambiente e construir novas alianças. Podemos reconstruir-nos, centrando-nos nas experiências e nas coisas capazes de gerar uma maior sensação de bem-estar e que nos mostram como viver melhor, apesar de atravessarmos tempos de contágio e de crise”, frisou.
Um dos eixos principais da bienal é a exposição Museu da Matéria Viva, na Casa do Design, em Matosinhos, que pede a atenção de todos para os seres vivos, procurando encorajar os cidadãos e designers para a construção de novas práticas e relações para o futuro, explicou.
Outra das propostas é a mostra Cuidado Radical: Arquitecturas de Amor e Reciprocidade, orientada por Ana Jarra e Alberto Altés, que vai reunir no Palacete dos Viscondes de Balsemão, no Porto, histórias de amor, reciprocidade e envolvimento que têm em comum uma ética do cuidado.
Em versão online irá decorrer a exposição Linhas Invisíveis que, com recurso a uma análise de dados do Porto, pretende cultivar novas ideias e soluções para combater a segregação, corrigir as linhas urbanas de falha e outros males sociais.
A Porto Design Biennale contemplará ainda dois espaços de debate, nomeadamente uma série de podcasts com pessoas e designers cujas vidas têm sido dedicadas a desenhar mundos, em Perspectivas Periféricas: Conversas às Sextas, que propõe colóquios com a participação de académicos interdisciplinares, pensadores não académicos, designers, artistas visuais e performativos e cidadãos, para construir um espaço para gerar diferença.
Sendo o país convidado deste ano a França, artistas, designers e pensadores franceses e portugueses desenvolveram um trabalho criativo com base num conjunto de objectos recolhidos no Porto e em Matosinhos, cujo resultado final vai ser dado a conhecer na bienal sob diferentes formas, contou o curador Sam Baron.
Sob a designação Autre, estes trabalhos vão ser apresentados ao público sob a forma de um programa de rádio, no qual as culturas portuguesas e francesas se encontram, assim como em exposições e instalações no Museu Soares do Reis, no Porto, e na área envolvente e numa iniciativa social em que o design se torna uma ferramenta que ajuda a alimentar e apoiar pessoas carenciadas, revelou.
A Porto Design Biennale é promovida pelos municípios do Porto e de Matosinhos e organizada pelo centro de investigação da Escola Superior de Arte e Design (ESAD).
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