Joana Gorjão Henriques, in Público on-line
Concentração acontece no sábado em Lisboa, Porto e Braga. Violência policial no centro da mobilização.
Mais de 60 organizações juntaram-se para promover aquela que alguns esperam tornar-se uma das maiores manifestações contra o racismo e que acontece em simultâneo, no sábado, às 15h, em Braga (Av. Central/Chafariz), em Lisboa (Rossio/Largo S. Domingos) e no Porto (Praça da República).
Sob o mote Contra a brutalidade policial racista, junta associações com diferentes missões e mais antigas como o Moinho da Juventude, o SOS Racismo, a Plataforma Gueto, a Solidariedade Imigrante, a União Romani Portuguesa, a União de Mulheres Alternativa e Resposta ou a Letras Nómadas a grupos mais recentes como a Afrolis, a Casa do Brasil, a Consciência Negra, o Teatro Griot ou até ao Sindicato de Trabalhadores de Call Center.
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Foi motivada por vários acontecimentos e muito pelo julgamento dos 17 polícias da Esquadra de Alfragide acusados de tortura e racismo a seis jovens da Cova da Moura, e que está a decorrer no Tribunal de Sintra, explica Anabela Rodrigues, do Grupo de Teatro do Oprimido de Lisboa, uma das promotoras.
"Estamos a assistir a um julgamento em que, pela primeira vez, uma esquadra inteira está no tribunal por causa de atitudes racistas a jovens negros, consequência do racismo institucional no nosso país. A manifestação serve para alertar a nível nacional que isto está a acontecer, é um momento histórico importante”, diz. “É um alerta para que não se repitam as situações que levaram a este julgamento. Por outro lado, há uma lei anti-racismo que foi publicada há um ano e que não tem eficácia”, comenta.
A activista espera, assim, que seja “uma das melhores e maiores concentrações de sempre" com aquele mote "feita pelos próprios colectivos”.
No documento enviado à imprensa os organizadores referem que "os vários casos de racismo que têm sido discutidos na praça pública são só a ponta do icebergue daquilo que as nossas comunidades sofrem no seu dia-a-dia, sem que se faça justiça". Lembram episódios mais recentes como as agressões e insultos racistas a Nicol Quinayas, no Porto, por um segurança da empresa 2045 na paragem da SCTP – a PSP foi acusada de não ouvir a jovem e está a ser investigada pela Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI). Ou referem casos mais antigos como o de Igor, jovem cigano que foi baleado em Beja em 2012 por um agente da PSP quando se deslocou a uma quinta para pedir trabalho na apanha da azeitona – o tribunal condenou-o a pena suspensa de um ano e três meses em 2016.
Em Braga, as concentrações contra o racismo não são frequentes mas Emília Santos conhece vários casos de discriminação, até por experiência própria. Fundadora de um grupo no Facebook que luta contra a xenofobia, maus tratos e todo o tipo de agressões – onde se denunciam situações do dia-a-dia – não sabe quantas pessoas irão estar na concentração. Mas esta portuguesa filha de cabo-verdianos diz que é importante “dar a cara” e juntar-se: “Há pessoas que acham que não são racistas. O povo acha que o racismo é só não gostar da cor da pele, mas não é só isso”.
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De que cor se vestirá a nossa justiça no caso da Esquadra de Alfragide?
Queixas de racismo e xenofobia batem recordes em Portugal
Do Porto, Maria Gil, membro do colectivo de ciganos activistas Existimos e Resistimos, junta-se por ter “consciência do que se passa em Portugal", por algo que a "atinge na pele sendo portuguesa cigana”, comenta. “A manifestação mobiliza-me por todo o exercício de racismo que já vivenciei em algumas instituições e pelas dificuldades que me são apresentadas no quotidiano como portuguesa cigana”. Para a actriz esta “não é” uma luta sua “mas de todos enquanto portugueses”.
A manifestação é importante pelo alerta, por colocar o foco no tema e por dar visibilidade ao racismo - visibilidade “que é muito recente” porque “somos educados" para a sua "negação”, acrescenta. Embora não esteja muito optimista quanto ao número de pessoas que poderão mobilizar-se este sábado, nem com o efeito que possa produzir, afirma que o facto de acontecer é importante. “Já há uma tomada de consciência, há um empoderamento das comunidades e vejo pequenas mudanças”, conclui.
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14.9.18
9.3.18
Dia Internacional da Mulher marcado em Espanha por greves parciais e manifestações
in RTP Notícias
O Dia Internacional da Mulher vai ser marcado em Espanha, na quinta-feira, por uma série de greves parciais e manifestações em muitas cidades a reclamar a igualdade efetiva com os homens.
Dez sindicatos lançaram no final de fevereiro um apelo para a realização de uma greve geral e várias associações feministas convidaram as mulheres a renunciarem à realização de tarefas domésticas nesse dia.
As duas maiores centrais sindicais espanholas, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) e as Comissões Obreras (CCOO), que inicialmente apelaram à greve geral, acabaram por defender uma paragem do trabalho durante duas horas na quinta-feira.
Entretanto, mais de meio milhar de entidades de todos os setores já indicaram o seu apoio à greve feminista convocada, informou a comissão responsável pela organização das várias mobilizações.
O transporte ferroviário será muito afetado, tendo o Ministério do Equipamento e dos Transportes, que tutela a empresa responsável pelo caminho-de-ferro espanhóis, Renfe, estimado que apenas 65% do serviço normal será assegurado.
O Dia Internacional da Mulher é objeto de um grande debate há já várias semanas, com os políticos de direita a acusar os de esquerda de se apropriarem indevidamente de uma jornada que devia ser de todos.
Duas mulheres ligadas ao Partido Popular (direita), a ministra de Agricultura, Isabel García Tejerina, e a presidente da Comunidade de Madrid, Cristina Cifuentes, asseguraram na semana passada que iriam fazer uma "greve à japonesa", que em Espanha significa trabalhar mais do que num dia normal.
Esta posição escandalizou a esquerda, tendo o chefe do Governo, Mariano Rajoy, sido obrigado a distanciar-se dela e aceitado receber uma associação de defesa dos direitos das mulheres de limpeza dos quartos de hotel que reclamam que o seu emprego é cada vez mais precário e mal pago.
Uma série de grandes manifestações estão previstas para esta quinta-feira nas principais cidades espanholas a partir das 19:00 (18:00 em Lisboa).
A ideia de criar o Dia da Mulher apareceu no final do século XIX na Europa e nos Estados Unidos da América no âmbito das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho, assim como pelo direito de voto das mulheres.
As Nações Unidas designaram 1975 como o Ano Internacional da Mulher e o dia 08 de março foi adotado como o Dia Internacional da Mulher, tendo como objetivo inicial comemorar as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres.
O Dia Internacional da Mulher vai ser marcado em Espanha, na quinta-feira, por uma série de greves parciais e manifestações em muitas cidades a reclamar a igualdade efetiva com os homens.
Dez sindicatos lançaram no final de fevereiro um apelo para a realização de uma greve geral e várias associações feministas convidaram as mulheres a renunciarem à realização de tarefas domésticas nesse dia.
As duas maiores centrais sindicais espanholas, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) e as Comissões Obreras (CCOO), que inicialmente apelaram à greve geral, acabaram por defender uma paragem do trabalho durante duas horas na quinta-feira.
Entretanto, mais de meio milhar de entidades de todos os setores já indicaram o seu apoio à greve feminista convocada, informou a comissão responsável pela organização das várias mobilizações.
O transporte ferroviário será muito afetado, tendo o Ministério do Equipamento e dos Transportes, que tutela a empresa responsável pelo caminho-de-ferro espanhóis, Renfe, estimado que apenas 65% do serviço normal será assegurado.
O Dia Internacional da Mulher é objeto de um grande debate há já várias semanas, com os políticos de direita a acusar os de esquerda de se apropriarem indevidamente de uma jornada que devia ser de todos.
Duas mulheres ligadas ao Partido Popular (direita), a ministra de Agricultura, Isabel García Tejerina, e a presidente da Comunidade de Madrid, Cristina Cifuentes, asseguraram na semana passada que iriam fazer uma "greve à japonesa", que em Espanha significa trabalhar mais do que num dia normal.
Esta posição escandalizou a esquerda, tendo o chefe do Governo, Mariano Rajoy, sido obrigado a distanciar-se dela e aceitado receber uma associação de defesa dos direitos das mulheres de limpeza dos quartos de hotel que reclamam que o seu emprego é cada vez mais precário e mal pago.
Uma série de grandes manifestações estão previstas para esta quinta-feira nas principais cidades espanholas a partir das 19:00 (18:00 em Lisboa).
A ideia de criar o Dia da Mulher apareceu no final do século XIX na Europa e nos Estados Unidos da América no âmbito das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho, assim como pelo direito de voto das mulheres.
As Nações Unidas designaram 1975 como o Ano Internacional da Mulher e o dia 08 de março foi adotado como o Dia Internacional da Mulher, tendo como objetivo inicial comemorar as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres.
4.4.14
Dezenas de milhares protestam em Bruxelas contra a austeridade
in Jornal de Notícias
Dezenas de milhares de manifestantes desfilaram esta sexta-feira em Bruxelas contra a política de austeridade, protesto que terminou com a Polícia a usar canhões de água e gás lacrimogéneo para afastar os manifestantes dos edifícios da Comissão Europeia.
Ativistas de vários países europeus, incluindo alemães, franceses e gregos, responderam ao apelo da Confederação Europeia dos Sindicatos (CES) para exigir uma Europa mais social.
"A nossa mensagem é simples mas é uma mensagem que os responsáveis europeus não querem ouvir. A nossa mensagem é que as políticas deles para responder à crise financeira não são suficientes e, na verdade, agravaram a crise social e económica. A nossa mensagem é que a austeridade não funciona", disse a secretária-geral da CES, Bernardette Segol, citada pela agência France Presse.
O objetivo da marcha desta sexta-feira é "uma nova via para a Europa, sem austeridade mas com investimentos fortes para um crescimento duradouro e empregos de qualidade", defendeu Emanuela Bonacina, porta-voz da CES, apelando aos cidadãos para que nas eleições europeias de 25 de maio votem em "candidatos que mudem a forma como a União Europeia é dirigida".
No apelo ao protesto, os sindicatos europeus destacaram que há mais de 26 milhões de europeus desempregados, mais 10 milhões que em 2008, e que em 18 dos 28 países da UE os salários reais desceram.
"A situação dos jovens ainda é pior: 7,5 milhões de jovens europeus não trabalham nem estudam. Muitos deles estão entre os que mais educação têm, mas simplesmente saem dos seus países de origem para procurar trabalho", disse a porta-voz da CES, advertindo para o risco de uma "geração perdida".
Dezenas de milhares de manifestantes desfilaram esta sexta-feira em Bruxelas contra a política de austeridade, protesto que terminou com a Polícia a usar canhões de água e gás lacrimogéneo para afastar os manifestantes dos edifícios da Comissão Europeia.
Ativistas de vários países europeus, incluindo alemães, franceses e gregos, responderam ao apelo da Confederação Europeia dos Sindicatos (CES) para exigir uma Europa mais social.
"A nossa mensagem é simples mas é uma mensagem que os responsáveis europeus não querem ouvir. A nossa mensagem é que as políticas deles para responder à crise financeira não são suficientes e, na verdade, agravaram a crise social e económica. A nossa mensagem é que a austeridade não funciona", disse a secretária-geral da CES, Bernardette Segol, citada pela agência France Presse.
O objetivo da marcha desta sexta-feira é "uma nova via para a Europa, sem austeridade mas com investimentos fortes para um crescimento duradouro e empregos de qualidade", defendeu Emanuela Bonacina, porta-voz da CES, apelando aos cidadãos para que nas eleições europeias de 25 de maio votem em "candidatos que mudem a forma como a União Europeia é dirigida".
No apelo ao protesto, os sindicatos europeus destacaram que há mais de 26 milhões de europeus desempregados, mais 10 milhões que em 2008, e que em 18 dos 28 países da UE os salários reais desceram.
"A situação dos jovens ainda é pior: 7,5 milhões de jovens europeus não trabalham nem estudam. Muitos deles estão entre os que mais educação têm, mas simplesmente saem dos seus países de origem para procurar trabalho", disse a porta-voz da CES, advertindo para o risco de uma "geração perdida".
7.3.14
Cinco rostos do protesto
Ricardo Garcia, in Público on-line
Os cortes salariais são apenas uma das razões do descontentamento dos polícias. Há muito mais, da falta de pessoal ao aumento de competências
Sónia Machado, 40 anos
Guarda prisional
No estabelecimento prisional de Pinheiro da Cruz, em Grândola, Sónia Machado tem ao seu cargo uma ala com 140 reclusos. Todos homens. É, aliás, a única mulher nos serviços prisionais de Portugal que é responsável por uma ala masculina de detidos.
Sónia Machado é chefe do corpo de guardas prisionais, mas para a quase centena e meia de presos com que trabalha tem apenas quatro guardas na sua equipa. “E às vezes são três. Muitas vezes há quebras de segurança”, explica.
“Estamos a regredir, temos cada vez menos condições de trabalho. E também não temos dinheiro”, diz Sónia Machado, que está há 18 anos nos serviços prisionais. “Chegamos a não ter dinheiro para comprar um lápis ou uma caneta para escrever. E quando falta uma caneta, é porque falta muito mais coisas”, acrescenta.
As limitações prejudicam o seu trabalho, que envolve um diálogo com os presos. “O guarda prisional não é só para fechar portas”, constata.
Ao primeiro-ministro Passos Coelho, que disse no mês passado que o país está melhor, Sónia Machado responde: “Mas os portugueses não estão”.
Rui Soares, 56 anos
Agente da PSP
Há 25 anos, Rui Soares participou na emblemática marcha da PSP entre a Voz do Operário e a Praça do Comércio, em Lisboa. O histórico protesto colocou pela primeira vez polícias contra polícias, com a manifestação a ser dispersa com jactos de água. “Estive nos ‘secos e molhados’, do lado dos molhados”, recorda.
Naquela altura, as condições de trabalho na PSP eram piores. “Agora estão-nos a retirar tudo o que conseguimos desde então”, afirma Soares. “O que nos está a prejudicar mais são os cortes que estão a fazer. Do ano passado para este já perdi 330 euros”, completa.
Da esquadra de Ourém, na qual Rui Soares está destacado, juntaram-se ao protesto oito agentes, de um total de 29. Vieram num dos 80 autocarros que trouxerem milhares de polícias à manifestação. Os outros agentes de Ourém estavam de serviço.
Ainda antes da marcha partir do Marquês de Pombal e com a hipótese de confrontos no ar, Rui Soares revela o que seria, para si, o melhor desfecho para o protesto. “Era a gente chegar à Assembleia da República, eles [o Corpo de Intervenção] virarem as costas, juntarem-se a nós e não subirmos as escadas”.
Manuel Mendes, 55 anos
Militar da GNR
Os músicos também protestam. E Manuel Mendes é um exemplo. Entrou para a Guarda Nacional Republicana em 1980, primeiro para o serviço geral. Em dois anos estava na fanfarra da GNR, onde se ocupava de instrumentos de sopro e de bateria. Esteve na Escola Prática da GNR em Queluz até passar à reserva.
Do seu salário, cortaram-lhe já cerca de 300 euros. “Para quem tem os bancos a tirarem o mesmo valor ou mais, não é fácil”, diz. As reduções salariais são um dos principais motivos que o tem levado a vários protestos. “Tenho vindo sempre às manifestações”, afirma. “Eu nunca tinha vindo, é a primeira vez”, intervém um colega, também militar na reserva, que pediu para não ser identificado.
Ambos esperam, no Marquês de Pombal, pelo início da marcha rumo à Assembleia da República, cada um com uma bandeira da Associação dos Profissionais da Guarda, na mão.
Manuel Mendes diz que as dificuldades sentidas nas forças policiais estão a chegar também ao terreno musical. A fanfarra da GNR, afirma, “está a acabar porque não há incentivo”. Nem sequer teve oportunidade de dar um toque musical ao protesto. “Não trouxe a corneta, porque é da corporação. Não ma deram”.
Rui Melo, 34 anos
Agente da Polícia Marítima
A Polícia Marítima de Lisboa tem uma enorme área de jurisdição. Começa no Forte São Julião da Barra, em Oeiras, e vai até a ponte de Vila Franca de Xira. “É uma extensão grande, leva uma hora e meia num semi-rígido”, explica Rui Melo, que é agente de 2.ª classe da Polícia Marítima.
A falta de efectivos — são cerca de 500 em todo o país — é uma das principais dificuldades desta força de segurança. “Somos poucos, às vezes uma pessoa desanima. Mas aprendemos a fazer o melhor com o que temos”, acrescenta Rui Melo.
Mais uma vez, os cortes salariais estão na base do descontentamento deste agente, que entrou para a Polícia Marítima em 2007. “Quando cheguei, ganhava mais do que ganho hoje”, garante.
“Em 2015, se houver promoções, posso ir a agente de 1.ª classe”, explica. Mas, se não ocorrerem no devido tempo, as promoções vêm com um preço: não tem efeitos retroactivos, em termos de vencimento, mas apenas na contagem do tempo de serviço. “Dinheiro não há, só o tempo”, afirma este agente da Polícia Marítima.
Luís Guicho, 34 anos
Inspector da ASAE
Há seis anos que Luís Guicho trabalha numa instituição pública que não tem estatutos. Criada em 2005 e operacionalizada no ano seguinte, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) nunca os teve e este é um dos motivos que levaram vários inspectores, como Luís Guicho, a protestar ontem. “Não temos regras definidas”, queixa-se.
A ASAE, explica Luís Guicho, está a sofrer também de uma dupla condição. Tem cada vez menos efectivos, pois saem mais inspectores do que entram. Mas está constantemente a ser chamada a “tomar conta” de novas funções que surgem em função de novas normas criadas por novas leis, como as que regulamentam a posse de cães perigosos ou a actividade dos arrumadores de automóveis. “Não sabem a quem atribuir, entregam à ASAE”, diz Luís Guicho. “Somos cada vez menos e as funções que nos são atribuídas são cada vez mais. Aumenta duplamente a carga de trabalho”, acrescenta. Em seis anos, este inspector nunca foi promovido, nem nunca teve um euro de aumento de salário. “Não há reconhecimento da nossa carreira. A minha mulher trabalha no privado e já foi promovida duas vezes.”
Os cortes salariais são apenas uma das razões do descontentamento dos polícias. Há muito mais, da falta de pessoal ao aumento de competências
Sónia Machado, 40 anos
Guarda prisional
No estabelecimento prisional de Pinheiro da Cruz, em Grândola, Sónia Machado tem ao seu cargo uma ala com 140 reclusos. Todos homens. É, aliás, a única mulher nos serviços prisionais de Portugal que é responsável por uma ala masculina de detidos.
Sónia Machado é chefe do corpo de guardas prisionais, mas para a quase centena e meia de presos com que trabalha tem apenas quatro guardas na sua equipa. “E às vezes são três. Muitas vezes há quebras de segurança”, explica.
“Estamos a regredir, temos cada vez menos condições de trabalho. E também não temos dinheiro”, diz Sónia Machado, que está há 18 anos nos serviços prisionais. “Chegamos a não ter dinheiro para comprar um lápis ou uma caneta para escrever. E quando falta uma caneta, é porque falta muito mais coisas”, acrescenta.
As limitações prejudicam o seu trabalho, que envolve um diálogo com os presos. “O guarda prisional não é só para fechar portas”, constata.
Ao primeiro-ministro Passos Coelho, que disse no mês passado que o país está melhor, Sónia Machado responde: “Mas os portugueses não estão”.
Rui Soares, 56 anos
Agente da PSP
Há 25 anos, Rui Soares participou na emblemática marcha da PSP entre a Voz do Operário e a Praça do Comércio, em Lisboa. O histórico protesto colocou pela primeira vez polícias contra polícias, com a manifestação a ser dispersa com jactos de água. “Estive nos ‘secos e molhados’, do lado dos molhados”, recorda.
Naquela altura, as condições de trabalho na PSP eram piores. “Agora estão-nos a retirar tudo o que conseguimos desde então”, afirma Soares. “O que nos está a prejudicar mais são os cortes que estão a fazer. Do ano passado para este já perdi 330 euros”, completa.
Da esquadra de Ourém, na qual Rui Soares está destacado, juntaram-se ao protesto oito agentes, de um total de 29. Vieram num dos 80 autocarros que trouxerem milhares de polícias à manifestação. Os outros agentes de Ourém estavam de serviço.
Ainda antes da marcha partir do Marquês de Pombal e com a hipótese de confrontos no ar, Rui Soares revela o que seria, para si, o melhor desfecho para o protesto. “Era a gente chegar à Assembleia da República, eles [o Corpo de Intervenção] virarem as costas, juntarem-se a nós e não subirmos as escadas”.
Manuel Mendes, 55 anos
Militar da GNR
Os músicos também protestam. E Manuel Mendes é um exemplo. Entrou para a Guarda Nacional Republicana em 1980, primeiro para o serviço geral. Em dois anos estava na fanfarra da GNR, onde se ocupava de instrumentos de sopro e de bateria. Esteve na Escola Prática da GNR em Queluz até passar à reserva.
Do seu salário, cortaram-lhe já cerca de 300 euros. “Para quem tem os bancos a tirarem o mesmo valor ou mais, não é fácil”, diz. As reduções salariais são um dos principais motivos que o tem levado a vários protestos. “Tenho vindo sempre às manifestações”, afirma. “Eu nunca tinha vindo, é a primeira vez”, intervém um colega, também militar na reserva, que pediu para não ser identificado.
Ambos esperam, no Marquês de Pombal, pelo início da marcha rumo à Assembleia da República, cada um com uma bandeira da Associação dos Profissionais da Guarda, na mão.
Manuel Mendes diz que as dificuldades sentidas nas forças policiais estão a chegar também ao terreno musical. A fanfarra da GNR, afirma, “está a acabar porque não há incentivo”. Nem sequer teve oportunidade de dar um toque musical ao protesto. “Não trouxe a corneta, porque é da corporação. Não ma deram”.
Rui Melo, 34 anos
Agente da Polícia Marítima
A Polícia Marítima de Lisboa tem uma enorme área de jurisdição. Começa no Forte São Julião da Barra, em Oeiras, e vai até a ponte de Vila Franca de Xira. “É uma extensão grande, leva uma hora e meia num semi-rígido”, explica Rui Melo, que é agente de 2.ª classe da Polícia Marítima.
A falta de efectivos — são cerca de 500 em todo o país — é uma das principais dificuldades desta força de segurança. “Somos poucos, às vezes uma pessoa desanima. Mas aprendemos a fazer o melhor com o que temos”, acrescenta Rui Melo.
Mais uma vez, os cortes salariais estão na base do descontentamento deste agente, que entrou para a Polícia Marítima em 2007. “Quando cheguei, ganhava mais do que ganho hoje”, garante.
“Em 2015, se houver promoções, posso ir a agente de 1.ª classe”, explica. Mas, se não ocorrerem no devido tempo, as promoções vêm com um preço: não tem efeitos retroactivos, em termos de vencimento, mas apenas na contagem do tempo de serviço. “Dinheiro não há, só o tempo”, afirma este agente da Polícia Marítima.
Luís Guicho, 34 anos
Inspector da ASAE
Há seis anos que Luís Guicho trabalha numa instituição pública que não tem estatutos. Criada em 2005 e operacionalizada no ano seguinte, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) nunca os teve e este é um dos motivos que levaram vários inspectores, como Luís Guicho, a protestar ontem. “Não temos regras definidas”, queixa-se.
A ASAE, explica Luís Guicho, está a sofrer também de uma dupla condição. Tem cada vez menos efectivos, pois saem mais inspectores do que entram. Mas está constantemente a ser chamada a “tomar conta” de novas funções que surgem em função de novas normas criadas por novas leis, como as que regulamentam a posse de cães perigosos ou a actividade dos arrumadores de automóveis. “Não sabem a quem atribuir, entregam à ASAE”, diz Luís Guicho. “Somos cada vez menos e as funções que nos são atribuídas são cada vez mais. Aumenta duplamente a carga de trabalho”, acrescenta. Em seis anos, este inspector nunca foi promovido, nem nunca teve um euro de aumento de salário. “Não há reconhecimento da nossa carreira. A minha mulher trabalha no privado e já foi promovida duas vezes.”
28.6.13
“Para onde vamos? Não sei”
Catarina Durão Machado, in Público on-line
Em dia de greve geral, Lisboa assistiu a manifestações organizadas pelas centrais sindicais mas marcou passo na adesão do povo, que se acumulou, em horas de ponta, nas paragens dos autocarros.
O 760 não vai cheio, mas avança em marcha lenta na direcção da Praça da Figueira. Um passageiro grita contra a polícia que aparece em pequenos grupos, do outro lado do vidro, na Rua da Prata. Outros passageiros elevam a voz contra a austeridade, contra as barrigas de alguns agentes da PSP, contra o trânsito, contra a greve, ou a favor dela.
"A política discute-se no Parlamento, não no autocarro", replica uma passageira da Carris, queixando-se de dores de cabeça. O autocarro chega por fim à Praça da Figueira, onde já se avistam as bandeiras vermelhas da CGTP, que se dirigem para o Rossio.
A concentração não cede ao calor e ao sol ardente que queima a pele dos manifestantes. Os jovens das juventudes partidárias recorrem aos protectores solares, os mais velhos preocupam-se com a protecção das cabeças.
"Deixa estar que já te arranjo um barrete", ouve-se dizer entre a multidão que se prepara para subir a colina do Chiado na direcção de São Bento.
Chegam cada vez mais, de bicicleta, a pé, nos autocarros que circulam. Alguns de táxi. Bandeiras, cartazes e folhetos proliferam no Rossio.
As palavras de ordem saem com mais força pelas bocas dos precários: "Fora, fora já daqui. A fome, a miséria e o FMI." Outras relembram a luta internacional, o Brasil e a Turquia.
Sindicatos, associações e alguns particulares circulam, esperando o momento de saída. Alguns afinam gargantas com cervejas frescas, outros, sentados na borda da fonte, sentem os borrifos frescos da água na pele.
Os turistas, curiosos, tiram fotografias, aproximando-se. Há quem venda nougat, há quem se disfarce de Zé Povinho, quem pose para as inúmeras câmaras com suas faixas e cartazes reivindicativos.
São 14h50 e Arménio Carlos acaba de chegar. Daqui a uns minutos partirá o protesto, colina a cima, rumo à Assembleia da República. Gritam: "Só mais um empurrão e o Governo vai ao chão." E avançam, empurrando o protesto, gritando, acreditando, tendo como adversário principal o sol ardente.
Um “cartão vermelho” ao Governo
Junto ao Ministério das Finanças, paredes meias com a paralisada estação dos barcos do Terreiro do Paço, reúnem-se os sindicatos e associações da UGT.
As bandeiras esvoaçam, gigantes, com o vento que se faz sentir junto ao rio. Aqui não está tanto calor como no Rossio, mas a música, ruidosa, apela à intervenção. Há quem espere o secretário-geral, Carlos Silva, para que este discurse, alto e bom som para todos ouvirem. Dali não arredarão pé, porque esta foi a concertação a que chegou a UGT, por isso, não haverá qualquer marcha até à Assembleia da República.
José Batista da Silva, de 56 anos, de T-shirt vermelha, representa os profissionais dos Correios e veio, nesta tarde de quinta-feira, juntar a sua voz às dos restantes manifestantes: “É um crime nacional o Governo estar a vender uma empresa como esta, que é uma das melhores empresas de correios do mundo”, conta o funcionário ao PÚBLICO. Trabalha há 30 anos nos CTT e sente-se revoltado com a potencial privatização da empresa, quando esta dá “tanto lucro ao Estado”. Está esperançado que o Governo oiça o protesto da UGT, bem como a revolta generalizada do país que ficou, em parte, paralisado devido à greve geral.
José Batista da Silva diz que os resultados da greve representam uma “amostragem de um cartão vermelho ao Governo” e espera que o primeiro-ministro reconsidere as medidas que tem imposto nos últimos tempos, porque se não reconsiderar, “o povo, nas próximas eleições, irá, historicamente, dar-lhe uma derrota como nunca viu”. Por hoje, vêm tentar incomodar Vítor Gaspar à porta do seu ministério: “Nós preferimos vir aqui fazer barulho em frente ao senhor silencioso, para ver se ele nos consegue ouvir. Mas acho que o ministro não vai ouvir ninguém porque além de ser um senhor silencioso é muito teimoso também.”
"Não precisamos de líderes"
Aos pés da Assembleia da República, o clima, embora quente, está sereno. A CGTP proferiu o seu discurso, como de habitual, e dispersou, também como de habitual, finda a intervenção de Arménio Carlos.
Nesta tarde de quinta-feira, São Bento parece uma amostra de “povo pouco interventivo”, no dizer de uma empregada brasileira de uma pastelaria nas cercanias do Parlamento. A empregada insiste que a turba que passou para cima “não é nada”, quando se compara com os protestos que estão a passar-se no Brasil há mais de duas semanas.
Mas no cenário habitual dos manifestantes que permanecem por ali, encostados a muros e sentados na calçada, nem tudo está assim tão calmo. Há um homem a agitar uma bandeira preta com uma letra “a” branca, que parece convidar os manifestantes, algo apáticos, para uma marcha rua de São Bento acima. Um grupo de jovens toca vários instrumentos de percussão, num ritmo que faz lembrar o samba carioca. São as expressões graves dos músicos e do homem que agita a bandeira que parecem convencer os que por ali ficaram, depois do desembocar da manifestação da CGTP, a seguir o protesto improvisado.
As pessoas começam a engrossar a fileira, que já escorre pela rua de São Bento, ao som dos apitos e dos tambores. O “maestro” do movimento caminha, de marcha atrás, dando indicações aos músicos. “Para onde vamos?”, pergunta alguém, no meio da marcha. “Não sei” é a resposta que se ouve um pouco por todo o lado. “Não faço ideia para onde vamos, como não acontecia nada ali no Parlamento, resolvemos seguir este protesto”. Porquê? “Porque sou professora.” E está tudo dito.
Ruídos fortes denunciam que os ânimos se começam a exaltar. Alguns dos manifestantes, que envergam as máscaras ou que tapam as caras, começam a pontapear uma vedação metálica que cobre um edifício demolido na rua de São Bento. “A rua é nossa”, começa a gritar-se.
O protesto está quase a chegar ao Largo do Rato. O homem da bandeira preta chama-se Ruben e tem 28 anos. Encabeça o colectivo, embora diga, de modo entusiasmado, entre palavras de ordem, que não existem líderes naquele movimento. “Somos homens e mulheres de uma esquerda não partidária”, informa Ruben. Pertence ao Colectivo Acção Antifascista. Assumem-se como anarquistas e anticapitalistas. Admite que o protesto não é completamente espontâneo porque já tinha sido pensado no dia anterior pelo Colectivo. “Isto não está autorizado, queremos desafiar as autoridades”, revela Ruben.
Querem chamar a atenção para um país que não precisa de ser governado: “Nós não queremos substituir o Passos Coelho pelo Jerónimo de Sousa. Não precisamos de líderes”, reforça. O objectivo da marcha, conta, é virar à esquerda, na Avenida Álvares Cabral, e voltar à Assembleia. Mas não é isso que sucede, uma vez chegados ao Rato. O grupo segue em frente pela rua D. João V, na direcção das Amoreiras. Durante o trajecto, Ana Farinhas, de 32 anos, também não faz ideia para onde o grupo segue, mas garante que o seguirá até lhe doerem as pernas. É bolseira de Biologia na Faculdade de Ciências e está ali para protestar em nome de todos os bolseiros: “O que nos revolta são os nossos contratos inexistentes e a exclusividade, quando não temos sequer contrato”, explica Ana, que não está muito preocupada com o que possa acontecer na rua, caso a polícia intervenha.
Três polícias de trânsito seguem o protesto de mota, enquanto se entoam palavras de ordem e, por um momento, se cantam os parabéns a um manifestante. São cerca de duas centenas de pessoas, sem bandeiras sindicais, que seguem um grupo de músicos e um homem que agita uma bandeira preta.
Por trás das famosas máscaras que têm representado os milhares de protestos por todo o mundo, os jovens convidam os automobilistas, com quem se cruzam, a sair dos carros e a juntarem-se-lhes. São quase seis da tarde, e nas Amoreiras, os transeuntes olham, atónitos para a marcha que interrompe o trânsito, na direcção da Ponte 25 de Abril. “Para onde vamos?”, pergunta, de novo, alguém. “Não sei”, respondem. A dúvida subsiste. Ter-se-á o homem da bandeira preta enganado no caminho de volta para a Assembleia?
Em dia de greve geral, Lisboa assistiu a manifestações organizadas pelas centrais sindicais mas marcou passo na adesão do povo, que se acumulou, em horas de ponta, nas paragens dos autocarros.
O 760 não vai cheio, mas avança em marcha lenta na direcção da Praça da Figueira. Um passageiro grita contra a polícia que aparece em pequenos grupos, do outro lado do vidro, na Rua da Prata. Outros passageiros elevam a voz contra a austeridade, contra as barrigas de alguns agentes da PSP, contra o trânsito, contra a greve, ou a favor dela.
"A política discute-se no Parlamento, não no autocarro", replica uma passageira da Carris, queixando-se de dores de cabeça. O autocarro chega por fim à Praça da Figueira, onde já se avistam as bandeiras vermelhas da CGTP, que se dirigem para o Rossio.
A concentração não cede ao calor e ao sol ardente que queima a pele dos manifestantes. Os jovens das juventudes partidárias recorrem aos protectores solares, os mais velhos preocupam-se com a protecção das cabeças.
"Deixa estar que já te arranjo um barrete", ouve-se dizer entre a multidão que se prepara para subir a colina do Chiado na direcção de São Bento.
Chegam cada vez mais, de bicicleta, a pé, nos autocarros que circulam. Alguns de táxi. Bandeiras, cartazes e folhetos proliferam no Rossio.
As palavras de ordem saem com mais força pelas bocas dos precários: "Fora, fora já daqui. A fome, a miséria e o FMI." Outras relembram a luta internacional, o Brasil e a Turquia.
Sindicatos, associações e alguns particulares circulam, esperando o momento de saída. Alguns afinam gargantas com cervejas frescas, outros, sentados na borda da fonte, sentem os borrifos frescos da água na pele.
Os turistas, curiosos, tiram fotografias, aproximando-se. Há quem venda nougat, há quem se disfarce de Zé Povinho, quem pose para as inúmeras câmaras com suas faixas e cartazes reivindicativos.
São 14h50 e Arménio Carlos acaba de chegar. Daqui a uns minutos partirá o protesto, colina a cima, rumo à Assembleia da República. Gritam: "Só mais um empurrão e o Governo vai ao chão." E avançam, empurrando o protesto, gritando, acreditando, tendo como adversário principal o sol ardente.
Um “cartão vermelho” ao Governo
Junto ao Ministério das Finanças, paredes meias com a paralisada estação dos barcos do Terreiro do Paço, reúnem-se os sindicatos e associações da UGT.
As bandeiras esvoaçam, gigantes, com o vento que se faz sentir junto ao rio. Aqui não está tanto calor como no Rossio, mas a música, ruidosa, apela à intervenção. Há quem espere o secretário-geral, Carlos Silva, para que este discurse, alto e bom som para todos ouvirem. Dali não arredarão pé, porque esta foi a concertação a que chegou a UGT, por isso, não haverá qualquer marcha até à Assembleia da República.
José Batista da Silva, de 56 anos, de T-shirt vermelha, representa os profissionais dos Correios e veio, nesta tarde de quinta-feira, juntar a sua voz às dos restantes manifestantes: “É um crime nacional o Governo estar a vender uma empresa como esta, que é uma das melhores empresas de correios do mundo”, conta o funcionário ao PÚBLICO. Trabalha há 30 anos nos CTT e sente-se revoltado com a potencial privatização da empresa, quando esta dá “tanto lucro ao Estado”. Está esperançado que o Governo oiça o protesto da UGT, bem como a revolta generalizada do país que ficou, em parte, paralisado devido à greve geral.
José Batista da Silva diz que os resultados da greve representam uma “amostragem de um cartão vermelho ao Governo” e espera que o primeiro-ministro reconsidere as medidas que tem imposto nos últimos tempos, porque se não reconsiderar, “o povo, nas próximas eleições, irá, historicamente, dar-lhe uma derrota como nunca viu”. Por hoje, vêm tentar incomodar Vítor Gaspar à porta do seu ministério: “Nós preferimos vir aqui fazer barulho em frente ao senhor silencioso, para ver se ele nos consegue ouvir. Mas acho que o ministro não vai ouvir ninguém porque além de ser um senhor silencioso é muito teimoso também.”
"Não precisamos de líderes"
Aos pés da Assembleia da República, o clima, embora quente, está sereno. A CGTP proferiu o seu discurso, como de habitual, e dispersou, também como de habitual, finda a intervenção de Arménio Carlos.
Nesta tarde de quinta-feira, São Bento parece uma amostra de “povo pouco interventivo”, no dizer de uma empregada brasileira de uma pastelaria nas cercanias do Parlamento. A empregada insiste que a turba que passou para cima “não é nada”, quando se compara com os protestos que estão a passar-se no Brasil há mais de duas semanas.
Mas no cenário habitual dos manifestantes que permanecem por ali, encostados a muros e sentados na calçada, nem tudo está assim tão calmo. Há um homem a agitar uma bandeira preta com uma letra “a” branca, que parece convidar os manifestantes, algo apáticos, para uma marcha rua de São Bento acima. Um grupo de jovens toca vários instrumentos de percussão, num ritmo que faz lembrar o samba carioca. São as expressões graves dos músicos e do homem que agita a bandeira que parecem convencer os que por ali ficaram, depois do desembocar da manifestação da CGTP, a seguir o protesto improvisado.
As pessoas começam a engrossar a fileira, que já escorre pela rua de São Bento, ao som dos apitos e dos tambores. O “maestro” do movimento caminha, de marcha atrás, dando indicações aos músicos. “Para onde vamos?”, pergunta alguém, no meio da marcha. “Não sei” é a resposta que se ouve um pouco por todo o lado. “Não faço ideia para onde vamos, como não acontecia nada ali no Parlamento, resolvemos seguir este protesto”. Porquê? “Porque sou professora.” E está tudo dito.
Ruídos fortes denunciam que os ânimos se começam a exaltar. Alguns dos manifestantes, que envergam as máscaras ou que tapam as caras, começam a pontapear uma vedação metálica que cobre um edifício demolido na rua de São Bento. “A rua é nossa”, começa a gritar-se.
O protesto está quase a chegar ao Largo do Rato. O homem da bandeira preta chama-se Ruben e tem 28 anos. Encabeça o colectivo, embora diga, de modo entusiasmado, entre palavras de ordem, que não existem líderes naquele movimento. “Somos homens e mulheres de uma esquerda não partidária”, informa Ruben. Pertence ao Colectivo Acção Antifascista. Assumem-se como anarquistas e anticapitalistas. Admite que o protesto não é completamente espontâneo porque já tinha sido pensado no dia anterior pelo Colectivo. “Isto não está autorizado, queremos desafiar as autoridades”, revela Ruben.
Querem chamar a atenção para um país que não precisa de ser governado: “Nós não queremos substituir o Passos Coelho pelo Jerónimo de Sousa. Não precisamos de líderes”, reforça. O objectivo da marcha, conta, é virar à esquerda, na Avenida Álvares Cabral, e voltar à Assembleia. Mas não é isso que sucede, uma vez chegados ao Rato. O grupo segue em frente pela rua D. João V, na direcção das Amoreiras. Durante o trajecto, Ana Farinhas, de 32 anos, também não faz ideia para onde o grupo segue, mas garante que o seguirá até lhe doerem as pernas. É bolseira de Biologia na Faculdade de Ciências e está ali para protestar em nome de todos os bolseiros: “O que nos revolta são os nossos contratos inexistentes e a exclusividade, quando não temos sequer contrato”, explica Ana, que não está muito preocupada com o que possa acontecer na rua, caso a polícia intervenha.
Três polícias de trânsito seguem o protesto de mota, enquanto se entoam palavras de ordem e, por um momento, se cantam os parabéns a um manifestante. São cerca de duas centenas de pessoas, sem bandeiras sindicais, que seguem um grupo de músicos e um homem que agita uma bandeira preta.
Por trás das famosas máscaras que têm representado os milhares de protestos por todo o mundo, os jovens convidam os automobilistas, com quem se cruzam, a sair dos carros e a juntarem-se-lhes. São quase seis da tarde, e nas Amoreiras, os transeuntes olham, atónitos para a marcha que interrompe o trânsito, na direcção da Ponte 25 de Abril. “Para onde vamos?”, pergunta, de novo, alguém. “Não sei”, respondem. A dúvida subsiste. Ter-se-á o homem da bandeira preta enganado no caminho de volta para a Assembleia?
1.3.13
Promotores esperam ver "desilusão e revolta da sociedade"
por Lusa, publicado por Graciosa Silva, in Diário de Notícias
Uma "manifestação gigante" que demonstre a desilusão e a revolta da sociedade portuguesa é o que os promotores do protesto "Que se lixe a troika, o povo é quem mais ordena" esperam no sábado.
Mais de 40 cidades portuguesas e no estrangeiro vão aderir à manifestação de sábado para dizer "basta" ao Governo e à 'troika', segundo os organizadores.
"Vai ser uma manifestação gigante. Se vai ser maior ou não do que a de 15 de setembro, não importa. O importante é sentir o pulso da sociedade, que é uma sociedade profundamente revoltada, desiludida e zangada com o rumo que tudo está a levar", disse à agência Lusa uma das subscritoras do apelo, a jornalista Myriam Zaluar.
O movimento "Que se lixe a troika", que organizou uma das maiores manifestações realizadas em Portugal, a 15 de setembro do ano passado, prevê para sábado vários e enormes protestos pelo país.
"A comparação com a manifestação de 15 de setembro é inevitável, mas é preciso dizer que as circunstâncias são outras, muitas das pessoas que estiveram nas ruas a 15 de setembro já não estão em Portugal, algumas delas estão muito mais deprimidas do que estavam em setembro, porque a situação é bem pior", sustentou Myriam Zaluar.
A manifestação foi agendada para o dia 02 de março, para coincidir com a presença em Portugal de elementos da 'troika' que está a fazer a sétima avaliação.
A presença em Portugal dos elementos em representação da União Europeia, Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional, é "chumbada claramente" pelos promotores do protesto.
Para a ativista, é "preciso devolver o poder ao povo", sublinhando que este governo "está a trair os princípios pelos quais foi eleito".
Myriam recusa que os membros do movimento "Que se lixe a troika" se posicionem para se apresentarem como alternativa ao Governo, argumentando que "há dezenas de alternativas às políticas que estão a ser seguidas por este Governo e que não passam certamente pela destruição do Estado social".
Vários movimentos, como a Plataforma 15 de outubro, já anunciaram que se vão juntar à manifestação de sábado, bem como a central sindical CGTP.
Em Lisboa, está também previsto que três "marés", da Educação, Saúde e Reformados, se juntem à manifestação que vai sair do Marquês de Pombal em direção ao Terreiro do Paço.
"As marés não são de forma nenhuma concorrenciais, todas as marés se juntaram num enorme caudal que irá desembocar ao Terreiro do Paço", afirmou.
Para Myriam Zaluar, o importante é que, no sábado, "as pessoas saiam à rua, façam ouvir a sua voz, façam o Governo entender que já chega e que digam basta".
"O povo está cansado. Neste momento, não é uma geração que está perdida, são várias", sustentou.
Na segunda-feira, no final de uma conferência de imprensa para divulgação da manifestação, junto às chegadas do aeroporto de Lisboa, um dos elementos do movimento foi identificado pela polícia. O mesmo tinha acontecido na conferência de imprensa de apresentação da manifestação de 15 de setembro.
Questionada, a jornalista considerou que "neste momento há ordens vindas de cima, obviamente do ministério da tutela, que tende a criminalizar o protesto", sendo exemplo disso os vários processos que decorrem em tribunal, nomeadamente o seu que está a decorrer no Tribunal de Pequena Instância de Lisboa por desobediência qualificada depois de ter sido identificada pela PSP numa tentativa de inscrição coletiva de desempregados num centro de emprego.
Porém, a ativista disse ainda que não tem medo destas "tentativas de intimidação".
Uma "manifestação gigante" que demonstre a desilusão e a revolta da sociedade portuguesa é o que os promotores do protesto "Que se lixe a troika, o povo é quem mais ordena" esperam no sábado.
Mais de 40 cidades portuguesas e no estrangeiro vão aderir à manifestação de sábado para dizer "basta" ao Governo e à 'troika', segundo os organizadores.
"Vai ser uma manifestação gigante. Se vai ser maior ou não do que a de 15 de setembro, não importa. O importante é sentir o pulso da sociedade, que é uma sociedade profundamente revoltada, desiludida e zangada com o rumo que tudo está a levar", disse à agência Lusa uma das subscritoras do apelo, a jornalista Myriam Zaluar.
O movimento "Que se lixe a troika", que organizou uma das maiores manifestações realizadas em Portugal, a 15 de setembro do ano passado, prevê para sábado vários e enormes protestos pelo país.
"A comparação com a manifestação de 15 de setembro é inevitável, mas é preciso dizer que as circunstâncias são outras, muitas das pessoas que estiveram nas ruas a 15 de setembro já não estão em Portugal, algumas delas estão muito mais deprimidas do que estavam em setembro, porque a situação é bem pior", sustentou Myriam Zaluar.
A manifestação foi agendada para o dia 02 de março, para coincidir com a presença em Portugal de elementos da 'troika' que está a fazer a sétima avaliação.
A presença em Portugal dos elementos em representação da União Europeia, Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional, é "chumbada claramente" pelos promotores do protesto.
Para a ativista, é "preciso devolver o poder ao povo", sublinhando que este governo "está a trair os princípios pelos quais foi eleito".
Myriam recusa que os membros do movimento "Que se lixe a troika" se posicionem para se apresentarem como alternativa ao Governo, argumentando que "há dezenas de alternativas às políticas que estão a ser seguidas por este Governo e que não passam certamente pela destruição do Estado social".
Vários movimentos, como a Plataforma 15 de outubro, já anunciaram que se vão juntar à manifestação de sábado, bem como a central sindical CGTP.
Em Lisboa, está também previsto que três "marés", da Educação, Saúde e Reformados, se juntem à manifestação que vai sair do Marquês de Pombal em direção ao Terreiro do Paço.
"As marés não são de forma nenhuma concorrenciais, todas as marés se juntaram num enorme caudal que irá desembocar ao Terreiro do Paço", afirmou.
Para Myriam Zaluar, o importante é que, no sábado, "as pessoas saiam à rua, façam ouvir a sua voz, façam o Governo entender que já chega e que digam basta".
"O povo está cansado. Neste momento, não é uma geração que está perdida, são várias", sustentou.
Na segunda-feira, no final de uma conferência de imprensa para divulgação da manifestação, junto às chegadas do aeroporto de Lisboa, um dos elementos do movimento foi identificado pela polícia. O mesmo tinha acontecido na conferência de imprensa de apresentação da manifestação de 15 de setembro.
Questionada, a jornalista considerou que "neste momento há ordens vindas de cima, obviamente do ministério da tutela, que tende a criminalizar o protesto", sendo exemplo disso os vários processos que decorrem em tribunal, nomeadamente o seu que está a decorrer no Tribunal de Pequena Instância de Lisboa por desobediência qualificada depois de ter sido identificada pela PSP numa tentativa de inscrição coletiva de desempregados num centro de emprego.
Porém, a ativista disse ainda que não tem medo destas "tentativas de intimidação".
28.2.13
Diversidade e luta contra o medo no Que se Lixe a Troika
por Lusa, publicado por Graciosa Silva, in Diário de Notícias
Estudantes, arquitetos, desempregados, gente que nunca se manifestou e os que vão a todas: é esta a diversidade do movimento "Que se Lixe a Troika", que no protesto de sábado quer ver o povo a perder o medo.
"O que mais me afetou nesta crise foi o clima de caos social. Sentir que as pessoas têm medo. Mas esse medo pode terminar no dia 02", avisa Adriano Campos, de 28 anos, um dos organizadores portuenses da manifestação "O Povo é quem mais ordena".
Neste segundo protesto da plataforma no Porto, há mais preparação, mais gente e muitos receios -- de perder a casa, a escola pública, o Serviço Nacional de Saúde, do monstro do desemprego.
"Já nem sei desde quando vivo com o medo do desemprego. Eu e os meus amigos", desabafa Amarílis Felizes, estudante de teatro de 22 anos, atormentada com aquilo a que chama pavor "geracional".
Paula Sequeiros, outro dos elementos do "Que se lixe a Troika", sente nas pessoas "conformismo" e "acima de tudo algum medo", mas também "um outro lado" que "sairá à rua a 02 de março, numa manifestação como provavelmente Portugal já não vê há muito tempo".
Nuno Flores, um arquiteto de 33 anos que vai emigrar em abril, não quis ir embora sem "apoiar" o movimento "contra esta política da troika e a democracia 'partidocrática' em que os políticos, depois de eleitos, sentem que podem fazer o que quiserem".
Bolseiro de investigação, Adriano Campos saiu à rua pela primeira vez em nome da "Geração à Rasca", a 12 de março de 2011, envolveu-se na associação "Precários Inflexíveis" e esteve na organização da primeira manifestação do "Que se Lixe a Troika", a 15 de setembro.
Seis meses depois, juntaram-se à organização "cada vez mais pessoas, muito diferentes e com percursos distintos, de todos os quadrantes políticos, partidários e da vida social", em busca de "um rumo alternativo e políticas diferentes", descreve o responsável, frisando que o movimento "apartidário" não é "apolítico".
Ativista estudantil desde o início da década de 70 do século XX, a investigadora Paula Sequeiros entregou-se "completamente ao 25 de abril [de 1974] e aos 57 anos tem como "grande esperança" como avó "recuperar muitas das conquistas de abril" e evitar que outras se percam.
Olhar para o dia-a-dia como uma "mera sobrevivência" é uma das coisas que angustia Tatiana Moutinho, mãe solteira de 40 anos, que deixou de poder "visitar a família em Coimbra" por não ter dinheiro "para o bilhete de comboio".
A bolseira juntou-se ao "Que se Lixe a Troika" quando percebeu que a manifestação de 15 de setembro ia acontecer no Porto. Nunca tinha participado em nada do género, mas agora a vontade de ajudar surgiu naturalmente: "Já não podia ser doutra maneira".
Sem se recordar do momento exato em que decidiu sair à rua e colaborar com o "Que se Lixe a Troika", a estudante Amarílis Felizes sabe que já não consegue "ficar em casa sabendo que anda gente na rua a colar cartazes ou a distribuir panfletos".
"A democracia somos todos nós e "todos temos de ser cidadãos", sustenta.
Afligem-na os "cortes nos salários dos pais, as propinas de valores completamente insustentáveis, o abandono escolar enorme no ensino superior".
Aspirações políticas? "Construir um mundo melhor", garante.
Estudantes, arquitetos, desempregados, gente que nunca se manifestou e os que vão a todas: é esta a diversidade do movimento "Que se Lixe a Troika", que no protesto de sábado quer ver o povo a perder o medo.
"O que mais me afetou nesta crise foi o clima de caos social. Sentir que as pessoas têm medo. Mas esse medo pode terminar no dia 02", avisa Adriano Campos, de 28 anos, um dos organizadores portuenses da manifestação "O Povo é quem mais ordena".
Neste segundo protesto da plataforma no Porto, há mais preparação, mais gente e muitos receios -- de perder a casa, a escola pública, o Serviço Nacional de Saúde, do monstro do desemprego.
"Já nem sei desde quando vivo com o medo do desemprego. Eu e os meus amigos", desabafa Amarílis Felizes, estudante de teatro de 22 anos, atormentada com aquilo a que chama pavor "geracional".
Paula Sequeiros, outro dos elementos do "Que se lixe a Troika", sente nas pessoas "conformismo" e "acima de tudo algum medo", mas também "um outro lado" que "sairá à rua a 02 de março, numa manifestação como provavelmente Portugal já não vê há muito tempo".
Nuno Flores, um arquiteto de 33 anos que vai emigrar em abril, não quis ir embora sem "apoiar" o movimento "contra esta política da troika e a democracia 'partidocrática' em que os políticos, depois de eleitos, sentem que podem fazer o que quiserem".
Bolseiro de investigação, Adriano Campos saiu à rua pela primeira vez em nome da "Geração à Rasca", a 12 de março de 2011, envolveu-se na associação "Precários Inflexíveis" e esteve na organização da primeira manifestação do "Que se Lixe a Troika", a 15 de setembro.
Seis meses depois, juntaram-se à organização "cada vez mais pessoas, muito diferentes e com percursos distintos, de todos os quadrantes políticos, partidários e da vida social", em busca de "um rumo alternativo e políticas diferentes", descreve o responsável, frisando que o movimento "apartidário" não é "apolítico".
Ativista estudantil desde o início da década de 70 do século XX, a investigadora Paula Sequeiros entregou-se "completamente ao 25 de abril [de 1974] e aos 57 anos tem como "grande esperança" como avó "recuperar muitas das conquistas de abril" e evitar que outras se percam.
Olhar para o dia-a-dia como uma "mera sobrevivência" é uma das coisas que angustia Tatiana Moutinho, mãe solteira de 40 anos, que deixou de poder "visitar a família em Coimbra" por não ter dinheiro "para o bilhete de comboio".
A bolseira juntou-se ao "Que se Lixe a Troika" quando percebeu que a manifestação de 15 de setembro ia acontecer no Porto. Nunca tinha participado em nada do género, mas agora a vontade de ajudar surgiu naturalmente: "Já não podia ser doutra maneira".
Sem se recordar do momento exato em que decidiu sair à rua e colaborar com o "Que se Lixe a Troika", a estudante Amarílis Felizes sabe que já não consegue "ficar em casa sabendo que anda gente na rua a colar cartazes ou a distribuir panfletos".
"A democracia somos todos nós e "todos temos de ser cidadãos", sustenta.
Afligem-na os "cortes nos salários dos pais, as propinas de valores completamente insustentáveis, o abandono escolar enorme no ensino superior".
Aspirações políticas? "Construir um mundo melhor", garante.
14.10.12
Poesia, palavras de ordem e música de norte a sul contra a austeridade
in Jornal de Notícias
Poesia, palavras de ordem, Zeca Afonso e Beethoven passaram pelo palco montado na Praça de Espanha, em Lisboa, numa manifestação cultural contra a austeridade, à qual muitos pais levaram os filhos por temerem o futuro que terão. O cenário repetiu-se em várias cidades de norte a sul do país.
Cerca de 10 mil pessoas assistem pacificamente aos concertos do protesto "Cultura é Resistência", na Praça de Espanha, em Lisboa, que já levou ao palco também a música de José Afonso, a poesia de Álvaro de Campos e apelos à demissão do Governo.
O maestro Claudio Hochman classificou a iniciativa como "uma manifestação cultural, suprapartidária, suprassindical". Entre a assistência, estava o músico Luís Varatojo, fundador de A Naifa, que disse à agência Lusa que participará no protesto para "correr com os incompetentes que governam cá dentro e lá fora". E acrescentou: "nunca fomos dependentes de subsídios do Estado e o que o Governo está a fazer é a destruição total da economia e a matar a iniciativa provada".
Ana Bacalhau e José Pedro Leitão, dos Deolinda, afirmaram à Lusa que sentiram necessidade de mostrar o descontentamento, tal como qualquer outro cidadão. "O que o Governo está a fazer é mais um golpe à criação. Para tomar atitudes é preciso ter ideias e criatividade e magoar o menos possível as pessoas", disse a vocalista do grupo.
Pedro Gonçalves, contrabaixista dos Dead Combo, alertou para o facto de a situação estar a tornar-se "insustentável". "Eu não vejo isto hoje como uma manifestação de artistas. É um projeto e é essa a maneira de nos expressarmos, disse o músico dos Dead Combo, que irá interpretar hoje com o fadista Camané os temas "Inquietação", de José Mário Branco, e "Vendaval", de Tony de Matos.
Artistas portugueses saíram à rua, este sábado, em Lisboa e em mais de duas dezenas de localidades no país para protestar contra as medidas de austeridade.
No Porto, centenas de manifestantes juntaram-se na Praça D. João I, no Porto, entre os quais apoiantes do movimento internacional "Global Noise", com recurso a tachos e panelas para tornar o protesto mais ruidoso.
Em Braga, cerca de 600 pessoas estiveram na manifestação contra os cortes na Cultura que teve início com a voz de Adolfo Luxúria Canibal a dar o alerta, "sem cultura o homem transforma-se em cão".
Centenas de pessoas animaram as ruas de Coimbra e uma praça da Baixa da cidade com canções, coreografias e "tacholadas", integrando-se no protesto nacional "Que se lixe a Troika! Queremos as Nossas Vidas!".
Em Viseu, mais de 150 pessoas, através da música, poesia, ou de megafone em punho, manifestaram a indignação para com os "Robins do século XXI, que roubam aos pobres".
A canção "Grândola, Vila Morena", de Zeca Afonso, marcou o "pontapé de saída" da manifestação cultural contra as medidas de austeridade em Beja, que, a meio da tarde, contava com a adesão de cerca de 200 pessoas.
No Algarve, cerca de 300 pessoas juntaram-se na Doca de Faro, depois de uma concentração no Jardim da Alameda e marcha por várias artérias da cidade. O palco está montado na Doca para atores, cantores e músicos protestarem contra as medidas de austeridade.
"Chega de desemprego, queremos as nossas vidas" foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes, alguns dos quais munidos de tachos, panelas e caçarolas.
Em Viana dos Castelo, a iniciativa teve a adesão de cerca de 350 pessoas. Na Praça da República ouviram-se várias intervenções e discursos de trabalhadores, desempregados e jovens que subiram ao "palco", improvisado no secular chafariz que ali existe, também para declamar poesia e cantar.
O protesto foi organizado pelo "Movimento cívico Vianense - Manif. com vassoura na mão!", que simbolicamente afirma querer dar uma "vassourada no Governo", o que levou várias pessoas a participarem empunhando vassouras.
As críticas às medidas de austeridade e gritos de ordem exigindo a saída do Governo e contra a 'troika' foram a tónica dominante, mas as declarações do cardeal patriarca de Lisboa, que afirmou que "não se resolve nada contestando", tiveram forte eco na principal praça de Viana do Castelo. "Fez-me lembrar o senhor cardeal Cerejeira, que na ditadura benzia navios com jovens que partiam para a guerra", afirmou José Carlos Barbosa, numa das intervenções mais ovacionadas da tarde.
Poesia, palavras de ordem, Zeca Afonso e Beethoven passaram pelo palco montado na Praça de Espanha, em Lisboa, numa manifestação cultural contra a austeridade, à qual muitos pais levaram os filhos por temerem o futuro que terão. O cenário repetiu-se em várias cidades de norte a sul do país.
Cerca de 10 mil pessoas assistem pacificamente aos concertos do protesto "Cultura é Resistência", na Praça de Espanha, em Lisboa, que já levou ao palco também a música de José Afonso, a poesia de Álvaro de Campos e apelos à demissão do Governo.
O maestro Claudio Hochman classificou a iniciativa como "uma manifestação cultural, suprapartidária, suprassindical". Entre a assistência, estava o músico Luís Varatojo, fundador de A Naifa, que disse à agência Lusa que participará no protesto para "correr com os incompetentes que governam cá dentro e lá fora". E acrescentou: "nunca fomos dependentes de subsídios do Estado e o que o Governo está a fazer é a destruição total da economia e a matar a iniciativa provada".
Ana Bacalhau e José Pedro Leitão, dos Deolinda, afirmaram à Lusa que sentiram necessidade de mostrar o descontentamento, tal como qualquer outro cidadão. "O que o Governo está a fazer é mais um golpe à criação. Para tomar atitudes é preciso ter ideias e criatividade e magoar o menos possível as pessoas", disse a vocalista do grupo.
Pedro Gonçalves, contrabaixista dos Dead Combo, alertou para o facto de a situação estar a tornar-se "insustentável". "Eu não vejo isto hoje como uma manifestação de artistas. É um projeto e é essa a maneira de nos expressarmos, disse o músico dos Dead Combo, que irá interpretar hoje com o fadista Camané os temas "Inquietação", de José Mário Branco, e "Vendaval", de Tony de Matos.
Artistas portugueses saíram à rua, este sábado, em Lisboa e em mais de duas dezenas de localidades no país para protestar contra as medidas de austeridade.
No Porto, centenas de manifestantes juntaram-se na Praça D. João I, no Porto, entre os quais apoiantes do movimento internacional "Global Noise", com recurso a tachos e panelas para tornar o protesto mais ruidoso.
Em Braga, cerca de 600 pessoas estiveram na manifestação contra os cortes na Cultura que teve início com a voz de Adolfo Luxúria Canibal a dar o alerta, "sem cultura o homem transforma-se em cão".
Centenas de pessoas animaram as ruas de Coimbra e uma praça da Baixa da cidade com canções, coreografias e "tacholadas", integrando-se no protesto nacional "Que se lixe a Troika! Queremos as Nossas Vidas!".
Em Viseu, mais de 150 pessoas, através da música, poesia, ou de megafone em punho, manifestaram a indignação para com os "Robins do século XXI, que roubam aos pobres".
A canção "Grândola, Vila Morena", de Zeca Afonso, marcou o "pontapé de saída" da manifestação cultural contra as medidas de austeridade em Beja, que, a meio da tarde, contava com a adesão de cerca de 200 pessoas.
No Algarve, cerca de 300 pessoas juntaram-se na Doca de Faro, depois de uma concentração no Jardim da Alameda e marcha por várias artérias da cidade. O palco está montado na Doca para atores, cantores e músicos protestarem contra as medidas de austeridade.
"Chega de desemprego, queremos as nossas vidas" foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes, alguns dos quais munidos de tachos, panelas e caçarolas.
Em Viana dos Castelo, a iniciativa teve a adesão de cerca de 350 pessoas. Na Praça da República ouviram-se várias intervenções e discursos de trabalhadores, desempregados e jovens que subiram ao "palco", improvisado no secular chafariz que ali existe, também para declamar poesia e cantar.
O protesto foi organizado pelo "Movimento cívico Vianense - Manif. com vassoura na mão!", que simbolicamente afirma querer dar uma "vassourada no Governo", o que levou várias pessoas a participarem empunhando vassouras.
As críticas às medidas de austeridade e gritos de ordem exigindo a saída do Governo e contra a 'troika' foram a tónica dominante, mas as declarações do cardeal patriarca de Lisboa, que afirmou que "não se resolve nada contestando", tiveram forte eco na principal praça de Viana do Castelo. "Fez-me lembrar o senhor cardeal Cerejeira, que na ditadura benzia navios com jovens que partiam para a guerra", afirmou José Carlos Barbosa, numa das intervenções mais ovacionadas da tarde.
13.10.12
"Sem cultura o homem transforma-se em cão"
por Lusa, texto publicado por Paula Mourato, in Diário de Notícias
As ações de protesto já marcham por Portugal. Artistas portugueses manifestam-se em mais de 20 cidades. A manifestação cultural contra os cortes na Cultura arrancou em Braga com a voz de Adolfo Luxúria Canibal. Em Lisboa arranca às 17:00, na Praça de Espanha. Também decorre em Lisboa, a manifestação contra o desemprego "Por um Portugal com Futuro" organizada pela CGTP - com manifestantes que percorreram todo o País.O protesto parte da Praça da Figueira em direção à Assembleia da República. No Porto, centenas estão concentrado na Praça da Batalha.
A manifestação de artistas e população contra os cortes na Cultura arrancou em Braga com a voz de Adolfo Luxúria Canibal a dar o alerta, "sem cultura o homem transforma-se em cão".
Do palco, uma voz ecoa, "oh da Guarda", ouve-se. Adolfo Lúxuria Canibal e o ator António Durães lançam o mote da tarde, um "alerta" para a "razia" nos apoios à Cultura.
Da plateia, cerca de 600 pessoas aplaudem, gritam palavras de ordem e incentivam quem no palco mostra que Portugal "é mais do que números" e sem Cultura "não se vive".
Em declarações à Lusa, um dos organizadores da manifestação, José Barbosa, explica o que no palco se passa.
"Respondemos ao apelo lançado pelo Carlos Mendes. Músicos, atores e gente da cultura vai subir ao palco porque a cultura é fundamental como o pão e por ação deste governo está-nos a faltar o pão", afirmou.
No palco, uma das vozes mais conhecidas e reconhecidas de Braga, a voz dos Mão Morta, junta-se ao som das palavras de António Durães, da Companhia de Teatro do S. João.
"A Cultura padece", afirmam.
Segundo disse à Lusa Lúxuria Canibal, "a cultura é dos primeiros setores da sociedade a sentir a crise".
Segundo o cantor, "quando se chega ao ponto em que se está, em que até no estomago já se sente a crise é porque já passámos por muitos lados. É nesta altura em que o homem se transforma em cão".
António Pacheco, de 25 anos, não é artista mas aderiu ao protesto. "Tiram-nos tudo e ainda querem que nos esqueçamos da crise sem Cultura, o único escape para isso", justificou.
Ao lado, Camila Silva, de 65 anos, concordou. "Aumentaram o preço dos bilhetes, dos espetáculos. Ir a um cinema, ao teatro é só para ricos. E ricos são cada vez menos. Os pobres e remediados também têm direito", reclamou.
Aos 13 anos, Joana Paula reconheceu que nunca foi ao teatro, "é caro", dizem-lhe os pais. "Ao cinema vou uma vez por mês e já não é mau. Tenho pena, sinto que estou a perder conhecimento", lamentou.
Pelo palco montado na Avenida Central vão passar artistas como os Cão Danado, Coro de País da Companhia da Música, o Grupo de Teatro Oprimido de Braga, Jonhy Sem Dente e a atriz Carla Sequeira.
O protesto estará no palco até as 19:00 horas.
A cultura sai hoje à rua contra a austeridade
Artistas portugueses saem hoje à rua, em Lisboa e em mais de duas dezenas de localidades no país, para protestar contra as medidas de austeridade, mas o dia ficará ainda marcado por outras manifestações e concentrações.
A manifestação cultural que se associa ao apelo "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!" concentrará mais de 30 bandas e artistas, que atuarão a partir das 17:00 num palco junto à Praça de Espanha, em Lisboa, na qual estarão ainda atores, realizadores, produtores e promotores.
A esta manifestação em Lisboa, que contará, por exemplo, com Dead Combo, Camané, Diabo na Cruz, Deolinda, Vitorino e Coro Acordai, associam-se outras em mais de 20 cidades, como Porto, Coimbra, Faro, Braga, Santarém, Évora e Caldas da Rainha.
" manifestação cultural de hoje vai juntar-se o movimento internacional Global Noise, com recursos a tachos e panelas.
Hoje está igualmente prevista, segundo o Facebook, a manifestação "contra as políticas de austeridade -- devolvam-nos a dignidade", em 24 cidades portuguesas. Em Lisboa, os manifestantes vão marchar pela avenida da Liberdade até ao Marquês de Pombal, juntando-se depois ao protesto da Praça de Espanha.
A marcha da CGTP contra o desemprego, que tem estado a percorrer o país, também termina hoje em Lisboa, com um desfile entre a Praça da Figueira e a Assembleia da República.
Além dos protestos de hoje, estão previstas ações no domingo e na segunda-feira.
Para domingo, véspera da apresentação do Orçamento do Estado para 2013, estão marcadas duas vigílias junto ao parlamento.
Uma delas é convocada no Facebook pelo movimento "Ocupar Lisboa", para um almoço em São Bento. A outra é marcada pelos indignados de Lisboa e tem início às 00:00 de domingo, prolongando-se até às 18:00 de segunda-feira.
Nesta segunda-feira, realiza-se a concentração "Cerco a São Bento! Este não é o nosso orçamento", marcada para as 18:00, organizada pelo Movimento Sem Emprego e Plataforma 15 de Outubro.
Setor das farmácias realiza hoje desfile até ao Ministério da Saúde
Cerca de 3.500 pessoas do setor das farmácias vão hoje realizar um cortejo desde o Campo Pequeno até ao Ministério da Saúde, em Lisboa, onde pretendem entregar a petição que defende a alteração da política do medicamento.
Segundo o presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), João Cordeiro, várias organizações ligadas às farmácias estarão hoje numa reunião magna no Campo Pequeno, para debater a situação do setor.
Depois do encontro, os cerca de 3.500 a 4.000 participantes vão ser convidados a deslocarem-se, numa marcha, ao Ministério da Saúde, onde contam entregar a petição que, neste momento, já tem mais de 100 mil assinaturas.
A petição, lançada no final de setembro, ao mesmo tempo que as farmácias entravam "em luto", pede uma alteração da política do medicamento, de forma a evitar o encerramento estimado de 600 farmácias.
No texto, os signatários pedem ao Governo que tome as medidas adequadas para que os portugueses tenham um acesso de qualidade aos medicamentos, e para que as farmácias disponham de condições necessárias a um normal funcionamento.
As ações de protesto já marcham por Portugal. Artistas portugueses manifestam-se em mais de 20 cidades. A manifestação cultural contra os cortes na Cultura arrancou em Braga com a voz de Adolfo Luxúria Canibal. Em Lisboa arranca às 17:00, na Praça de Espanha. Também decorre em Lisboa, a manifestação contra o desemprego "Por um Portugal com Futuro" organizada pela CGTP - com manifestantes que percorreram todo o País.O protesto parte da Praça da Figueira em direção à Assembleia da República. No Porto, centenas estão concentrado na Praça da Batalha.
A manifestação de artistas e população contra os cortes na Cultura arrancou em Braga com a voz de Adolfo Luxúria Canibal a dar o alerta, "sem cultura o homem transforma-se em cão".
Do palco, uma voz ecoa, "oh da Guarda", ouve-se. Adolfo Lúxuria Canibal e o ator António Durães lançam o mote da tarde, um "alerta" para a "razia" nos apoios à Cultura.
Da plateia, cerca de 600 pessoas aplaudem, gritam palavras de ordem e incentivam quem no palco mostra que Portugal "é mais do que números" e sem Cultura "não se vive".
Em declarações à Lusa, um dos organizadores da manifestação, José Barbosa, explica o que no palco se passa.
"Respondemos ao apelo lançado pelo Carlos Mendes. Músicos, atores e gente da cultura vai subir ao palco porque a cultura é fundamental como o pão e por ação deste governo está-nos a faltar o pão", afirmou.
No palco, uma das vozes mais conhecidas e reconhecidas de Braga, a voz dos Mão Morta, junta-se ao som das palavras de António Durães, da Companhia de Teatro do S. João.
"A Cultura padece", afirmam.
Segundo disse à Lusa Lúxuria Canibal, "a cultura é dos primeiros setores da sociedade a sentir a crise".
Segundo o cantor, "quando se chega ao ponto em que se está, em que até no estomago já se sente a crise é porque já passámos por muitos lados. É nesta altura em que o homem se transforma em cão".
António Pacheco, de 25 anos, não é artista mas aderiu ao protesto. "Tiram-nos tudo e ainda querem que nos esqueçamos da crise sem Cultura, o único escape para isso", justificou.
Ao lado, Camila Silva, de 65 anos, concordou. "Aumentaram o preço dos bilhetes, dos espetáculos. Ir a um cinema, ao teatro é só para ricos. E ricos são cada vez menos. Os pobres e remediados também têm direito", reclamou.
Aos 13 anos, Joana Paula reconheceu que nunca foi ao teatro, "é caro", dizem-lhe os pais. "Ao cinema vou uma vez por mês e já não é mau. Tenho pena, sinto que estou a perder conhecimento", lamentou.
Pelo palco montado na Avenida Central vão passar artistas como os Cão Danado, Coro de País da Companhia da Música, o Grupo de Teatro Oprimido de Braga, Jonhy Sem Dente e a atriz Carla Sequeira.
O protesto estará no palco até as 19:00 horas.
A cultura sai hoje à rua contra a austeridade
Artistas portugueses saem hoje à rua, em Lisboa e em mais de duas dezenas de localidades no país, para protestar contra as medidas de austeridade, mas o dia ficará ainda marcado por outras manifestações e concentrações.
A manifestação cultural que se associa ao apelo "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!" concentrará mais de 30 bandas e artistas, que atuarão a partir das 17:00 num palco junto à Praça de Espanha, em Lisboa, na qual estarão ainda atores, realizadores, produtores e promotores.
A esta manifestação em Lisboa, que contará, por exemplo, com Dead Combo, Camané, Diabo na Cruz, Deolinda, Vitorino e Coro Acordai, associam-se outras em mais de 20 cidades, como Porto, Coimbra, Faro, Braga, Santarém, Évora e Caldas da Rainha.
" manifestação cultural de hoje vai juntar-se o movimento internacional Global Noise, com recursos a tachos e panelas.
Hoje está igualmente prevista, segundo o Facebook, a manifestação "contra as políticas de austeridade -- devolvam-nos a dignidade", em 24 cidades portuguesas. Em Lisboa, os manifestantes vão marchar pela avenida da Liberdade até ao Marquês de Pombal, juntando-se depois ao protesto da Praça de Espanha.
A marcha da CGTP contra o desemprego, que tem estado a percorrer o país, também termina hoje em Lisboa, com um desfile entre a Praça da Figueira e a Assembleia da República.
Além dos protestos de hoje, estão previstas ações no domingo e na segunda-feira.
Para domingo, véspera da apresentação do Orçamento do Estado para 2013, estão marcadas duas vigílias junto ao parlamento.
Uma delas é convocada no Facebook pelo movimento "Ocupar Lisboa", para um almoço em São Bento. A outra é marcada pelos indignados de Lisboa e tem início às 00:00 de domingo, prolongando-se até às 18:00 de segunda-feira.
Nesta segunda-feira, realiza-se a concentração "Cerco a São Bento! Este não é o nosso orçamento", marcada para as 18:00, organizada pelo Movimento Sem Emprego e Plataforma 15 de Outubro.
Setor das farmácias realiza hoje desfile até ao Ministério da Saúde
Cerca de 3.500 pessoas do setor das farmácias vão hoje realizar um cortejo desde o Campo Pequeno até ao Ministério da Saúde, em Lisboa, onde pretendem entregar a petição que defende a alteração da política do medicamento.
Segundo o presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), João Cordeiro, várias organizações ligadas às farmácias estarão hoje numa reunião magna no Campo Pequeno, para debater a situação do setor.
Depois do encontro, os cerca de 3.500 a 4.000 participantes vão ser convidados a deslocarem-se, numa marcha, ao Ministério da Saúde, onde contam entregar a petição que, neste momento, já tem mais de 100 mil assinaturas.
A petição, lançada no final de setembro, ao mesmo tempo que as farmácias entravam "em luto", pede uma alteração da política do medicamento, de forma a evitar o encerramento estimado de 600 farmácias.
No texto, os signatários pedem ao Governo que tome as medidas adequadas para que os portugueses tenham um acesso de qualidade aos medicamentos, e para que as farmácias disponham de condições necessárias a um normal funcionamento.
12.10.12
Portugueses nas ruas durante três dias contra a austeridade
in RR
No sábado, domingo e segunda-feira milhares de portugueses vão manifestar-se em várias cidades do país.
Várias manifestações e uma concentração contra as medidas de austeridade do Governo estão previstas para sábado, domingo e segunda-feira, em várias cidades do país.
O maior número de protestos acontece no sábado, sendo a manifestação cultural em cerca de 20 cidades portugueses a que deve reunir o maior número de pessoas.
Segundo a rede social Facebook, mais de uma dezena de milhar de pessoas já confirmou a presença para a manifestação cultural, a decorrer na Praça de Espanha, em Lisboa, a partir das 17h00 de sábado, que vai contar com a actuação de mais de trinta artistas e bandas e com a participação de vários agentes do sector, do cinema à dança e ao teatro.
O protesto, que se junta ao apelo "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!", estender-se-á a quase vinte cidades de todo o país, nomeadamente ao Porto, para onde está prevista, por exemplo, a actuação dos Clã, a Aveiro, Coimbra, Faro, Braga e Santarém.
Está ainda previsto, no sábado, um protesto de portugueses junto ao consulado de Portugal em Fortaleza, no Brasil.
A manifestação cultural de sábado vai associar-se ao movimento internacional Global Noise, com recursos a tachos e panelas.
Além da capital, o protesto sonoro também se fará ouvir, em simultâneo, em Braga, Porto, Viseu, Coimbra, Aveiro, Caldas da Rainha, Setúbal, Loulé, Faro ou Portimão, mas também um pouco por todo o mundo. A "hora marcada para fazer barulho" é às 17h00 e às 21h00.
No sábado está igualmente prevista, segundo o Facebook, a manifestação "contra as políticas de austeridade - devolvam-nos a dignidade", em 24
cidades portugueses. Em Lisboa, os manifestantes vão marchar pela Avenida da Liberdade até ao Marquês de Pombal, juntando-se depois ao protesto da
Praça de Espanha.
A marcha da CGTP contra o desemprego termina sábado, em Lisboa, com um desfile entre a Praça da Figueira e a Assembleia da República.
Para domingo, vésperas da apresentação do Orçamento do Estado para 2013, na Assembleia da República, estão marcadas duas vigílias junto ao Parlamento.
Uma delas é convocada no Facebook pelo movimento "ocupar Lisboa", que convida para um almoço em São Bento.
A outra é marcada pelos indignados de Lisboa e tem início às 00h00 de domingo, prolongando-se até às 18h00 de segunda-feira.
Os indignados de Lisboa dizem que vão ficar "pacificamente" em São Bento até à concentração "Cerco a São Bento! Este não é o nosso orçamento", marcada para as 18h00 de segunda-feira.
O Movimento Sem Emprego e a Plataforma 15 de Outubro são alguns dos promotores da concentração para o dia da entrega do Orçamento do Estado.
"Este não é o nosso Orçamento pois só trará mais desemprego, desigualdade e miséria. Por isso, no dia da sua entrega, iremos a São Bento dizer que não o queremos! Exigimos que o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas se demita!", escreve a Plataforma 15 de Outubro no apelo à participação da concentração "Cerco a São Bento! Este não é o nosso Orçamento".
No sábado, domingo e segunda-feira milhares de portugueses vão manifestar-se em várias cidades do país.
Várias manifestações e uma concentração contra as medidas de austeridade do Governo estão previstas para sábado, domingo e segunda-feira, em várias cidades do país.
O maior número de protestos acontece no sábado, sendo a manifestação cultural em cerca de 20 cidades portugueses a que deve reunir o maior número de pessoas.
Segundo a rede social Facebook, mais de uma dezena de milhar de pessoas já confirmou a presença para a manifestação cultural, a decorrer na Praça de Espanha, em Lisboa, a partir das 17h00 de sábado, que vai contar com a actuação de mais de trinta artistas e bandas e com a participação de vários agentes do sector, do cinema à dança e ao teatro.
O protesto, que se junta ao apelo "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!", estender-se-á a quase vinte cidades de todo o país, nomeadamente ao Porto, para onde está prevista, por exemplo, a actuação dos Clã, a Aveiro, Coimbra, Faro, Braga e Santarém.
Está ainda previsto, no sábado, um protesto de portugueses junto ao consulado de Portugal em Fortaleza, no Brasil.
A manifestação cultural de sábado vai associar-se ao movimento internacional Global Noise, com recursos a tachos e panelas.
Além da capital, o protesto sonoro também se fará ouvir, em simultâneo, em Braga, Porto, Viseu, Coimbra, Aveiro, Caldas da Rainha, Setúbal, Loulé, Faro ou Portimão, mas também um pouco por todo o mundo. A "hora marcada para fazer barulho" é às 17h00 e às 21h00.
No sábado está igualmente prevista, segundo o Facebook, a manifestação "contra as políticas de austeridade - devolvam-nos a dignidade", em 24
cidades portugueses. Em Lisboa, os manifestantes vão marchar pela Avenida da Liberdade até ao Marquês de Pombal, juntando-se depois ao protesto da
Praça de Espanha.
A marcha da CGTP contra o desemprego termina sábado, em Lisboa, com um desfile entre a Praça da Figueira e a Assembleia da República.
Para domingo, vésperas da apresentação do Orçamento do Estado para 2013, na Assembleia da República, estão marcadas duas vigílias junto ao Parlamento.
Uma delas é convocada no Facebook pelo movimento "ocupar Lisboa", que convida para um almoço em São Bento.
A outra é marcada pelos indignados de Lisboa e tem início às 00h00 de domingo, prolongando-se até às 18h00 de segunda-feira.
Os indignados de Lisboa dizem que vão ficar "pacificamente" em São Bento até à concentração "Cerco a São Bento! Este não é o nosso orçamento", marcada para as 18h00 de segunda-feira.
O Movimento Sem Emprego e a Plataforma 15 de Outubro são alguns dos promotores da concentração para o dia da entrega do Orçamento do Estado.
"Este não é o nosso Orçamento pois só trará mais desemprego, desigualdade e miséria. Por isso, no dia da sua entrega, iremos a São Bento dizer que não o queremos! Exigimos que o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas se demita!", escreve a Plataforma 15 de Outubro no apelo à participação da concentração "Cerco a São Bento! Este não é o nosso Orçamento".
Várias manifestações entre sábado e segunda-feira contra a austeridade
in Jornal de Notícias
Várias manifestações e concentração contra as medidas de austeridade do Governo estão previstas para sábado, domingo e segunda-feira, em várias cidades do país.
O maior número de protestos acontece no sábado, sendo a manifestação cultural em cerca de 20 cidades portugueses a que deve reunir o maior número de pessoas.
Segundo a rede social Facebook, mais de uma dezena de milhar de pessoas já confirmaram a presença para a manifestação cultural, a decorrer na Praça de Espanha, em Lisboa, a partir das 17.00 horas de sábado, que vai contar com a atuação de mais de 30 artistas e bandas e com a participação de vários agentes do setor, do cinema à dança e ao teatro.
O protesto, que se junta ao apelo "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!", estender-se-á a quase vinte cidades de todo o país, nomeadamente ao Porto, para onde está prevista, por exemplo, a atuação dos Clã, a Aveiro, Coimbra, Faro, Braga e Santarém.
Está ainda previsto, no sábado, um protesto de portugueses junto ao consulado de Portugal em Fortaleza, no Brasil.
A manifestação cultural de sábado vai associar-se ao movimento internacional Global Noise, com recursos a tachos e panelas.
Além da capital, o protesto sonoro também se fará ouvir, em simultâneo, em Braga, Porto, Viseu, Coimbra, Aveiro, Caldas da Rainha, Setúbal, Loulé, Faro ou Portimão, mas também um pouco por todo o mundo. A "hora marcada para fazer barulho" é às 17.00 horas e às 21.00 horas.
No sábado está igualmente prevista, segundo o Facebook, a manifestação "contra as políticas de austeridade - devolvam-nos a dignidade", em 24 cidades portugueses. Em Lisboa, os manifestantes vão marchar pela Avenida da Liberdade até ao Marquês de Pombal, juntando-se depois ao protesto da Praça de Espanha.
A marcha da CGTP contra o desemprego termina sábado, em Lisboa, com um desfile entre a Praça da Figueira e a Assembleia da República.
Para domingo, vésperas da apresentação do Orçamento do Estado para 2013, na Assembleia da República, estão marcadas duas vigílias junto ao parlamento. Uma delas é convocada no Facebook pelo movimento "ocupar Lisboa", que convida para um almoço em São Bento.
A outra é marcada pelos indignados de Lisboa e tem início às 00.00 horas de domingo, prolongando-se até às 18.00 horas de segunda-feira.
Os indignados de Lisboa dizem que vão ficar "pacificamente" em São Bento até à concentração "Cerco a São Bento! Este não é o nosso orçamento", marcada para as 18.00 horas de segunda-feira.
O Movimento Sem Emprego e a Plataforma 15 de Outubro são alguns dos promotores da concentração para o dia da entrega do Orçamento do Estado.
"Este não é o nosso orçamento pois só trará mais desemprego, desigualdade e miséria. Por isso, no dia da sua entrega, iremos a São Bento dizer que não o queremos! Exigimos que o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas se demita!", escreve a Plataforma 15 de Outubro no apelo à participação da concentração "Cerco a São Bento! Este não é o nosso orçamento".
Várias manifestações e concentração contra as medidas de austeridade do Governo estão previstas para sábado, domingo e segunda-feira, em várias cidades do país.
O maior número de protestos acontece no sábado, sendo a manifestação cultural em cerca de 20 cidades portugueses a que deve reunir o maior número de pessoas.
Segundo a rede social Facebook, mais de uma dezena de milhar de pessoas já confirmaram a presença para a manifestação cultural, a decorrer na Praça de Espanha, em Lisboa, a partir das 17.00 horas de sábado, que vai contar com a atuação de mais de 30 artistas e bandas e com a participação de vários agentes do setor, do cinema à dança e ao teatro.
O protesto, que se junta ao apelo "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!", estender-se-á a quase vinte cidades de todo o país, nomeadamente ao Porto, para onde está prevista, por exemplo, a atuação dos Clã, a Aveiro, Coimbra, Faro, Braga e Santarém.
Está ainda previsto, no sábado, um protesto de portugueses junto ao consulado de Portugal em Fortaleza, no Brasil.
A manifestação cultural de sábado vai associar-se ao movimento internacional Global Noise, com recursos a tachos e panelas.
Além da capital, o protesto sonoro também se fará ouvir, em simultâneo, em Braga, Porto, Viseu, Coimbra, Aveiro, Caldas da Rainha, Setúbal, Loulé, Faro ou Portimão, mas também um pouco por todo o mundo. A "hora marcada para fazer barulho" é às 17.00 horas e às 21.00 horas.
No sábado está igualmente prevista, segundo o Facebook, a manifestação "contra as políticas de austeridade - devolvam-nos a dignidade", em 24 cidades portugueses. Em Lisboa, os manifestantes vão marchar pela Avenida da Liberdade até ao Marquês de Pombal, juntando-se depois ao protesto da Praça de Espanha.
A marcha da CGTP contra o desemprego termina sábado, em Lisboa, com um desfile entre a Praça da Figueira e a Assembleia da República.
Para domingo, vésperas da apresentação do Orçamento do Estado para 2013, na Assembleia da República, estão marcadas duas vigílias junto ao parlamento. Uma delas é convocada no Facebook pelo movimento "ocupar Lisboa", que convida para um almoço em São Bento.
A outra é marcada pelos indignados de Lisboa e tem início às 00.00 horas de domingo, prolongando-se até às 18.00 horas de segunda-feira.
Os indignados de Lisboa dizem que vão ficar "pacificamente" em São Bento até à concentração "Cerco a São Bento! Este não é o nosso orçamento", marcada para as 18.00 horas de segunda-feira.
O Movimento Sem Emprego e a Plataforma 15 de Outubro são alguns dos promotores da concentração para o dia da entrega do Orçamento do Estado.
"Este não é o nosso orçamento pois só trará mais desemprego, desigualdade e miséria. Por isso, no dia da sua entrega, iremos a São Bento dizer que não o queremos! Exigimos que o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas se demita!", escreve a Plataforma 15 de Outubro no apelo à participação da concentração "Cerco a São Bento! Este não é o nosso orçamento".
7.10.12
Protesto contra austeridade toma conta de 57 cidades espanholas
in Público on-line
Milhares de pessoas saem à rua, neste domingo, em Espanha, num protesto geral contra os cortes orçamentais e os planos de austeridade do Governo liderado por Mariano Rajoy (PP). Em 57 cidades, as ruas estão ocupadas por manifestantes convocados por 150 organizações, que se organizaram na chamada Cimeira Social.
Cercados por dúvidas sobre a necessidade de um plano de auxílio financeiro internacional, os espanhóis decidiram sair à rua neste domingo para marcarem uma posição, num clima que o jornal El Mundo descreve como sendo de "greve geral".
"Exige-se um referendo contra Rajoy. Há cartazes contra a pobreza que aí vem", escreve o mesmo jornal diário, na edição online, com base no que se viu de manhã na capital espanhola. Os organizadores do protesto madrileno dizem que 72 mil pessoas marcharam pelo centro da cidade, mas a mobilização alarga-se a todo o país.
Segundo a imprensa espanhola online, o protesto estendeu-se de Norte a Sul, para demonstrar que a Moncloa, dede do Governo em Madrid, pode esperar por luta contra o Orçamento do Estado proposto para 2013.
Em Madrid, a marcha terminou com a leitura de um manifesto em que se exige a realização de um referendo à política de austeridade que o Governo pretende promover. "Sr. Rajoy, por que não pergunta ao povo espanhol o que este pensa das suas políticas?", questiona o manifesto da Cimeira Social, frisando que a proposta de Orçamento "unicamente contempla cortes no investimento, sacrifica os estímulos à actividade económica e criação de emprego, e renuncia a uma política fiscal que melhore a receita do Estado".
No contexto actual, com cortes que se estendem a prestações sociais como o desemprego, o congelamento de pensões e mais desemprego "só se pode esperar que aumente a pobreza e a exclusão, fenómenos que afectam maioritariamente as mulheres, os imigrantes, os jovens, as crianças".
Para além das políticas, os promotores deste manifesto que levou de novo dezenas de milhares de contribuintes para as ruas – como já tinha sucedido em Setembro, por diversas vezes – criticam também a gestão que as autoridades estão a fazer destes protestos. A 25 de Setembro, uma manifestação perto do Parlamento em Madrid terminou em violência. A justiça esteve para investigar quem financiou esse protesto, mas acabou em última instância por arquivar o caso. A polícia e o Governo foram acusados de excesso de força e de tentativa de silenciamento.
"Estão a tentar transformar a expressão de um conflito social num problema de ordem pública", afirma o manifesto destas 150 organizações, que representam quase um milhar de entidades sociais e sindicais.
Milhares de pessoas saem à rua, neste domingo, em Espanha, num protesto geral contra os cortes orçamentais e os planos de austeridade do Governo liderado por Mariano Rajoy (PP). Em 57 cidades, as ruas estão ocupadas por manifestantes convocados por 150 organizações, que se organizaram na chamada Cimeira Social.
Cercados por dúvidas sobre a necessidade de um plano de auxílio financeiro internacional, os espanhóis decidiram sair à rua neste domingo para marcarem uma posição, num clima que o jornal El Mundo descreve como sendo de "greve geral".
"Exige-se um referendo contra Rajoy. Há cartazes contra a pobreza que aí vem", escreve o mesmo jornal diário, na edição online, com base no que se viu de manhã na capital espanhola. Os organizadores do protesto madrileno dizem que 72 mil pessoas marcharam pelo centro da cidade, mas a mobilização alarga-se a todo o país.
Segundo a imprensa espanhola online, o protesto estendeu-se de Norte a Sul, para demonstrar que a Moncloa, dede do Governo em Madrid, pode esperar por luta contra o Orçamento do Estado proposto para 2013.
Em Madrid, a marcha terminou com a leitura de um manifesto em que se exige a realização de um referendo à política de austeridade que o Governo pretende promover. "Sr. Rajoy, por que não pergunta ao povo espanhol o que este pensa das suas políticas?", questiona o manifesto da Cimeira Social, frisando que a proposta de Orçamento "unicamente contempla cortes no investimento, sacrifica os estímulos à actividade económica e criação de emprego, e renuncia a uma política fiscal que melhore a receita do Estado".
No contexto actual, com cortes que se estendem a prestações sociais como o desemprego, o congelamento de pensões e mais desemprego "só se pode esperar que aumente a pobreza e a exclusão, fenómenos que afectam maioritariamente as mulheres, os imigrantes, os jovens, as crianças".
Para além das políticas, os promotores deste manifesto que levou de novo dezenas de milhares de contribuintes para as ruas – como já tinha sucedido em Setembro, por diversas vezes – criticam também a gestão que as autoridades estão a fazer destes protestos. A 25 de Setembro, uma manifestação perto do Parlamento em Madrid terminou em violência. A justiça esteve para investigar quem financiou esse protesto, mas acabou em última instância por arquivar o caso. A polícia e o Governo foram acusados de excesso de força e de tentativa de silenciamento.
"Estão a tentar transformar a expressão de um conflito social num problema de ordem pública", afirma o manifesto destas 150 organizações, que representam quase um milhar de entidades sociais e sindicais.
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