por Lusa, texto publicado por Paula Mourato, in Diário de Notícias
As ações de protesto já marcham por Portugal. Artistas portugueses manifestam-se em mais de 20 cidades. A manifestação cultural contra os cortes na Cultura arrancou em Braga com a voz de Adolfo Luxúria Canibal. Em Lisboa arranca às 17:00, na Praça de Espanha. Também decorre em Lisboa, a manifestação contra o desemprego "Por um Portugal com Futuro" organizada pela CGTP - com manifestantes que percorreram todo o País.O protesto parte da Praça da Figueira em direção à Assembleia da República. No Porto, centenas estão concentrado na Praça da Batalha.
A manifestação de artistas e população contra os cortes na Cultura arrancou em Braga com a voz de Adolfo Luxúria Canibal a dar o alerta, "sem cultura o homem transforma-se em cão".
Do palco, uma voz ecoa, "oh da Guarda", ouve-se. Adolfo Lúxuria Canibal e o ator António Durães lançam o mote da tarde, um "alerta" para a "razia" nos apoios à Cultura.
Da plateia, cerca de 600 pessoas aplaudem, gritam palavras de ordem e incentivam quem no palco mostra que Portugal "é mais do que números" e sem Cultura "não se vive".
Em declarações à Lusa, um dos organizadores da manifestação, José Barbosa, explica o que no palco se passa.
"Respondemos ao apelo lançado pelo Carlos Mendes. Músicos, atores e gente da cultura vai subir ao palco porque a cultura é fundamental como o pão e por ação deste governo está-nos a faltar o pão", afirmou.
No palco, uma das vozes mais conhecidas e reconhecidas de Braga, a voz dos Mão Morta, junta-se ao som das palavras de António Durães, da Companhia de Teatro do S. João.
"A Cultura padece", afirmam.
Segundo disse à Lusa Lúxuria Canibal, "a cultura é dos primeiros setores da sociedade a sentir a crise".
Segundo o cantor, "quando se chega ao ponto em que se está, em que até no estomago já se sente a crise é porque já passámos por muitos lados. É nesta altura em que o homem se transforma em cão".
António Pacheco, de 25 anos, não é artista mas aderiu ao protesto. "Tiram-nos tudo e ainda querem que nos esqueçamos da crise sem Cultura, o único escape para isso", justificou.
Ao lado, Camila Silva, de 65 anos, concordou. "Aumentaram o preço dos bilhetes, dos espetáculos. Ir a um cinema, ao teatro é só para ricos. E ricos são cada vez menos. Os pobres e remediados também têm direito", reclamou.
Aos 13 anos, Joana Paula reconheceu que nunca foi ao teatro, "é caro", dizem-lhe os pais. "Ao cinema vou uma vez por mês e já não é mau. Tenho pena, sinto que estou a perder conhecimento", lamentou.
Pelo palco montado na Avenida Central vão passar artistas como os Cão Danado, Coro de País da Companhia da Música, o Grupo de Teatro Oprimido de Braga, Jonhy Sem Dente e a atriz Carla Sequeira.
O protesto estará no palco até as 19:00 horas.
A cultura sai hoje à rua contra a austeridade
Artistas portugueses saem hoje à rua, em Lisboa e em mais de duas dezenas de localidades no país, para protestar contra as medidas de austeridade, mas o dia ficará ainda marcado por outras manifestações e concentrações.
A manifestação cultural que se associa ao apelo "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!" concentrará mais de 30 bandas e artistas, que atuarão a partir das 17:00 num palco junto à Praça de Espanha, em Lisboa, na qual estarão ainda atores, realizadores, produtores e promotores.
A esta manifestação em Lisboa, que contará, por exemplo, com Dead Combo, Camané, Diabo na Cruz, Deolinda, Vitorino e Coro Acordai, associam-se outras em mais de 20 cidades, como Porto, Coimbra, Faro, Braga, Santarém, Évora e Caldas da Rainha.
" manifestação cultural de hoje vai juntar-se o movimento internacional Global Noise, com recursos a tachos e panelas.
Hoje está igualmente prevista, segundo o Facebook, a manifestação "contra as políticas de austeridade -- devolvam-nos a dignidade", em 24 cidades portuguesas. Em Lisboa, os manifestantes vão marchar pela avenida da Liberdade até ao Marquês de Pombal, juntando-se depois ao protesto da Praça de Espanha.
A marcha da CGTP contra o desemprego, que tem estado a percorrer o país, também termina hoje em Lisboa, com um desfile entre a Praça da Figueira e a Assembleia da República.
Além dos protestos de hoje, estão previstas ações no domingo e na segunda-feira.
Para domingo, véspera da apresentação do Orçamento do Estado para 2013, estão marcadas duas vigílias junto ao parlamento.
Uma delas é convocada no Facebook pelo movimento "Ocupar Lisboa", para um almoço em São Bento. A outra é marcada pelos indignados de Lisboa e tem início às 00:00 de domingo, prolongando-se até às 18:00 de segunda-feira.
Nesta segunda-feira, realiza-se a concentração "Cerco a São Bento! Este não é o nosso orçamento", marcada para as 18:00, organizada pelo Movimento Sem Emprego e Plataforma 15 de Outubro.
Setor das farmácias realiza hoje desfile até ao Ministério da Saúde
Cerca de 3.500 pessoas do setor das farmácias vão hoje realizar um cortejo desde o Campo Pequeno até ao Ministério da Saúde, em Lisboa, onde pretendem entregar a petição que defende a alteração da política do medicamento.
Segundo o presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), João Cordeiro, várias organizações ligadas às farmácias estarão hoje numa reunião magna no Campo Pequeno, para debater a situação do setor.
Depois do encontro, os cerca de 3.500 a 4.000 participantes vão ser convidados a deslocarem-se, numa marcha, ao Ministério da Saúde, onde contam entregar a petição que, neste momento, já tem mais de 100 mil assinaturas.
A petição, lançada no final de setembro, ao mesmo tempo que as farmácias entravam "em luto", pede uma alteração da política do medicamento, de forma a evitar o encerramento estimado de 600 farmácias.
No texto, os signatários pedem ao Governo que tome as medidas adequadas para que os portugueses tenham um acesso de qualidade aos medicamentos, e para que as farmácias disponham de condições necessárias a um normal funcionamento.