por Celso Paiva Sol, in RR
O peso da economia paralela em Portugal ultrapassa já os 25% do PIB e o Observatório da Economia e Gestão da Fraude não tem dúvidas de que a austeridade imposta aos portugueses vai alimentar a tendência para o crescimento.
Com o Orçamento de 2013 a carregar os portugueses de impostos, os especialistas não têm a menor dúvida de que isso vai aumentar, ainda mais, o peso que a economia paralela já tem em Portugal.
A evidência encontra-se na constante quebra da receita fiscal registada nas contas do Estado, mas também, por exemplo, na percepção que os trabalhadores dos impostos vão tendo do contacto com os contribuintes.
“Há toda uma economia paralela que não responde a determinados padrões regulares. Tudo o que tem a ver com feiras, a ida a consultórios médicos, escritórios de advogados… mas há todo um rol de situações novas que estão a ocorrer neste momento. Por exemplo, a subfacturação nas importações de produtos do Oriente é uma realidade cada vez mais premente. No dia-a-dia, este tipo de situações tende a generalizar-se”, aponta à Renascença o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, Paulo Ralha.
O professor na Faculdade de Economia do Porto e presidente do Observatório da Economia e Gestão da Fraude, Carlos Pimenta, acrescenta que, a somar à crise, há uma cada vez maior desconfiança em relação ao Estado. “Há sectores que sistematicamente fazem fuga ao fisco, independentemente das taxas que sejam praticadas – todas são desagradáveis, comparadas com os paraísos fiscais onde podem actuar”, afirma.
Depois, há outros em que “a fuga ao fisco funciona ou como um processo de propagação face aos maus exemplos a que se assiste ou como um processo de salvaguarda, devido à necessidade de viver com um mínimo de dignidade”.
Desde 2008, início da crise internacional, a economia paralela cresceu 3% em Portugal. Hoje, ultrapassa os 25% do PIB.
Confrontados com o tema “economia paralela”, os portugueses não se esforçam muito por esconder que fintam o fisco, sempre que podem.
“Desde que me façam mais barato, geralmente não quero recibo, porque, em vez de dar lá ao Relvas, fico eu com ele”, revela um inquirido pela Renascença.
Outros há que admitem que fugir ao fisco não ajuda à economia global: “Se todos fugirmos, então isto nunca mais vai endireitar!”
Para os fumadores, os impostos tornam o vício cada vez mais caro, razão pela qual haja quem esteja disponível para qualquer alternativa que saia mais barata. Mas, como sempre, há também o outro lado da moeda: “Contrabando não, isso é tudo a mesma porcaria. Uma pessoa às vezes pensa que está a ganhar dinheiro e está a perdê-lo”.