in Jornal de Notícias
Moçambique tem, no espaço lusófono, o melhor registo de igualdade entre mulheres e homens, conclui o relatório do Fórum Económico Mundial, divulgado esta quarta-feira, apontando ainda que Portugal desceu 12 lugares na tabela.
Desde 2006 que o relatório "Global Gender Gap" monitoriza os hiatos de género - recorrendo a indicadores económicos, políticos, de educação e saúde - em 135 países, identificando os modelos a seguir e as boas práticas.
Todos os países nórdicos (Islândia, que lidera a tabela da igualdade de género pelo quarto ano consecutivo, Finlândia, Noruega, Suécia e Dinamarca) estão entre os primeiros dez lugares da lista, juntamente com Irlanda, Nova Zelândia, Filipinas, Nicarágua e Suíça.
No canto inverso, estão países como Chade, Paquistão e Iémen. Nenhum país do Médio Oriente ou do Norte de África está qualificado entre a primeira centena de lugares.
No "ranking" global, Moçambique subiu três lugares e lidera o espaço lusófono na 23.ª posição, "devido a evoluções na educação", constata o Fórum Económico Mundial, destacando ainda que o país africano está entre os dez onde as mulheres têm maior participação e oportunidades na economia.
Cabo Verde, um dos novos países incluídos na análise deste ano, ocupa o 35.º lugar e está "entre os 20 países com melhores registos de integração de mulheres na educação secundária e em cargos ministeriais".
Moçambique e Cabo Verde estão bem à frente de Portugal (47.ª posição), que caiu 12 lugares, "sobretudo pela diminuição na percentagem [de mulheres] na educação primária e terciária, bem como na percentagem de mulheres em posições governamentais (de 31% em 2011 para 18 % em 2012)".
Apesar de estar apenas na 62.ª posição, o Brasil registou uma subida de 20 lugares, em resultado do "desenvolvimento na educação primária" e do aumento da percentagem de mulheres em cargos ministeriais, de 7 para 27 por cento, resume o relatório.
Timor-Leste, país que também foi incluído na edição deste ano, está na 68.ª posição e Angola não forneceu dados sobre 2012.
Em geral, o relatório indica "persistentes hiatos de género" e, quando compara dados entre 2006 e 2012 (possível para 111 países), conclui que a maioria tem feito "progressos lentos" na redução.
O relatório destaca que o acesso a cargos de poder político e económico é ainda muito desigual para as mulheres.
Apesar de quase todos os 135 países analisados no relatório terem feito progressos na redução do fosso entre mulheres e homens na saúde e na educação, apenas 60 por cento dos Estados conseguiram reduzir as diferenças económicas e somente 20 por cento no plano político.
Um dia depois de conhecido o adiamento da proposta para fixar uma quota de 40 por cento de mulheres entre os membros não executivos dos conselhos de administração das grandes empresas, o relatório sublinha que, apesar da crescente integração de mulheres nas várias áreas do conhecimento, "o fosso [entre mulheres e homens] nos postos de chefia e responsabilidade mantém-se".
Ao comunicar o adiamento, a autora da proposta, a vice-presidente da Comissão Europeia e comissária para Justiça, Direitos Fundamentais e Cidadania, Viviane Reding, garantiu que a apresentará "em novembro, o mais tardar".