29.10.12

Leilão de 52 lojas espalhadas por Lisboa promete rendas anti-crise

Por Carlos Filipe, in Público on-line

Arrendar um espaço comercial por quantias mensais que crescem ao longo dos primeiros cinco anos do contrato, mas que nos 12 meses iniciais se ficam pelo valor da mais alta licitação em leilão público é a proposta da Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL) e da InvestLisboa, agência de promoção e captação de investimentos.

Para já, está em cima da mesa uma oferta de 52 lojas. Os promotores afirmam que se trata de um projecto anti-crise, formatado para atacar a conjuntura económica. O leilão, que esperam ser muito concorrido, ocorrerá no dia 7 de Novembro, na Associação Comercial de Lisboa.

A iniciativa é inédita e está alicerçada numa lógica em que todos ficam a ganhar. Junta a InvestLisboa (que resulta de uma parceria entre a câmara e a Associação Comercial de Lisboa), criada para atrair investimentos para a capital, à EPUL, que aproveita para proceder à valorização do seu património disperso pela cidade.

O que ambas as entidades sustentam é que se trata de uma mudança radical de paradigma. "As pessoas não estão em condições de avançar para um aluguer de 1500, 2000 euros, como lhes vinham pedindo por um espaço no centro da cidade, e podem encontrar aqui uma porta de entrada, simples, não só pelo preço, mas pela transparência do procedimento, mas também pelo seu rigor. Muita gente tinha projectos guardados na gaveta e este aliciante está a fazê-las avançar", explica Pedro Vicente, director de marketing e valorização de activos da EPUL. Segundo afirma, a empresa municipal está a fazer um esforço para praticar valores mais baixos de arrendamento, esforço esse que faz todo o sentido nestes tempos e na área de actuação da EPUL.

As lojas disponíveis estão distribuídas por Entrecampos, Rua de São Bento, Vale de Santo António, Paço do Lumiar, Alta de Lisboa, Telheiras, Rua do Benformoso e têm as mais variadas áreas, em edifícios novos ou reabilitados. "A maior parte dos edifícios está habitada, mas as lojas foram deixadas para o fim e ou estão em tosco, ou já acabadas", diz Pedro Vicente.

O valor base da licitação está fixado em 135 euros no caso de uma loja com 26 m2 de área na Rua Mário Cesariny, em Entrecampos, mas também em duas outras, na Rua Barrilaro Ruas, no Vale de Santo António. A licitação será feita em intervalos de cinco euros e o valor final definirá a mensalidade a pagar durante o primeiro ano de contrato, que subirá para 165 no segundo, 195 no terceiro, 240 no quarto, atingindo o valor máximo de 300 euros no quinto ano.

Os valores iniciais são muito variáveis, podendo atingir os 1620 euros para um dos lotes no Paço do Lumiar, por sinal o de maior dimensão, com 907 m2 de área útil. No quinto ano, a mensalidade desse espaço atingirá o valor máximo de 3600 euros. Em média, os valores iniciais de licitação para o primeiro ano de renda rondam os 330 euros.

Arrendar e não vender
"[O processo] é o mais transparente possível e é a clássica forma anglo-saxónica de negociar. Juntam-se as pessoas numa sala e elas oferecem. Quem oferecer mais, ganha. Não estamos a falar de cartas fechadas, pois não cria suspeições nem reacções negativas por parte de estrangeiros, que não estão habituados a esse tipo de situações", sublinha Rui Coelho, director executivo da InvestLisboa.

E adianta outros argumentos: "É mesmo uma nova forma de fazer negócios. Com a crise em que estamos havia a necessidade de mudar e esta é uma das vias, com leilões públicos e preços baixos. E se queremos dar a volta à situação temos que ser criativos. O movimento económico que a ocupação de 52 novas lojas irá gerar, com a consequente criação de empregos, a compra de stocks e equipamentos, é todo um dinamismo económico que se cria, bem melhor que ter as tais lojas fechadas. Se este movimento fosse feito por toda a cidade, e por outros actores, reabilitando e ocupando os espaços dos prédios, seria um processo muito dinâmico."