por André Rodrigues, in RR
Sem oportunidades no país que investiu na sua formação, 25 enfermeiros portugueses partiram esta quinta-feira para o Reino Unido, um destino cada vez mais procurado por recém licenciados nesta área.
Há cada vez mais enfermeiros a fazer as malas e a deixar o país. A Renascença falou com José Magalhães, um jovem licenciado que partiu para o Reino Unido à procura da oportunidade que não teve em Portugal.
“É um sentimento de frustração ter que abandonar o país, para ir à procura do nosso sonho de ser enfermeiros”, afirma José Magalhães, que chegou a terras britânicas há um mês.
José Magalhães seguiu com a namorada, também enfermeira. Longe de casa, encontrou no salário e na progressão de carreira a motivação para trabalhar.
“Há muito boas condições de trabalho, promovem oportunidades de aprendizagem, estudos pagos pelo hospital, o que em Portugal era impensável”, conta.
O jovem enfermeiro tem um salário base a rondar os 1.500 euros, que chega aos 2.000 euros com horas nocturnas e trabalho extraordinário ao fim de semana e feriados.
A aventura no Reino Unido ainda agora começou e regressar está fora de questão: “Neste momento, não estamos a pensar regressar tão cedo. Ficar por aqui três a cinco anos, juntar algum dinheiro e, possivelmente, voltar quando a situação de Portugal estiver melhor”.
O desejo de José Magalhães é partilhado por tantos outros colegas de profissão que, mês após mês, engrossam o número de enfermeiros portugueses a emigrar para o Reino Unido, a saída possível para estes profissionais qualificados que não têm em Portugal a hipótese de retribuir o investimento que o país fez na sua formação.
Só esta quinta-feira, 25 enfermeiros partiram para o Reino Unido, um destino cada vez mais procurado por recém licenciados nesta área. Um deles, Pedro Marques, escreveu a Cavaco Silva antes de partir, mostrando o desagrado por abandonar o país onde se formou mas que não lhe dá oportunidades.
Na carta, que se tornou viral nas redes sociais, o jovem enfermeiro, de 22 anos, começa por exprimir a frustração de se “sentir expulso do país”, pedindo que “não seja criado um imposto sobre as lágrimas e a saudade” de tudo o que fica.