in Público on-line
Milhares de pessoas saem à rua, neste domingo, em Espanha, num protesto geral contra os cortes orçamentais e os planos de austeridade do Governo liderado por Mariano Rajoy (PP). Em 57 cidades, as ruas estão ocupadas por manifestantes convocados por 150 organizações, que se organizaram na chamada Cimeira Social.
Cercados por dúvidas sobre a necessidade de um plano de auxílio financeiro internacional, os espanhóis decidiram sair à rua neste domingo para marcarem uma posição, num clima que o jornal El Mundo descreve como sendo de "greve geral".
"Exige-se um referendo contra Rajoy. Há cartazes contra a pobreza que aí vem", escreve o mesmo jornal diário, na edição online, com base no que se viu de manhã na capital espanhola. Os organizadores do protesto madrileno dizem que 72 mil pessoas marcharam pelo centro da cidade, mas a mobilização alarga-se a todo o país.
Segundo a imprensa espanhola online, o protesto estendeu-se de Norte a Sul, para demonstrar que a Moncloa, dede do Governo em Madrid, pode esperar por luta contra o Orçamento do Estado proposto para 2013.
Em Madrid, a marcha terminou com a leitura de um manifesto em que se exige a realização de um referendo à política de austeridade que o Governo pretende promover. "Sr. Rajoy, por que não pergunta ao povo espanhol o que este pensa das suas políticas?", questiona o manifesto da Cimeira Social, frisando que a proposta de Orçamento "unicamente contempla cortes no investimento, sacrifica os estímulos à actividade económica e criação de emprego, e renuncia a uma política fiscal que melhore a receita do Estado".
No contexto actual, com cortes que se estendem a prestações sociais como o desemprego, o congelamento de pensões e mais desemprego "só se pode esperar que aumente a pobreza e a exclusão, fenómenos que afectam maioritariamente as mulheres, os imigrantes, os jovens, as crianças".
Para além das políticas, os promotores deste manifesto que levou de novo dezenas de milhares de contribuintes para as ruas – como já tinha sucedido em Setembro, por diversas vezes – criticam também a gestão que as autoridades estão a fazer destes protestos. A 25 de Setembro, uma manifestação perto do Parlamento em Madrid terminou em violência. A justiça esteve para investigar quem financiou esse protesto, mas acabou em última instância por arquivar o caso. A polícia e o Governo foram acusados de excesso de força e de tentativa de silenciamento.
"Estão a tentar transformar a expressão de um conflito social num problema de ordem pública", afirma o manifesto destas 150 organizações, que representam quase um milhar de entidades sociais e sindicais.