Mostrar mensagens com a etiqueta Municípios. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Municípios. Mostrar todas as mensagens

5.7.23

Biorresíduos. Municípios ainda não estão preparados para tratar dos “restos”

Jéssica Sousa, in ECO


Até 31 de dezembro, os municípios terão que ter pronto um sistema de recolha de biorresíduos, tal como exige Bruxelas. A seis meses do fim do prazo, expectativas são baixas, mas existem bons exemplos

Portugal está em contagem decrescente. A 1 de janeiro de 2024, todos os 308 municípios terão que seguir o previsto na Diretiva Quadro dos Resíduos da União Europeia e ter operacional um sistema de recolha seletiva de biorresíduos. A tarefa não será fácil e, a seis meses do fim do prazo, as perspetivas não são boas.

Até ao momento, nem o Ministério do Ambiente e da Ação Climática nem a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) dispõem de informação sobre quantos testes piloto estão em curso, quantos serviços já foram implementados ou de como está a evoluir essa tarefa. A entidade liderada por Nuno Lacasta refere que “se encontra a fazer um levantamento” desta informação “não dispondo ainda de dados finais”. Ainda assim, a APA garante, ainda assim, que “os municípios têm demonstrado um forte empenho na implementação desta recolha seletiva, sendo expectável que no final do ano a grande maioria disponha de recolha seletiva de biorresíduos”.

Porém, o secretário de Estado do Ambiente, Hugo Pires, já admitiu estar “muito preocupado”, urgindo aos municípios que “acelerem” na implementação de sistemas de recolha de biorresíduos”. “Temos objetivos para cumprir“, vincou na passada quinta-feira, em Cascais, município que considera ser um exemplo do trabalho que está a ser feito em matéria de recolha, tratamento e valorização de resíduos orgânicos.

Neste concelho, o trabalho de recolha a nível doméstico começou a ser feito em 2018. O teste piloto de recolha seletiva de biorresíduos abrangeu cinco mil famílias em Carcavelos-sul e “correu muito bem”, avalia a vereadora do Ambiente da Câmara Municipal de Cascais, Joana Balsemão, em declarações ao Capital Verde, detalhando que os resultados desse teste permitiram que fases seguintes do projeto escalassem consideravelmente.


Hoje, mais de 30 mil famílias em Cascais aderiram à iniciativa e a expectativa é de que, até ao final do ano, o concelho se torne no primeiro com cobertura total. Serão 60 mil famílias. Nessa altura, espera-se que sejam recolhidas mais de 1.000 toneladas de biorresíduos, e em 2024, a perspetiva é de que esse valor chegue às 2.340 toneladas.

“A legislação europeia coloca o ónus sobre os municípios. O trabalho tem que ser feito por nós”, vincou a autarca durante o balanço do trabalho que tem sido feito pelo concelho, no Mercado da Vila.

Os resultados em Cascais são animadores e levaram a que o secretário de Estado lançasse um apelo: “Cascais tem liderado o processo de um caminho para a sustentabilidade. Faço o desafio de incentivar, com o vosso exemplo, outros municípios a perceber o que tem sido feito para levarem este trabalho para os seus concelhos“. E assim tem sido, pelo menos, em três outros municípios.

A cor do saco do lixo importa

Enquanto geralmente os resíduos são depositados em sacos azul, cinza ou pretos, em Cascais — e agora também em Sintra, Oeiras e Mafra — usa-se uma cor diferente, o saco verde, para depositar os biorresíduos e distingui-los dos outros quando são colocados no mesmo contentor, o do lixo indiferenciado.

Este sistema — gratuito e voluntário — é a base da estratégia que visa acelerar a recolha e tratamento dos resíduos com origem alimentar a nível doméstico. Restos de comida, cascas, guardanapos ou até resíduos biodegradáveis, como folhas, flores e galhos, passaram a ter um destino diferente do resto do lixo, para serem, posteriormente, tratados e transformados em composto orgânico ou biogás, uma alternativa ao gás natural.

“Isto é a circularidade no seu expoente máximo. É isto que tem que acontecer com todos os resíduos, cada vez mais, ao invés de uma economia linear em que o recurso é extraído, consumido e descartado sem uma segunda vida”, considera Joana Balsemão.

Os munícipes destas cinco regiões podem usufruir deste sistema inscrevendo-se online, nos canais respetivos. Depois de se alistarem, são entregues em casa um contentor de sete litros castanho e um conjunto de sacos verdes, onde devem ser depositados o lixo orgânico produzido em casa, os famosos “restos”.

Em Cascais, o trabalho e a sensibilização é feito por voluntários, e Joana Balsemão também já o fez. “Nunca deixamos o kit sem falar com as famílias e isto faz toda a diferença”, conta. “A taxa de adesão tem sido espetacular porque sentimos que este contacto direto faz toda a diferença. É importante cada um de nós saber que papel desempenha na circularidade da economia”.


Em Sintra, após o sucesso dos projetos piloto que decorreram em Rio de Mouro e no Cacém com cinco mil famílias, o sistema passou a abranger o concelho todo, em 2022. Neste momento, o município conta com mais de 20 mil aderentes ao serviço, uma pequena fatia dos quase 400 mil munícipes. Sintra é o segundo concelho mais populoso de Portugal.

Por aqueles lados, a entrega do kit é feita pela SMAS de Sintra, gestora dos sistemas públicos municipais de distribuição de água do concelho, que presta o serviço a 190 mil clientes. Como parte da campanha de sensibilização, a entidade procurará contactar os seus clientes para aderir ao serviço ao longo do ano e, como forma de incentivo, descontará 1 euro na fatura da água dos que se inscreverem.

“Achámos que seria importante criar um incentivo. O valor não é muito significativo mas é uma ajuda que queremos dar a este projeto. Os outros [três] municípios ainda não fizeram, mas não quer dizer que não o venham a fazer”, indica o diretor delegado dos SMAS de Sintra, Carlos Vieira, ao Capital Verde.
“Restos” transformam-se em compostagem e biogás

Entregues os sacos verdes e os contentores castanhos às famílias, estas devem passar os dias que se seguem a depositar todos os biorresíduos gerados em casa naquele saco. Depois de cheio, deve ser fechado e descartado no contentor indiferenciado, juntamente com o restante lixo.

Após a recolha conduzida pelas entidades responsáveis, os sacos destes quatro municípios são enviados, juntamente com o resto do lixo indiferenciado, para a unidade de tratamento de resíduos urbanos, em Trajouce, da Tratolixo, empresa intermunicipal responsável pelo serviço público de tratamento de resíduos urbanos e parceira destes quatro municípios.

A infraestrutura foi adaptada, em 2022, com a instalação de equipamentos eletromecânicos e sistemas de leitura ótica que permitem fazer a identificação e separação dos sacos verdes, contendo os biorresíduos, da restante fração de resíduos indiferenciados que chegam à central. Feita a separação, estes sacos verdes são encaminhados para valorização biológica na Central de Digestão Anaeróbia (CDA), na Abrunheira. Nesta central, os restos de comida acabam transformados ou em biogás ou compostagem.

Segundo o presidente da Tratolixo, Nuno Soares, 55% do que está no lixo indiferenciado que chega à unidade de tratamento são biorresíduos. Neste momento, já é possível recolher 22% do potencial do peso de biorresíduos nos contentores, mas o objetivo é atingir os 50%, até 2030. “Há um grande trabalho a fazer, mas estamos comprometidos”, assegurou o responsável ao Capital Verde. As percentagens acompanham a média nacional. Segundo os dados da APA, em 2021, 40% dos resíduos urbanos produzidos eram de origem orgânica e naquele ano, apenas 10% foi recolhido seletivamente.

Graças a um investimento que ascendeu os 5,2 milhões de euros, a unidade passou a ter uma capacidade anual para tratar 50 mil toneladas de resíduos orgânicos, o que representa um aumento de 88% dessa capacidade de tratamento. Segundo Nuno Soares, a ambição é passar das 50 mil toneladas de biorresíduos para 170 mil em 2030, e atingir as 15 mil toneladas de composto produzido.

“Será um esforço brutal, mas estamos devidamente adaptados para que, em janeiro, possamos iniciar em velocidade cruzeiro esta caminhada”, assegurou.

Sacos verdes trazem ganhos também para o ambiente


A estratégia em Cascais, Sintra, Oeiras e Mafra é apenas um dos vários exemplos que está a ser adotado a nível nacional para ajudar o país a cumprir com os objetivos comunitários. Outros municípios já comprometidos com a causa apostam na recolha porta a porta ou por disponibilizar contentores específicos para o efeito (em Oeiras, essa é também uma alternativa disponibilizada aos munícipes). Certo é que a 1 de janeiro de 2024, todos os municípios terão que ter operacional um sistema de recolha de biorresíduos para responder com as exigências europeias.

“Comparámos os vários modelos de recolha através de um estudo com uma consultora e chegamos à conclusão que havia vantagens económicas e ambientais no sistema que adotámos”, explica o presidente da TratoLixo.

Os benefícios são sentidos tanto pelas autarquias, que organizam a recolha dos biorresíduos a nível doméstico, como pela entidade responsável pelo tratamento. A TratoLixo revela ter alocado do seu próprio bolso apenas 1,4 milhões de euros dos 9,5 milhões de euros que recebeu para modernizar as duas unidades. A grande parte do investimento foi proveniente do Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU 2030).

As autarquias, por sua vez, pouparam. “Não precisamos de usar mais espaço público, nem comprar novos contentores, nem criar dias específicos de recolha, nem aumentar a solução logística. Recolhemos [os biorresíduos] junto com o indiferenciado”, explica o responsável pela SMAS Sintra.

Mas as poupanças vão além daquelas a nível financeiro. “O ambiente também beneficia desta estratégia”, acrescenta Joana Balsemão. Ao todo, este tipo de recolha permite poupar 300 mil metros cúbicos de água necessária para a lavagens de contentores, dado que são usados os mesmos, ao mesmo tempo que se poupa 2,5 mil toneladas de CO2, pois a recolha é feita com os mesmos veículos e respeita os mesmos trajetos. As autarquias também conseguiram poupar 850 mil litros de gasóleo por ano.

Municípios otimistas, ambientalistas nem tanto

Embora não seja possível saber quantos municípios já têm implementado um sistema de recolha seletiva ou tenham em curso um projeto-piloto, da parte da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) a expectativa é positiva. Luísa Salgueiro destaca que as autarquias “têm feito um trabalho extraordinário neste âmbito” e que isso revela “que os municípios e os sistemas de gestão de resíduos estão empenhados nesse objetivo”.

“A nossa perceção é que, ainda que a velocidades diferentes, os municípios estão a implementar projetos e iniciativas para cumprirem esse objetivo”, afirma a presidente. Ainda assim, Luísa Salgueiro antecipa dificuldades, nomeadamente, a nível da aquisição de equipamentos e adaptação de infraestruturas que obriga a “necessários investimentos e financiamentos” que muitos municípios podem não ser capazes de fazer.

Da parte do Governo, é dada a garantia de que estão a ser disponibilizados todos os apoios necessários a nível do financiamento através de avisos do Fundo Ambiental para a implementação de esquemas de recolha seletiva de biorresíduos. Na verdade, tal como indicou o secretário de Estado do Ambiente, Hugo Pires, em entrevista ao Capital Verde, os municípios que investirem em recolha seletiva de biorresíduos receberão de volta 30% da taxa de gestão de resíduos.

“Faz todo o sentido haver incentivos ao invés dos habituais estímulos negativos. Sempre defendemos que os municípios não vão ter incentivo financeiro se a taxa de gestão de resíduos continuar a evoluir desta forma. Em Cascais, promovemos a separação mas não é por causa de nenhum incentivo do Governo. Queremos introduzir a circularidade no concelho. Se se constatar essa promessa, faz todo o sentido”, indica a vereadora do Ambiente da Câmara de Cascais, Joana Balsemão.

Mas existem dificuldades, também, a nível da sensibilização. Para a presidente da ANMP, “este é um processo que passa pela sensibilização dos cidadãos para a separação dos resíduos”, um trabalho que em Cascais, Sintra, Oeiras e Mafra tem sido chave para a promoção deste sistema, seja através de outdoors, folhetos ou campanhas nos transportes públicos.




“Para que se consiga realizar uma recolha de qualidade em todo o país é fundamental que as nossas populações estejam sensibilizadas e envolvidas nesta missão“, sublinha Luísa Salgueiro.

Do lado da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), às preocupações apontadas pelos municípios acresce um possível aumento da fatura. Seja pelos custos decorrentes da renegociação de contratos existentes com prestadores de serviço, o impacto que os investimentos poderão ter ao nível do endividamento dos municípios, a dificuldade de aceder a financiamento público ou pelas carências na capacitação técnica dos municípios.

As dificuldades terão, no entanto, que ser ultrapassadas de modo a evitar que Portugal comece 2024 com o pé esquerdo. Da parte dos ambientalistas, a expectativa de que todos os municípios consigam materializar um sistema de recolha de biorresíduos até ao final do ano é baixa.

“Na generalidade dos municípios, a recolha de biorresíduos é ainda muito incipiente”, aponta Sara Carreira, da associação ambientalista Zero, acrescentando que os concelhos onde efetivamente existem sistemas em curso “ou não passaram ainda da fase da intenção ou têm a sua atuação limitada a pequenas áreas e com resultados pouco expressivos“.

Para a responsável, não existem margens para dúvidas: “no final de 2023 certamente haverá ainda municípios que não terão implementada a recolha seletiva de biorresíduos” e, mesmo caso todos implementem algum tipo de recolha, haverão casos “em que esta irá abranger apenas uma parte da população”.

A seis meses do final do prazo, a pressão vai aumentando entre os municípios. Para o presidente da TratoLixo, Nuno Soares, a esta altura do campeonato “a esmagadora maioria, senão todos [os municípios] têm que estar já numa fase de implementação avançada do processo de recolha e tratamento”. E deixa um aviso: “dia 1 de janeiro de 2024 é já amanhã. Se não tiverem já num processo de forma avançada, vai ser difícil cumprir os prazos”.

3.11.22

Governo não tem condições de pagar 156 ME de despesas com a covid-19 aos municípios

in DN

https://www.dn.pt/politica/governo-nao-tem-condicoes-de-pagar-156-me-de-despesas-com-a-covid-19-aos-municipios--15313421.html


Governo não tem condições de pagar 156 ME de despesas com a covid-19 aos municípios



"Neste momento, nós não temos condições", admitiu a ministra da Coesão Territorial sobre os 156 milhões de euros reivindicados pelos municípios como despesa no combate à covid-19.

O Governo afirmou esta quinta-feira que não tem condições de pagar os 156 milhões de euros (ME) reivindicados pelos municípios como despesa no combate à covid-19, destacando que do fundo de solidariedade europeia sobram apenas cerca de 20 ME.



"Neste momento, nós não temos condições de corresponder a essa reivindicação da Associação Nacional de Municípios (ANMP). A única abertura que temos, e já transmitimos, foi no âmbito daquele que é o apoio do Fundo de Solidariedade da União Europeia", que representa um total de 60 ME, disse, em entrevista à Lusa, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, que tutela as autarquias.


"Não temos condições de acompanhar esse pedido de 156 ME, mas a nossa margem é esgotar o pacote de 60 milhões dos fundos de resgate da União Europeia, que são verbas que vêm diretamente da Comissão Europeia e que vieram num contexto também de emergência", acrescentou.


Um total de 156 ME é reivindicado pelos municípios ao Governo como o total de gastos que tiveram no combate à covid-19, segundo uma avaliação do Tribunal de Contas, uma verba que não consta do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), como esperavam.




À Lusa, Ana Abrunhosa explicou que foram abertos concursos para a verba disponível de 60 ME, e que destes foram já atribuídos cerca de 40 ME, pelo que "a margem do Governo estará em perceber como é que pode ainda transferir cerca de 20 ME".


"Em situações de urgência e de emergência - e bem - os municípios usaram toda a flexibilidade. Só que muitas das vezes isso depois não acautela as exigências de formalidade de documentação que nós temos quando pretendemos apoiar essas despesas com fundos europeus. E é isso que justifica o facto de termos aberto e aprovado um apoio de 60 ME e até agora só ter sido paga a despesa que não chega a 40 ME", explicou, sublinhando que, "sem juízos de valor", parte do que foi submetido em candidatura e aprovado "não foi pago precisamente pelo rigor" exigido nos procedimentos e na documentação que não foram acautelados num processo de "urgência e de emergência, como foi o caso da covid-19".

Quanto às despesas realizadas no combate à covid-19 pelas freguesias, que ainda não receberam qualquer apoio, o secretário de Estado da Administração Local, Carlos Miguel, destacou que o Governo está a encontrar uma fórmula, no âmbito da Direção-Geral das Autarquias Locais (DGAL), para apresentar à Associação Nacional de Freguesias (Anafre).

A DGAL beneficia, através do OE, de verbas para contratos-programa de cooperação técnica e financeira com as autarquias, no valor de seis milhões de euros, e poderá ser a partir desta verba que será adaptada uma solução para as freguesias.

"Teremos que abrir avisos e terão que ser criadas regras que terão de ser iguais ou idênticas àquelas que foram criadas para os municípios. Não há razão para serem muito diferentes. E, através daí, as freguesias podem-se candidatar e as candidaturas serão apreciadas pelas CCDR [Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional] e terão o seu percurso normal", explicou.

O parlamento ouve hoje, no âmbito do debate na especialidade da proposta de OE2023, a Associação Nacional de Freguesias (Anafre) e a ministra que tutela as autarquias, Ana Abrunhosa, estando prevista a votação final global do documento em 25 de novembro.



2.9.21

269 municípios pediram apoio do fundo europeu destinado às medidas anti-covid

Patrícia Carvalho, in Público on-line

87% dos municípios portugueses candidataram-se ao FSUE, com despesas globais que chegam aos 65,7 milhões de euros. Primeiros pagamentos devem ser feitos em Outubro.

Do total de municípios portugueses, 269 candidataram-se aos apoios do Fundo de Solidariedade da União Europeia (FSUE), criado para ajudar com as despesas directamente relacionadas com o combate à pandemia e que em Portugal o Governo decidiu que seria usado exclusivamente pelas autarquias. Foram apresentadas despesas no valor global de 65,7 milhões de euros, para uma dotação disponível de 55,5 milhões do FSUE. O Ministério do Planeamento prevê fazer os primeiros pagamentos em Outubro.

Em causa estavam despesas realizadas entre 13 de Março e 12 de Julho que estivessem relacionadas com a assistência à população afectada pela covid-19 (incluindo médica), a prevenção, vigilância ou controlo da pandemia e o combate aos riscos graves de saúde pública ou a atenuação do seu impacto. Os municípios poderiam assim candidatar-se a ver comparticipadas, por exemplo, as despesas feitas com a aquisição de equipamentos e dispositivos médicos ou com a instalação de hospitais de campanha.

O PÚBLICO questionou o Ministério do Planeamento sobre o valor solicitado por cada município e qual o fim a que se destinava, mas a resposta chegou sob a forma de um comunicado com indicação sobre o número geral de municípios que se candidatou ao FSUE por regiões e o valor global solicitado em cada uma dessas zonas.
Zona Centro com mais candidaturas

A Área Metropolitana de Lisboa, com 18 candidaturas, no valor global de 19,1 milhões de euros, representando 29% dos custos apresentados, foi a região com mais verba solicitada. Mas o Centro, com 90 candidaturas, aparece como a região com mais municípios a pedirem o apoio de emergência, ainda que em termos financeiros fique apenas no 3.º lugar: 16,6 milhões (25% dos custos apresentados). Em segundo lugar, em número de candidaturas (79) e em verba solicitada (quase 17 milhões) está a região Norte, com custos apresentados que representam 26% do total.

As restantes candidaturas surgiram do Alentejo (54, para cerca de seis milhões de euros), Algarve (14, para 5,8 milhões), Açores (10 municípios pediram um apoio de 623 mil euros) e Madeira (quatro municípios e 397 mil euros solicitados). O comunicado do gabinete do ministro Nelson de Souza salienta que 87% dos municípios nacionais concorreram ao FSUE, o que representa uma “elevada adesão”, e com um valor total solicitado que se adequa às verbas disponibilizadas pelo fundo de emergência.

O prazo para as candidaturas ao FSUE terminou no final de Agosto. Os pedidos apresentados pelos municípios deverão ser agora analisados e o ministério conta ter “as primeiras decisões” sobre a atribuição dos apoios durante o mês de Outubro, altura em que deverão ser feitos os primeiros pagamentos.

As regras do fundo europeu definiam que o apoio a ser prestado ao abrigo desta medida de emergência corresponde a 100% da despesa elegível, até ao limite máximo de 150 mil euros por candidatura. Valores superiores a esse só seriam contemplados caso sobrasse verba, depois de serem garantidos aqueles casos.

20.11.14

Municípios exigem criação de um fundo de equilíbrio para tarifas da água

in iOnline

A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) insiste na necessidade de criação de um Fundo de Equilíbrio Tarifário para a água, que o governo ignora, “sem justificação”, no seu plano de reestruturação do sector.

Os municípios “continuam a sustentar a importância da criação do Fundo de Equilíbrio Tarifário (FET) que o governo abandona no seu ‘Plano de Reestruturação do Sector das Águas. Ciclo Urbano’, sem justificar a sua opção”, afirma a ANMP, numa nota divulgada na noite de hoje.

A ANMP preconiza “um modelo equilibrado, que não privilegie as situações de ineficiência e que não seja apenas uma via para se consagrar o aumento das tarifas”, sublinha a mesma nota.

O fundo, “além de incentivar a eficiência da gestão e de respeitar a autonomia local no sector das águas, permitiria corrigir a disparidade tarifária existente entre o interior e o litoral” (resultante de “legítimas opções políticas locais e de um conjunto de condicionalismos”), salienta a Associação.

O plano do governo “incide, essencialmente, numa transformação da organização do sector em alta [captação, tratamento, adução e reserva], mas com significativas repercussões no futuro enquadramento da intervenção dos municípios e suas entidades gestoras em baixa [distribuição ao domicílio]”.

A ANMP “tem defendido, e continua a defender, que, para que se faça, efetivamente, uma verdadeira reestruturação do setor da água e saneamento, é indispensável um ativo envolvimento e participação dos municípios, que não se esgote numa mera auscultação formal”.

Referindo que “representa os 308 municípios portugueses”, a Associação entende que as câmaras são “parceiros essenciais na prestação deste serviço público essencial às populações” e que “qualquer alteração ao atual enquadramento jurídico deve ser articulado e concertado com as autarquias locais”.

O governo não apresentou à ANMP nem aos municípios “quaisquer projectos que permitam fazer uma avaliação sustentada do processo de reestruturação anunciado”, critica ainda a Associação.

A ANMP “apenas conhece uns traços gerais apresentados em powerpoint”, do plano de reestruturação do setor das águas preconizado pelo governo.