14.6.11

Economia portuguesa continua em queda

in Jornal de Notícias

A economia portuguesa continua em queda, segundo os indicadores de actividade económica publicados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento que revelam uma variação negativa em Abril.

Os indicadores compósitos avançados, que mostram as flutuações e antecipam a evolução dos ciclos económicos, indicam que Portugal manteve a tendência descendente em Abril, com uma variação homóloga de 0,7 pontos e uma variação mensal de 0,6 pontos.

Para a OCDE, os resultados acima de 100 pontos indicam um ciclo de expansão quando estão a subir e de contracção quando estão a descer. Um valor abaixo de 100 pontos e a descer é um sinal de abrandamento, enquanto se estiver abaixo, mas a subir indicia recuperação.

Portugal passou de 100,9 pontos em Março para 100,3 pontos em Abril (101.0 pontos em Abril de 2010), o que significa que a perspectiva é negativa para os próximos meses.

Os indicadores de Junho da OCDE indicam que a maioria das grandes economias tem estado a diminuir o ritmo de crescimento.

Os Estados Unidos da América são a excepção, continuando a mostrar tendência de crescimento, embora mais moderada face ao mês anterior.

Os indicadores revelam sinais de abrandamento da economia francesa e italiana e uma possível moderação do crescimento na China. Também no Brasil e na Índia, a tendência é de abrandamento.

Nos 16 países da zona euro, a variação entre Março e Abril foi nula.

Nouriel Roubini diz que abandono do euro é a única opção para as economias periféricas

in Jornal de Notícias

A única opção para restaurar competitividade e crescimento na periferia da zona euro é "abandonar o euro, regressar às moedas nacionais e conseguir uma maciça desvalorização nominal e real", considerou o economista Nouriel Roubini num artigo no "Financial Times".

Num artigo publicado pelo jornal britânico, com o título de "A zona euro encaminha-se para a separação", o professor da Universidade de Nova Iorque explica que a desvalorização do euro face ao dólar, a aplicação de reformas para aumentar a produtividade (o "caminho alemão") e a deflação são opções "pouco prováveis".

Como tal, "só há apenas uma outra maneira de restaurar a competitividade e o crescimento na periferia": a saída do euro e o regresso às divisas nacionais no caso dos países periféricos da zona euro, leia-se Grécia, Irlanda e Portugal.

Essa ideia, segundo Roubini, pode parecer hoje "inconcebível, mesmo em Atenas e Lisboa", mas, refere o agora apelidado de "Doutor Realista" pela CNBC , "cenários que parecem hoje inconcebíveis podem não ser tão descabidos daqui a cinco anos, especialmente se algumas das economias periféricas estagnarem".

A reestruturação da dívida "vai acontecer", garante Roubini, que diz que a questão é apenas "quando (mais cedo ou mais tarde) e como (de forma ordenada ou desordenada)", algo que, ainda assim, "não vai ser suficiente para restaurar a competitividade e crescimento".

Se tal não vier a suceder, "os benefícios de (os países) se manterem (na zona euro) serão menores do que os benefícios de a abandonar, por muito atribulada e desordenada que essa saída venha a ser".

11.6.11

Há alunos a abandonar a escola para ajudar a pagar contas em casa

Joana Carvalho Fernandes e Sílvia Maia*, in Jornal de Notícias

Um pouco por todo o país há alunos a abandonar a escola por causa das dificuldades financeiras da família. Uns fazem-no para ajudar os pais, outros simplesmente porque deixaram de ter dinheiro para estudar.

No agrupamento de Escolas da Cruz de Pau, no Seixal, há mais mesas vazias nas salas de aula desde o final do segundo período.

"Este ano tenho recebido várias anulações de matrículas: dez, até agora. São de alunos do 9º ano ou com mais de 15 anos. Três delas tenho a certeza de que foram feitas por questões económicas, porque os alunos falaram comigo", conta à Lusa o director do agrupamento, Nuno Adeganha.

Os casos detectados aconteceram na escola do 2.º e 3.º ciclos, frequentada por cerca de 870 estudantes e "inserida num contexto económico frágil".

No entanto, sublinha Nuno Adeganha, os alunos que têm anulado as matrículas "não são dos bairros mais problemáticos. Pertencem à classe média baixa, são de famílias que de um momento para o outro deixaram de ter dinheiro para pagar coisas elementares. Dois dos casos são de famílias mono parentais, o outro é de uma família em que os pais ficaram desempregados", explica.

Na perspectiva do representante dos encarregados de educação do distrito, o cenário não é tão delicado como Nuno Adeganha o descreve. António Amaral, presidente da Federação Regional de Setúbal das Associações de Pais, afirma que "o abandono escolar está ao nível do ano passado" e considera que existem no distrito apenas casos "pontuais".

A Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) discorda e diz que o fenómeno acontece um pouco por todo o país. Manuel Pereira, presidente da ANDE, lembra que algumas famílias em situação limite vêem nos filhos uma fonte de rendimento extra: "Sei que há miúdos que estão a apoiar as famílias", diz.

Pessoalmente, Manuel Pereira conhece apenas um caso: "Um aluno meu que frequentava um curso de formação e o pai tirou-o da escola para ir trabalhar", revela.

Já o presidente do Conselho de Escolas, Manuel Esperança, diz que há regiões onde o trabalho sazonal tem forte impacto, "nomeadamente no Algarve, onde os alunos deixam a escola para ir trabalhar". O responsável conta à Lusa que o início da época balnear é sinónimo de salas de aulas mais vazias.

Há alguns anos "a taxa de abandono escolar em algumas escolas era surpreendente: era vê-los sair para ir trabalhar nas praias, nos bares e cafés", recorda.

Também neste sentido, o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais, Albino Almeida, admite "situações pontuais" em zonas com produção de calçado e vestuário, que nesta altura do ano "precisam de mais trabalhadores para acabar as encomendas a tempo de irem de férias".

Mas não considera generalizado o fenómeno do abandono escolar em prol da economia familiar. Até porque, defende, "o mercado não tem capacidade para absorver este tipo de mão de obra tão jovem e tão pouco qualificada".

Actualmente, os alunos só precisam de ter o 9.º ano ou 15 anos para poderem abandonar a escola. A partir de Setembro, o ensino obrigatório estende-se a 12 anos. E só o tempo vai poder dizer de que forma vai isso reflectir-se nos números do abandono escolar.

Este domingo comemora-se o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil.

* Agência Lusa

Portugal tem 220 mil agricultores pagos para não plantar

Gina Pereira, com Virgínia Alves e Teresa Cardoso, in Jornal de Notícias

O presidente da República defendeu ontem uma "estratégia clara de revalorização do interior do país" e "oportunidades de sucesso" para os jovens agricultores. Há hoje em Portugal 220 mil agricultores que recebem subsídios da União Europeia para não produzir.

A preocupação do presidente com o défice alimentar português e com o despovoamento do interior, "um dos grandes problemas nacionais", levou-o a defender que seja criado "um programa de repovoamento agrário do interior, criando oportunidades de sucesso para jovens agricultores", durante as comemorações do 10 de Junho.

Mas a verdade é que, hoje, existem 220 mil agricultores (ao todo, há 400 mil em Portugal) a receber subsídios para não produzir. Trata-se de lavradores que se encontram no "regime de pagamento único", que apenas os obriga a manterem "agricultáveis" (isto é: em condições para voltarem a ter produção) os terrenos de onde arrancaram o que lá tinham. Destes 220 mil agricultores, há dois mil grandes produtores que recebem mais subsídios (250 milhões de euros) do que todos os outros juntos. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, entre 1999 e 2009, o país perdeu 25% das explorações agrícolas e 110 mil agricultores.

Presidente da Cáritas apela à criação urgente de rede de protecção social

in Jornal de Notícias

O peditório da Caritas ficou este ano muito aquém dos objectivos, numa altura em que menos podem dar e mais precisam, levando o presidente da instituição a apelar à criação urgente de uma rede de protecção social.

Na opinião do presidente da Caritas, Eugénio Fonseca, este resultado do peditório nacional é um claro sinal da crise que o país atravessa e que leva ao aumento de pedidos de ajuda e simultaneamente à diminuição dos donativos.

Eugénio Fonseca lamenta, embora compreenda, que de um objectivo de 320 mil euros para as diferentes iniciativas sociais desenvolvidas por cada uma das Cáritas Diocesanas, apenas se tenha conseguido recolher 239,5 mil euros.

"Este é um dos anos em que mais pedidos de ajuda estamos a receber. Registámos um aumento de 40 por cento e a previsão é que continuem a aumentar e, por isso mesmo, este foi também um dos anos em que recebemos menos contribuições. Não é que os portugueses não queiram dar, a questão é que deixaram de poder dar", afirmou.

Por isso mesmo defende a criação "urgente" por parte do Governo de uma rede básica de protecção social que faça com que sejam atendidos no imediato problemas das pessoas que são altamente gravosos: alimentação, habitação, encargos com saúde e educação dos filhos.

"Isto é fundamental. Apesar de ter que enfrentar o problema da dívida externa, esta não se pode sobrepor ao atendimento das necessidades mais básicas, sob pena de incumprir os direitos mais elementares das pessoas", afirmou.

A diminuição de donativos em dinheiro à Caritas é mais preocupante, precisamente devido à crise que a sociedade atravessa, pois por mais que a instituição possa ter será sempre insuficiente face à grandeza dos problemas que lhe são apresentados.

"A ajuda que temos é a que vem da sociedade e forçosamente espelha a realidade que está a atravessar, com a muita gente sem possibilidades de satisfazer os seus próprios encargos", acrescentou.

Como consequência, a Caritas terá que apertar ainda mais os critérios de prioridade e com os recursos existentes cada diocese vai privilegiar as respostas emergentes e básicas.

Eugénio Fonseca sublinha, contudo, que este decréscimo já vem sendo notado desde 2009, ano a partir do qual as receitas têm vindo sempre a diminuir.

O peditório, que decorreu durante o mês de Março, registou uma queda que em algumas dioceses chegou aos 40%.

Em 2010, os donativos alcançaram os 292,5 mil euros e em 2009 chegaram aos 325,7 mil euros.

9.6.11

Padre Jardim Moreira pede a Passos Coelho que mantenha ajuda aos mais pobres

in RR

Presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza sugere formas de se acabar com a dependência dos subsídios.

O Presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza pede a Passos Coelho que pelo menos mantenha os apoios que o Estado já dá aos mais pobres.

Em tempos de crise esta é uma posição que o padre Jardim Moreira considera essencial face às dificuldades de tesouraria do país.

Padre Jardim Moreira pede a Passos Coelho que não corte ajuda aos pobres
“Ao menos mantenha o que está, porque com o que está, e a participação social, já se vai mantendo uma certa resposta. Porque muitas das respostas que estão a ser dadas, além das tradicionais, são do âmbito da proximidade e da sociedade civil, e essa vai ter de continuar, porque o nosso futuro vai depender muito da participação activa não só dos pobres e excluídos mas também da sociedade civil, para tirar as pessoas da pobreza”, pede o sacerdote.

Já quanto às políticas sociais de combate à pobreza, o padre jardim Moreira deixa um conselho ao próximo Primeiro-Ministro, no sentido de combater a dependência dos subsídios.

Padre Jardim Moreira quer acabar com subsidio-dependência
“Estruture uma forma na qual as políticas deixem de ser apenas migalhas dadas aos pobres, que se encontre uma forma em que o dinheiro se encaminhe para que as pessoas possam sair da sua situação e encontrar a sua dignidade e a participação activa na vida social e no emprego. Porque manter apenas os subsídios é manter as pessoas na pobreza”, considera o padre Jardim Moreira.

Universidade do Minho recebe 50 idosos para dia diferente

in RTP

Universidade do Minho recebe 50 idosos para dia diferente
A Universidade do Minho convidou 50 idosos de várias instituições para passarem um dia no Campus de Braga. A iniciativa faz parte do projecto "Bem Envelhecer".

Mais de 50 idosos passam dia na Universidade do Minho

in SicNotícias Veja o Vídeo

Mais de 50 idosos do distrito de Braga estão a passar o dia na Universidade do Minho. A universidade fez o convite para mostrar que, mesmo na idade mais avançada, é possível e recomendável exercitar o corpo e a mente.

Idosos são universitários por um dia

Maria Betânia Ribeiro, in Correio do Minho


Organizado pelo Instituto de Ciências Sociais da UMinho em parceria com o Núcleo Distrital de Braga da Rede Europeia Anti-Pobreza, o peddy-paper para idosos ‘Estudantes universitários por um dia’ decorreu ontem no campus de Gualtar, contando com a participação de mais de 50 idosos de 19 instituições de solidariedade social do distrito de Braga.

A actividade, inserida no projecto ‘Bem Envelhecer’, visa promover, de acordo com Alice Matos, docente do Departamento de Sociologia da UMinho, o envelhecimento activo através da interacção com a comunidade estudantil, “fazendo uma visita pelo campus em que eles são os actores”, dispensando a visita guiada. “Os participantes têm de descobrir o campus por eles mesmos”. A iniciativa procura também sensibilizar a academia minhota para as questões da idade, bem como para as necessidades e potencialidades deste grupo etário, co mo refere a responsável.

Voluntários da Escola Superior de Enfermagem mediram a tensão arterial e a pulsação dos participantes durante a actividade matinal sobre ‘envelhecimento saudável’, ensinando os idosos a medir o próprio pulso. Alice Matos salientou que as equipas apreciaram a actividade física agendada para o fim da manhã que incluiu uma gincana, uma dança a pares equilibrando bolas e o bowling adaptado. “Gostaram imenso do jogo do bowling. Temos gente com muita pontaria!”, realça. As oito equipas em competição tiveram a oportunidade de almoçar na cantina do campus de Gualtar com os alunos da universidade “como qualquer estudante”.

Os idosos iniciaram a tarde com uma actividade de desenvolvimento cognitivo, respondendo às questões do peddy-paper com o apoio dos alunos do campus e assistindo, ainda, a um documentário e à actuação do coro académico da UMinho.

Cinquenta idosos vão ser estudantes da UMinho por um dia

in UMinho


O Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho e a Rede Europeia Anti-Pobreza - Núcleo Distrital de Braga organizam a 8 de Junho, das 10h00 às 16h30, um peddy-paper com mais de 50 idosos, no campus de Gualtar, em Braga. A actividade pretende contribuir para o envelhecimento activo dos participantes, que vêm de 19 instituições de solidariedade social do distrito de Braga. A iniciativa, inserida no projecto "Bem Envelhecer", tem a colaboração da Escola Superior de Enfermagem, do Departamento de Desporto e Cultura e do Coro Académico da UMinho.

Nesta actividade pedestre de orientação os participantes assumem o papel de "estudantes universitários" por um dia e têm que lutar para completar uma "licenciatura". Ficam organizados em equipas, que representam algumas licenciaturas da UMinho: sociólogos, informáticos, médicos, professores, engenheiros, músicos, historiadores, economistas. O objectivo é responder correctamente a um conjunto de perguntas sobre a instituição e a vida académica, bem como superar diversas provas, desde exercícios físicos a jogos cognitivos e de interacção com a academia (bowling adaptado, gincana com bolas de fitball; dança equilibrando uma bola com as costas, barriga e testa; concursos de memória e de olhos vendados; profissões definidas pela mímica, medição do pulso). Isso vai permitir aos seniores obterem um "diploma" e angariarem peças do traje académico com que se pretende que equipem, ao longo do dia, um boneco de cartão que simboliza um aluno da UMinho.

Da parte da organização, a professora Alice Matos, do Departamento de Sociologia da UMinho, sublinha que "o peddy-paper envolve efectivamente toda a academia e representa uma oportunidade de sensibilização da comunidade para as questões da idade e para as necessidades e potencialidades das pessoas idosas". Por outro lado, "vai permitir aos participantes descobrir uma realidade que é para muitos desconhecida, além de desenvolver as suas competências físicas e cognitivas, contribuir para a sua inclusão activa na sociedade e valorizar o estabelecimento de relações intergeracionais".

Inflação abrandou para 3,8% em Maio

in Destak

O Índice de Preços no Consumidor registou uma variação homóloga de 3,8 por cento, abrandando face à subida de 4,1 por cento em abril, e diminuindo 0,1 por cento face ao valor do mês anterior.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, a variação média "dos últimos doze meses situou-se em 2,8 por cento", quando em abril este valor tinha sido de 2,5 por cento.

"O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português registou uma taxa de variação homóloga de 3,7 por cento, 0,3 pontos percentuais inferior ao valor de abril de 2011 e 1 ponto percentual superior à estimada pelo Eurostat para a área do Euro", afirma o INE, no documento hoje divulgado.

Já a taxa de variação mensal do IHPC situou-se em -0,1 por cento e a taxa de variação média dos últimos doze meses aumentou 0,2 pontos percentuais, para 2,7 por cento, acrescenta a nota hoje divulgada.

Mais mulheres e mais jovens nos Alcoólicos Anónimos

in Público on-line

O número de mulheres nas reuniões de alcoólicos anónimos (AA) duplicou numa década, como também duplicaram os pedidos de ajuda, vindos de pessoas cada vez mais novas.

O retrato é da associação de AA de Portugal, feito pelo seu secretário-geral, a propósito do Dia Mundial dos Alcoólicos Anónimos, na sexta-feira. Em Portugal, diz, a percepção que tem é de que o problema do alcoolismo não é hoje menor. Pelo contrário.

Avessos a publicidade, anónimos por natureza, os AA aproveitam o “seu” dia para divulgar o projecto, conviver e fazer reuniões abertas.

Por isso o secretário-geral não quer ser filmado e prefere ser citado apenas pelo primeiro nome, Jorge. Porque “o anonimato é o fundamento espiritual” dos AA e se a associação quer ser conhecida, para assim mais alcoólicos chegarem a ela, garante aos que pedem ajuda que serão sempre anónimos.

“Não vamos buscar ninguém, passa sempre por eles”, diz o responsável, explicando que a terapia dos AA consiste em mostrar que com eles resultou a partilha de experiências, de sentimentos e de sensações.

Em 1935, um corrector da Bolsa de Nova Iorque, alcoólico, conheceu outro alcoólico, médico, e descobriram que era possível manterem-se afastados da bebida partilhando experiências. 10 de Junho de 1935 marcou o início da abstinência por parte do médico, que nos 15 anos seguintes ajudou mais de 5.000 alcoólicos.

Hoje os AA estão espalhados por 180 países. Em Portugal existem informalmente desde 1972 mas só foram reconhecidos a partir de 1978, constituindo-se como associação em 1997.

Hoje, diz o secretário-geral, há 72 grupos de AA em Portugal. Realizam cerca de 1.950 reuniões anuais, numa média de 162 por mês. Em cada dia fazem-se, em algum lugar do país, cinco reuniões de AA, que podem juntar entre cinco a 30 membros.

“Uma reunião de recuperação acontece quando dois alcoólicos se reúnem para falar de si próprios”, simplifica Jorge, adiantando que ao alcoólico que busca ajuda “basta ir a reuniões” e que nem tem de falar, porque o programa “funciona por identificação”.

Jorge desconhece se hoje há mais ou menos pessoas dependentes de álcool, mas na associação sabem que o alcoolismo continua a ser preocupante para diversas entidades que a contactam.

O que sabem também é que o número de membros duplicou na última década e que, apesar de serem mais os homens, as mulheres passaram de 12 por cento na década de 90 para 24,7 por cento em 2008.

A idade média dos membros AA estava na mesma altura nos 47 anos, mas Jorge acredita que seja hoje mais baixa, porque às reuniões chegam cada vez mais pessoas na casa dos 30 anos.

Jorge acredita também que a crise económica no país nada afecta a evolução do alcoolismo, porque as pessoas que chegam às reuniões fazem parte de outro mundo: “Falamos de vidas quase destruídas, de empregos perdidos, de dívidas…”.

Na sexta-feira, como em qualquer outro dia, em vários locais do país vão reunir-se estas pessoas, de “vidas quase destruídas”. E vão procurar ajudar-se, trocar experiências, fazer amizades. Porque um dia, há 76 anos, se encontraram por acaso um corrector da bolsa e um médico.

Recuperação portuguesa mais rápida que a grega

in Diário de Notícias

A ministra francesa das Finanças e candidata a direcção do FMI, Christine Lagarde, admitiu hoje que a recuperação económica em Portugal será mais rápida do que na Grécia devido a "aliança" política em torno do programa de ajuda externa.

"Uma grande força de Portugal, e que espero que a Grécia consiga imitar, é que os partidos políticos uniram-se e formaram uma aliança. Isso foi decisivo para construir e restaurar a confiança", disse Christine Lagarde em Pequim, em reposta à agência Lusa.

Christine Lagarde salientou que Grécia, Irlanda e Portugal - os países que no último ano pediram ajuda financeira externa - representam apenas seis por cento do produto interno bruto da zona euro, mas afirmou que "todos contam e são importantes".

"Cada pais é diferente e tem de responder a diferentes categorias de problemas e questões", disse.

A ministra francesa das Finanças termina hoje uma visita de 24 horas a Pequim para promover a sua candidatura à direcção do Fundo Monetário Internacional e estará na sexta-feira em Lisboa, onde decorre a reunião anual do Banco Africano de Desenvolvimento.

No âmbito do programa de ajuda externa acordado o mês passado com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o FMI, Portugal vai receber 78 mil milhões de euros durante os próximos três anos para equilibrar as suas finanças públicas.

O primeiro país da zona euro a pedir ajuda financeira externa foi a Grécia, em Abril 2010, mas um ano depois está a ser discutida a possibilidade de um novo pacote de assistência aquele país.

Em Portugal, os três maiores partidos políticos(PSD, PS e CDS), que representam 78,42 por cento do eleitorado, apoiam o programa de redução do deficite público patrocinado pela Comissão Europeia e o FMI.

Numa conferência de imprensa em Pequim, Christine Lagarde indicou também que, apesar de o FMI estar "envolvido (em programas de assistência financeira) noutras partes do mundo", por ora, "o foco imediato da sua atenção é a zona euro".

"Os programas na (zonaeuro) são uma mistura complexa de consolidação fiscal, reformas estruturais e medidas concretas para questões específicos", afirmou, mencionando o problema bancário na Irlanda a as privatizações na Grécia.

Christine Lagarde disse que os programas de ajuda financeira "não são só apenas medidas de austeridade" nem visam apenas as finanças públicas, mas salientou que "sem sólidas bases financeiras, tudo o resto é para esquecer".

O objectivo é "permitir aos países saldarem as suas finanças públicas, para poderem criar riqueza e emprego", realçou.

Há cada vez mais mulheres nos Alcoólicos Anónimos

in Diário de Notícias

O número de mulheres nas reuniões de alcoólicos anónimos (AA) duplicou numa década, como também duplicaram os pedidos de ajuda, vindos de pessoas cada vez mais novas.

O retrato é da associação de AA de Portugal, feito pelo seu secretário-geral, a propósito do Dia Mundial dos Alcoólicos Anónimos, na sexta-feira. Em Portugal, diz, a percepção que tem é de que o problema do alcoolismo não é hoje menor. Pelo contrário.

Avessos a publicidade, anónimos por natureza, os AA aproveitam o "seu" dia para divulgar o projecto, conviver e fazer reuniões abertas. Por isso o secretário-geral não quer ser filmado e prefere ser citado apenas pelo primeiro nome, Jorge. Porque "o anonimato é o fundamento espiritual" dos AA e se a associação quer ser conhecida, para assim mais alcoólicos chegarem a ela, garante aos que pedem ajuda que serão sempre anónimos.

"Não vamos buscar ninguém, passa sempre por eles", diz o responsável, explicando que a terapia dos AA consiste em mostrar que com eles resultou a partilha de experiências, de sentimentos e de sensações.

Em 1935, um corretor da Bolsa de Nova Iorque, alcoólico, conheceu outro alcoólico, médico, e descobriram que era possível manterem-se afastados da bebida partilhando experiências. 10 de Junho de 1935 marcou o início da abstinência por parte do médico, que nos 15 anos seguintes ajudou mais de 5.000 alcoólicos.

Hoje os AA estão espalhados por 180 países. Em Portugal existem informalmente desde 1972 mas só foram reconhecidos a partir de 1978, constituindo-se como associação em 1997.

Hoje, diz o secretário-geral, há 72 grupos de AA em Portugal. Realizam cerca de 1.950 reuniões anuais, numa média de 162 por mês. Em cada dia fazem-se, em algum lugar do país, cinco reuniões de AA, que podem juntar entre cinco a 30 membros.

"Uma reunião de recuperação acontece quando dois alcoólicos se reúnem para falar de si próprios", simplifica Jorge, adiantando que ao alcoólico que busca ajuda "basta ir a reuniões" e que nem tem de falar, porque o programa "funciona por identificação".

Jorge desconhece se hoje há mais ou menos pessoas dependentes de álcool, mas na associação sabem que o alcoolismo continua a ser preocupante para diversas entidades que a contactam.

O que sabem também é que o número de membros duplicou na última década e que, apesar de serem mais os homens, as mulheres passaram de 12 por cento na década de 90 para 24,7 por cento em 2008.

A idade média dos membros AA estava na mesma altura nos 47 anos, mas Jorge acredita que seja hoje mais baixa, porque às reuniões chegam cada vez mais pessoas na casa dos 30 anos.

Jorge acredita também que a crise económica no país nada afecta a evolução do alcoolismo, porque as pessoas que chegam às reuniões fazem parte de outro mundo: "Falamos de vidas quase destruídas, de empregos perdidos, de dívidas...".

Na sexta-feira, como em qualquer outro dia, em vários locais do país vão reunir-se estas pessoas, de "vidas quase destruídas". E vão procurar ajudar-se, trocar experiências, fazer amizades. Porque um dia, há 76 anos, se encontraram por acaso um corretor da bolsa e um médico.

"Acordo com a 'troika' pode implicar revisão constitucional"

in Diário de Notícias

O comentador político Marcelo Rebelo de Sousa admitiu quarta-feira que o acordo com a 'troika' pode implicar uma revisão constitucional, dependendo da interpretação que o Tribunal Constitucional (TC) fizer sobre o conceito de justa causa.

O presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), José António Barros, já havia defendido quarta-feira que "é preciso rever os artigos que colidem com o que foi assinado sob pena de não se poder executar o memorando de entendimento da 'troika'".

No entanto, Marcelo Rebelo de Sousa diz que há apenas "um ponto" em que a implementação do acordo pode implicar a revisão constitucional, que é "na justa causa", e acrescentou que essa questão depende da interpretação que o TC fizer sobre essa matéria.

"Se o TC flexibilizar o conceito de justa causa, cabendo lá aquilo que está no acordo não é preciso rever. Se o TC for muito rígido e disser que não cabe lá, nesse ponto, porventura, pode ser viável a revisão", explicou o líder do PSD.

O comentador político defendeu, contudo, que é uma "má ideia começar toda a gente a querer discutir" uma revisão constitucional.

"Há tanta coisa a fazer e a revisão é um processo tão lento e tão complicado, que só iria complicar a vida e não descomplicá-la", justificou.

O ex-líder do PSD falava em declarações à Agência Lusa, à margem de uma tertúlia sobre a temática 'É ainda possível a relação entre a Ética e a Política?', promovida pelo Seminário de Aveiro, em que participou.

Portugal vai receber um empréstimo de 78 mil milhões de euros nos próximos três anos ao abrigo de um acordo de ajuda financeira com o Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia.

Cavaco Silva desafia emigrantes e empreendedores

in Jornal de Notícias

O Presidente da República apontou, esta quarta-feira, os portugueses que vivem fora do país e os empreendedores como elementos fundamentais para o país ultrapassar as dificuldades, voltando a lembrar as queixas de quem pretende investir em Portugal e criar emprego.

"São frequentes as queixas dos nossos compatriotas, motivados para investirem em Portugal, de que os seus esforços esbarram com regras incompreensíveis, tempos de espera inaceitáveis, e tratamentos inadequados para quem pretende apostar em criar emprego e prosperidade no seu país", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, na cerimonia de entrega do prémio "Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa", repetindo um alerta que já várias vezes foi deixando.

Apontando "a diáspora, os empreendedores e a inovação", como três elementos fundamentais para que Portugal consiga ultrapassar as dificuldades com que se debate, Cavaco Silva sublinhou que a recuperação da economia portuguesa em muito capacidade de reforçar a sua ligação com "a economia mundial, de intensificar a capacidade dos empreendedores estabelecerem ligações globais em redes de inovação".

Contudo, avisou, nem a dimensão, nem o poder económico da diáspora chegam para determinar o seu sucesso enquanto força de desenvolvimento do país de origem, pois muitas vezes os membros das comunidades da diáspora "acabam, frequentemente, por chocar com os constrangimentos e as barreiras institucionais impostos pela sociedade de origem".

Cavaco Silva, ressalvou, porém, que o problema não está só na ação dos poderes públicos, pois também "a sociedade portuguesa como um todo que terá de interiorizar a oportunidade decorrente do potencial empreendedor e de criação de riqueza da diáspora lusitana".

Reiterando a ideia que o processo de aproximação à diáspora terá rapidamente que passar da retórica e das palavras a iniciativas concretas, "sem as quais faltará credibilidade às intenções demonstradas" e poderá perder-se a motivação para continuar, Cavaco Silva reforçou que a disponibilidade da diáspora ter de encontrar "a necessária reciprocidade das instituições nacionais, das empresas e de outras organizações para conceber e levar a cabo iniciativas de interesse comum".

"Todos não seremos demais para mobilizar esse enorme capital social que a diáspora portuguesa representa. Como já afirmei antes, mobilizar os seus recursos terá, inevitavelmente, de se tornar uma prioridade nacional", afirmou o Presidente da República, terminando o seu discurso com a frase "Portugal precisa de trabalho, trabalho, muito trabalho".

8.6.11

Consumo continuado de drogas aumentou 66%

in Destak

Entre 2001, data em que foi implementada a política de descriminalização da droga em Portugal, e 2007, o consumo continuado de drogas registou, em termos absolutos, uma subida de 66%.

A conclusão pertence a um relatório publicado pelo Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) em Novembro de 2008, que acrescenta ainda que no período em análise se registou uma subida de 37% no consumo de cannabis, de 215% no de cocaína, de 57,5% no de heroína e de 85% no de Ecstasy.

O mesmo relatório aponta que o número de óbitos com resultados positivos para drogas registados no Instituto de Medicina Legal em 2007 registou um aumento de 45%, o valor mais elevado desde 2001, reforçando a tendência para a subida desde 2005. No que diz respeito ao HIV/SIDA, segundo o recente relatório (Novembro de 2010) do Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência, Portugal é o país que apresenta os valores mais elevados da Europa.

Revelou ainda um relatório das Nações Unidas de Junho de 2009 ter havido em Portugal um aumento de 40% nos homicídios relacionados com drogas, o valor mais elevado de toda a Europa.

“Estes dados vêm contrariar as conclusões de um controverso relatório de uma auto denominada Comissão Global De Políticas sobre Drogas, prontamente repudiado pelo Governo dos Estados Unidos e da Rússia, que referem Portugal como um «caso de sucesso» no combate à droga e dão conta de uma diminuição do consumo de heroína no nosso país (segundo Richard Branson, um dos signatários, desceu para metade…). Estamos a falar, portanto, de desinformação pura. É de facto extremamente preocupante que, com o objectivo de legalizar as drogas, se faça a apologia de um modelo que já provou estar a ser mais prejudicial que benéfico” explica Manuel Pinto Coelho, presidente da Associação Para um Portugal Livre de Drogas (APLD).

Bill Drayton é o Prémio Príncipe de Astúrias de Cooperação Internacional

Por Susana Almeida Ribeiro, in Público on-line

O americano Bill Drayton, fundador da Ashoka, a maior associação de empreendedores sociais do mundo, foi hoje distinguido com o Prémio Príncipe de Astúrias de Cooperação Internacional. O ex-Presidente português Jorge Sampaio era um dos finalistas.

"Reunido em Oviedo, o júri do Prémio Príncipe de Astúrias da Cooperação Internacional 2011, decidiu conceder o Prémio Príncipe de Astúrias da Cooperação Internacional 2011 a Bill Drayton, fundador da organização Ashoka em 1981, pelo seu papel fundamental no desenvolvimento do empreendedorismo social como motor para a transformação social e económica dos países", indica a Fundação Príncipe de Astúrias em comunicado.

"Bill Drayton apoia fundamentalmente as pessoas, tendo adoptado o termo empreendedor social para descrever aqueles que combinam os métodos pragmáticos e focados nos resultados de um empresário com os objectivos de um reformador social", indicou ainda a Fundação.

Este nova-iorquino de 68 anos, que estudou em Oxford e Yale e que trabalhou dez anos na consultora McKinsey, esteve envolvido grande parte da sua vida no movimento dos direitos civis.

Fortemente influenciado pelos pensamentos de Martin Luther King e Gandhi, bem como pela figura de Ashoka - imperador indiano do século III antes de Cristo - Drayton colocou em funcionamento uma rede de apoio a empreendedores sociais viajando por diversas cidades da Índia e da Indonésia em meados da década de 80.

Em 1981 decidiu criar a Ashoka: Innovators for the Public, a sua maior empresa, sem fins lucrativos, com o objectivo de adaptar o modelo do capital de risco ao sector dos projectos de cariz social. De acordo com o jornal ABC, esta organização selecciona cerca de 200 empreendedores a cada ano, oriundos de mais de 70 países diferentes, e financia o trabalho destes com um salário mensal durante três anos.

"A Ashoka baseia-se na ideia de que é preciso, para enfrentar os desafios da sociedade, que cada pessoa possa ser protagonista da mudança, em qualquer âmbito, quer seja global ou local", indica a Fundação Príncipe de Astúrias em comunicado.

Durante os últimos 30 anos de actividade, a Ashoka já apoiou mais de 3000 empreendedores cujas ideias foram copiadas e desenvolvidas por outras organizações, ajudando a modificar, em muitos casos, algumas políticas nacionais.

Entre estas destacam-se, por exemplo, o projecto de Fábio Rosa, que levou a electricidade a mais de um milhão de habitantes em zonas rurais do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e o projecto da enfermeira sul-africana Verónica Khosa, que conseguiu através da Ashoka o financiamento necessário para que o Governo passasse a prestar ajuda domiciliária a doentes com sida.

"A Ashoka conta com um rigoroso processo de selecção para escolher estes empreendedores sociais através da análise exaustiva dos seus projectos de inovação e mudança, do seu potencial impacto na sociedade e da sua motivação e natureza ética", indicou ainda a Fundação em comunicado.

Além de ser presidente e máximo executivo da Ashoka, Bill Drayton preside a outras iniciativas sociais como a Youth Venture, a Community Greens e a Get America Working.

Bill Drayton recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade de Yale; é membro da Academia Americana das Artes e das Ciências e da Academia Nacional da Administração Pública dos Estados Unidos, entre outras; e foi distinguido com vários prémios, tais como o National Public Service Award (1995), o Skoll Award for Social Entrepreneurship (E.U.A., 2005), o Yale Law School Award of Merit (2005), o Peace Award concedido pela Goi Peace Foundation (Japão, 2007), o Universal Peace Award da Associação Mundial de Organizações Não-Governamentais (2009) e o Essl Social Prize (Áustria, 2010).

O prémio da Cooperação é um dos oito galardões anuais concedidos pela Fundação Príncipe das Astúrias.

Este reconhecimento premeia o trabalho que indivíduos ou instituições tenham feito ao longo da sua vida em prol da cooperação internacional.

A candidatura de Bill Drayton e da Ashoka tinha sido apresentada por Diego Hidalgo Schnur, presidente da Fundação para as Relações Internacionais e o Diálogo Externo (FRIDE), e apoiada por Federico Mayor Zaragoza, presidente da Fundação Cultura de Paz.

"Não há fuga de cérebros em Portugal, é uma ideia errada", diz João Sentieiro

in Público on-line

A fuga de cérebros é uma ideia lançada pela imprensa que não tem correspondência com os números oficiais, afirma João Sentieiro, o presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Falando para uma plateia de académicos dos países de língua portuguesa, em Bragança, o presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia explica que é muito comum falar-se em Portugal da fuga de cérebros para o estrangeiro, no entanto, disse, os números dizem o contrário: “A percentagem dos académicos doutorados entre 1979 e 2008 que permanecem em Portugal é de 84 por cento”.

Citando um estudo sobre o universo total de doutoramentos feitos desde 1979, pouco mais de 14 mil, João Sentieiro reforça que a ideia que passa para a opinião pública “é errada”, já que “apenas cinco por cento dos doutorados saíram do país” e afirma mesmo que o fenómeno é o inverso, há mais investigadores estrangeiros a fixarem-se em Portugal.

“Nada comprova que essa fuga de cérebros exista, pelo menos ao nível de doutorado e até agora, é uma ideia errada”.

O presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia realçou o investimento feito em Portugal nos últimos cinco anos na área da ciência e da investigação, “como nunca tinha sido visto na história de Portugal”.

E apresentou um dos indicadores normalmente apontados para aferir da aposta na ciência, a percentagem do PIB: “Desde a década de 90 que Portugal se propôs investir na ciência 1% do PIB, mas só 20 anos depois conseguimos ultrapassar largamente esse valor, hoje investimos 1,7% do PIB em investigação”.

Fazendo uma apresentação realçando indicadores muito positivos sobre a evolução do investimento na ciência em Portugal, que inclusivamente levou o reitor da Universidade Politécnica de Moçambique, Lourenço do Rosário, a dizer que ficou muito surpreendido com tão grande evolução, João Sentieiro colocou o enfoque no financiamento.

“Verificou-se uma evolução notável no financiamento, sempre a subir, mas com aumento exponencial entre 2005 e 2010”, situação que se reflecte também no próprio orçamento da fundação que dirige, que “duplicou de 2006 para 2010”.

Mesmo assim, afirmou, “há ainda uma grande margem para crescer o investimento privado na investigação” citando um estudo que prova que as empresas que mais investiram em investigação obtiveram mais sucesso na exportação.

Todos os suspeitos devem ter acesso a um advogado, defende comissária europeia

Por Paula Torres de Carvalho, in Público on-line

Todos os cidadãos suspeitos de crimes dentro dos países da União Europeia devem ter acesso a um advogado, desde a sua detenção pela polícia até ao final do processo, propôs hoje a Comissão Europeia.

"O direito a um processo equitativo é essencial para que os cidadãos tenham confiança no sistema judicial", declarou a vice-presidente Viviane Reading, Comissária da UE responsável pela Justiça. "Em caso de detenção, os cidadãos devem ter a garantia de poder consultar um advogado em qualquer lugar onde se encontrem na União Europeia. Se estiverem detidos fora do seu país, devem ter a assistência do seu consulado ou embaixada”.

Esta medida, nota Viviane Reading, "reforçará a confiança mútua entre os nossos sistemas judiciais, assegurando que os suspeitos beneficiem do mesmo tratamento graças a normas mínimas equitativas em toda a União Europeia."

Uma nota distribuída hoje aos órgãos de comunicação social refere o exemplo do caso de um homem de 22 anos que se deslocou a outro país para assistir a um jogo de futebol. Depois do jogo, foi a um bar com amigos onde se viu envolvido em distúrbios, tendo sido detido. A polícia interrogou-o durante várias horas sem que estivesse presente um advogado.

A Comissária europeia sublinha a importância do acesso a um advogado para criar confiança no espaço único europeu de justiça, especialmente quando os suspeitos são detidos em execução de um mandado de detenção europeu

Este direito é a terceira directiva de uma série de propostas que visam assegurar os direitos mínimos a um processo equitativo em qualquer lugar da União Europeia. As outras propostas são relativas ao direito de tradução e interpretação e ao direito de informação em processos penais

Estas propostas têm, no entanto, de ser adoptadas pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho de Ministros para se converterem em leis.

Na União Europeia, são instaurados todos os anos mais de oito milhões de processos penais. Embora o direito de defesa seja amplamente reconhecido como um elemento básico de um processo equitativo, as condições em que os suspeitos podem consultar um advogado variam em função dos Estados Membros, salienta a mesma nota, observando que “uma pessoa acusada de um crime pode não conseguir ter acesso a um advogado durante o interrogatório policial”.

Também os elementos de prova obtidos sem a presença de um advogado têm uma valoração diferente consoante os Estados Membros e, por outro lado, as pessoas procuradas em execução de um mandado de detenção europeu podem não ter acesso a um advogado no país de emissão do mandado até à sua entrega a esse país.

Não existe também consenso quanto ao direito dos suspeitos informarem os familiares ou a entidade patronal da sua detenção. Tal direito pode não ser automático, ou ser concedido já numa fase tardia do processo, ou o detido pode não ser informado de que a sua família foi contactada.

A proposta da Comissão tem em vista assegurar a aplicação efectiva de todos estes direitos ao garantir o acesso a um advogado desde a primeira fase do interrogatório policial e durante toda a tramitação processual.