8.6.11

"Não há fuga de cérebros em Portugal, é uma ideia errada", diz João Sentieiro

in Público on-line

A fuga de cérebros é uma ideia lançada pela imprensa que não tem correspondência com os números oficiais, afirma João Sentieiro, o presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Falando para uma plateia de académicos dos países de língua portuguesa, em Bragança, o presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia explica que é muito comum falar-se em Portugal da fuga de cérebros para o estrangeiro, no entanto, disse, os números dizem o contrário: “A percentagem dos académicos doutorados entre 1979 e 2008 que permanecem em Portugal é de 84 por cento”.

Citando um estudo sobre o universo total de doutoramentos feitos desde 1979, pouco mais de 14 mil, João Sentieiro reforça que a ideia que passa para a opinião pública “é errada”, já que “apenas cinco por cento dos doutorados saíram do país” e afirma mesmo que o fenómeno é o inverso, há mais investigadores estrangeiros a fixarem-se em Portugal.

“Nada comprova que essa fuga de cérebros exista, pelo menos ao nível de doutorado e até agora, é uma ideia errada”.

O presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia realçou o investimento feito em Portugal nos últimos cinco anos na área da ciência e da investigação, “como nunca tinha sido visto na história de Portugal”.

E apresentou um dos indicadores normalmente apontados para aferir da aposta na ciência, a percentagem do PIB: “Desde a década de 90 que Portugal se propôs investir na ciência 1% do PIB, mas só 20 anos depois conseguimos ultrapassar largamente esse valor, hoje investimos 1,7% do PIB em investigação”.

Fazendo uma apresentação realçando indicadores muito positivos sobre a evolução do investimento na ciência em Portugal, que inclusivamente levou o reitor da Universidade Politécnica de Moçambique, Lourenço do Rosário, a dizer que ficou muito surpreendido com tão grande evolução, João Sentieiro colocou o enfoque no financiamento.

“Verificou-se uma evolução notável no financiamento, sempre a subir, mas com aumento exponencial entre 2005 e 2010”, situação que se reflecte também no próprio orçamento da fundação que dirige, que “duplicou de 2006 para 2010”.

Mesmo assim, afirmou, “há ainda uma grande margem para crescer o investimento privado na investigação” citando um estudo que prova que as empresas que mais investiram em investigação obtiveram mais sucesso na exportação.