16.6.11

Um novo coração para a Europa»

Lucília Oliveira, in Fátima Missionária

Rede Europeia Anti-Pobreza realiza 22.ª assembleia geral para discutir a Europa Social que se encontra «num momento crítico da sua história»

«Aliás, se a Europa estivesse bem, o seminário que antecede a assembleia geral da European Anti Poverty Network [EAPN, sigla em inglês] não apelava à necessidade de um novo coração para a Europa. Se precisa, é porque não está bem», defende o padre Jardim Moreira. O encontro que não se realizava em Portugal há 13 anos, «visa essencialmente uma reflexão sobre a Europa, nomeadamente a Europa Social, num momento crítico da sua história», adianta o presidente da Rede Europeia Anti- Pobreza Portugal, em comunicado. O encontro tem início esta quinta-feira, 16 de Junho e junta delegações de 26 países em Lisboa.

No seminário que antecedeu esta assembleia, Edmundo Martinho defendeu que «a Europa tem um défice no pensamento de políticas sociais e de combate à exclusão social». O responsável do Instituto de Segurança Social sublinha que há «uma ideia de que uma das razões desta crise advém de um excesso de generosidade da protecção social. Isto é um raciocínio muito pensado que tem levado a situações de ruptura social». Para o antigo coordenador do Ano europeu do combate à pobreza e à exclusão, citado pelo jornal i, «quando o Estado perder de vista que o seu papel é assegurar o bem-estar dos cidadãos deixa de ter razão de existir».



O director da EAPN considera que a solução para a pobreza e a exclusão social na Europa passa em grande parte por um compromisso e um envolvimento alargado da sociedade. «Se chegarmos a uma sociedade de ricos e pobres que já não se cruzem uns com os outros, num mundo dividido, já não será possível resolver o problema».

Fintan Farrell vê no voluntariado um papel importante e considera que é preciso «comprometer as pessoas pobres e os mais poderosos na procura de soluções. Há pessoas que não pensaram viver uma situação de pobreza e agora vêem-se nela». Mesmo em tempo de crise, o responsável acredita que ainda existe riqueza suficiente nos países europeus para apostar na protecção social. «Vivemos num mundo de fartura e daria para todos se fosse melhor distribuída».