6.6.11

Recolha do Banco Alimentar: “É bom ajudar quem precisa”

Por Carlos Pessoa, in Jornal Público

Há quem vá ao super-mercado só para participar na Campanha do Banco Alimentar Contra a Fome.

Na primeira hora e pouco por toda a manhã esteve tudo muito calmo. A recolha de produtos ressentiu-se mas, apesar disso, ainda há a assinalar uma pessoa que veio expressamente ao Jumbo das Amoreiras para encher um carrinho e entregá-lo aos voluntários do Banco Alimentar Contra a Fome. “Carros cheios não são assim tão invulgares como se poderia pensar”, diz Rita Mendes, responsável pelo primeiro turno do dia.

Esta jovem bancária é responsável há 10 anos pelo grupo que faz o horário entre as 9 e as 13 horas dos dois dias, mobilizando pessoas a partir do agrupamento de escuteiros de Santa Isabel, ao qual está ligada há 13 anos. “É um bichinho que se instala e já não sai”, comenta com um sorriso.

Com que sensação se fica ao participar numa campanha destas? “Antes de tudo, há uma enorme satisfação pessoal. Não importa quem dá nem quem recebe. É sentir que se deixa o mundo um bocadinho melhor do que o encontrámos antes.”

A partir das 11 horas, a afluência de consumidores aumentou e o ritmo de trabalho começou a deixar pouco espaço livre. Os sacos começaram a ser entregues a um ritmo alto e, nas caixas registadoras, o vaivém dos carrinhos com os donativos passou a ser constante. José Maria, 10 anos, é um dos escuteiros encarregados de transportar os carrinhos com donativos para uma zona de retaguarda de onde serão transportados para as instalações do Banco Alimentar, em Alcântara. Não é a primeira vez que participa e gosta do que faz: “É bom ajudar outras pessoas que precisam.” Cumpre o horário da manhã e depois vai para casa. Tenciona voltar no próximo ano.

Miguel Brito Correia, arquitecto, é um dos poucos adultos numa equipa que tem bastantes jovens, e alguns deles bem pequenos. “Sou pai de três escuteiros e vim trazê-los”, explica. Já aqui esteve na campanha anterior, no final do ano passado, e vai voltar a fazê-lo no futuro. “É o momento de voluntariado com o maior número de pessoas em acção em Portugal”, comenta.

Quem dá raramente perde tempo a explicar a sua motivação. “Acho que devo dar”, limita-se a responder Manuela Luz Clara, reformada. “Há quem precise mais do que eu”, diz por seu turno Nuno Lemos, bancário, antes de seguir rapidamente o seu caminho. Helena Correia Mendes, pintora, é uma veterana do voluntariado, que já a levou a África e outros pontos do planeta. “É uma maravilha quando se vive para isso. É difícil dizer o que se sente quando ajudamos outros. Só experimentando se consegue ver o que acontece.”