6.6.11

Mais famílias e mais indivíduos recorrem ao “Banco Colmeia”

Escrito por José Carlos Silva, in Diário de Coimbra

A actividade do Banco de Recursos (BR) Colmeia tem vindo a registar um aumento significativo do número de beneficiários, isto é, mais famílias e mais indivíduos que têm recorrido a este espaço de solidariedade promovido pela autarquia de Cantanhede. O que não é novidade, quando são sobejamente conhecidas as dificuldades que as famílias atravessam, face ao agravamento da situação de crise que se vive.

Segundo o vereador responsável da pasta da Solidariedade e Acção Social, são quase meio milhar de famílias - o que perfaz cerca de 1 500 indivíduos - apoiadas pela Colmeia e, desde a abertura do Banco (há quatro anos), são já 14 000 registos em termos de beneficiários que solicitaram bens. E apenas no decurso do ano passado foram registados mais 4.682 beneficiários, que inclui pessoas de todo o concelho de Cantanhede.
«Esta resposta social é importantíssima sobretudo nesta altura, em que sabemos que as medidas de austeridade e a crise pesam, inequivocamente, muito mais sobre os mais pobres», disse ontem ao DC Pedro Vaz Cardoso, sublinhando que, para além dos novos casos de pobreza, «preocupa-nos o crescente número de casos, que chamamos pobreza envergonhada».

Outro aspecto importante e que tem sido muito referenciado por quem dá (donativos) é a credibilidade do Banco de Recursos, «que dá a garantia de que os bens doados chegam àqueles que mais precisam, aos casos mais fragilizados socioeconomicamente», adianta Pedro Cardoso, sendo que é também conhecida a eficácia deste processo devidamente organizado do ponto de vista administrativo e logístico, «que serve de filtro para eventuais situações de oportunistas e/ou facilitismo no acesso aos bens».

Esta resposta social, observa Pedro Cardoso, é apenas um complemento da intervenção social do município, «que não se tem poupado a esforços nesta tarefa importante de erradicação da pobreza e exclusão social». O autarca frisa que «ninguém pode ficar indiferente» e que «todos temos de trabalhar para o bem comum».

Voluntários fazem a diferença

A dinamização do Banco de Recursos está, desde o seu início, a cargo de uma equipa de voluntários do Banco de Voluntariado de Cantanhede, supervisionada pela autarquia através da Divisão de Educação e Acção Social, que orienta e acompanha, tendo desenvolvido um trabalho que contribui fortemente para o bem-estar da população mais fragilizada do concelho de Cantanhede.

Estas pessoas (actualmente são cerca de 20) têm a responsabilidade de receber e fazer a triagem e registo do material doado, atender os utentes na loja, disponibilizando os bens aos beneficiários de acordo com a ficha de registo prévio de necessidades e proceder ao registo do material facultado.

«A generosidade destes voluntários assegura a ajuda a quem dela precisa, apelando à co-responsabilização de quem dela beneficia, tentando assim contribuir para o incremento de uma atitude mais participativa na resolução dos seus problemas», acentua Pedro Vaz Cardoso.

Como espaço de partilha e de convergência de esforços, o Banco de Recursos – acentua o autarca, é também uma oportunidade para uma maior consciencialização de toda a comunidade de que a luta contra a pobreza e exclusão é uma tarefa de todos.

«Todos somos convocados para este desafio, ninguém pode ficar indiferente», alerta o responsável, lembrando que estamos a falar «da promoção da dignidade humana, de direitos humanos, da construção de uma sociedade mais justa e solidária». E nisso, conclui, «o Banco de Recursos também é desafiante, interpelador».

Quatro anos a promover cadeia de solidariedade

Banco de Recursos – Colmeia foi inaugurado a 6 de Janeiro de 2007. A actividade deste projecto tem vindo a crescer progressivamente, tendo neste momento uma maior divulgação pelas freguesias de Cantanhede e um maior envolvimento das instituições parceiras da Rede Social, que têm um papel pró-activo na sinalização de casos, no encaminhamento e mesmo na divulgação desta resposta social. Pedro Vaz Cardoso enfatiza a «eficácia em tempos de crise», e lembra que a entrega de bens tem sido realizada de acordo com a sinalização prévia das famílias e indivíduos, até para que quem dá tenha a confiança de que a gestão dos bens é bem feita e se destinam de facto a pessoas carenciadas.

«O facto de a Rede Social tentar, através do BR, congregar esforços com todas as entidades parceiras, é uma forma de responder mais célere às necessidades e promover uma racionalização dos bens que são cada vez mais escassos», conclui o vereador.