20.6.11

Cáritas diz ao Governo que protecção social é mais importante que défice público

in Público on-line

O presidente da Cáritas Portuguesa não quer que o pagamento do défice público dê lugar a “uma dívida com consequências irreparáveis” e que “nunca chegará a ser paga”.

“Mesmo que se leve mais algum tempo a pagar as dívidas, é necessário que não se desviem recursos necessários para respeitar condições tão elementares como o direito à alimentação, habitação, cuidados de saúde e instrução”, disse Eugénio Fonseca.

Em declarações à agência Ecclesia, no final da reunião do conselho permanente da Cáritas, Fonseca admitiu que é necessário “honrar os compromissos” financeiros, mas diz que, primeiro, é preciso “cuidar das pessoas, em especial das mais fracas”.

Este responsável acrescenta que “é urgente criar condições para que a economia volte a ter dinamismos geradores de riqueza”, mas recorda que “há mais vida para além do défice”, e “essa vida tem a ver com a sobrevivência de muitos portugueses”. E afirma: “Se não respeitarmos esta prioridade estamos a criar uma dívida que vai ter consequências irreparáveis, que é a de destruirmos as vidas das pessoas, roubar-lhes a esperança e não as ganharmos para preparar um futuro de progresso para Portugal.”

Sobre as medidas acordadas com o Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia, Eugénio Fonseca teme que elas secundarizem a agenda social. Mas recorda que os responsáveis pelos partidos do Governo “disseram amplamente na campanha eleitoral que não irão deixar que isso aconteça”. E mostra a sua confiança: “Quero acreditar que tudo se irá fazer para que se consiga articular o respeito pelos compromissos com a protecção básica que as pessoas devem ter, nomeadamente as mais fragilizadas”, refere.

Na reunião do conselho permanente da Cáritas, os responsáveis da instituição de acção social católica verificaram que a medida mais atrasada é a “criação de grupos de acção social nas paróquias em ordem a uma melhor organização da caridade”, por causa da “indisponibilidade dos recursos humanos necessários”.

Ainda segundo a mesma fonte, Eugénio Fonseca diz que a dificuldade na formação dos grupos paroquiais “não representa insensibilidade ao social” mas resulta de “outras opções pastorais”. “É a hora de fazermos uma opção muito clara pela caridade organizada”, apela.