6.6.11

Número de crianças e jovens que saiu de instituições triplicou em 2010

in Público on-line

O número de crianças e jovens que conseguiu sair de instituições com novos projectos de vida triplicou, em 2010, no Distrito de Bragança, com 60 desinstitucionalizações, segundo dados divulgados hoje por técnicos da Segurança Social.

Um resultado considerado “muito bom quando a média de desinstitucionalizações era de 15/20 por ano”, de acordo com Fernando Jorge Rodrigues, técnico do sector infância e juventude da Unidade de Desenvolvimento Social da Segurança Social de Bragança.

O técnico presta também assistência às oito instituições do Distrito de Bragança que acolhem cerca de 350 crianças e jovens em risco e garantiu à Lusa que “todos os que saíram têm um projecto de vida, que continua a ser acompanhado e pode ser redireccionado”.

Este responsável atribuiu os resultados ao “novo paradigma” do plano DOM (Desafios, Oportunidades e Mudanças) que aposta na desinstitucionalização de forma sustentada com soluções que passam pelo regresso à família, adopção, entrega a pessoas idóneas, à família alargada, entre outras.

O projecto está em curso há três anos e permitiu dotar as instituições de acolhimento de equipas técnicas que apoiam as crianças e as próprias famílias.

Segundo Fernando Jorge Rodrigues, “o maior constrangimento que existe ao nível do Distrito de Bragança são as crianças geograficamente deslocalizadas”

“Ou seja, doutros distritos que vêem para o nosso distrito”, concretizou, explicando que o principal constrangimento reside em fazer o acompanhamento à família.

“É impensável os técnicos de uma instituição de Bragança estarem a fazer um acompanhamento às famílias dessas crianças e desses jovens, por exemplo que residem em Faro, Lisboa ou Porto”, declarou.

Segundo disse, o número de crianças geograficamente deslocalizadas tem vindo a aumentar consideravelmente”.

“Enquanto que acolhemos duas, três do distrito, temos pedidos na ordem das dezenas para acolher de fora”, afirmou.

Os dados foram divulgados numa iniciativa transfronteiriça promovida pela Rede Europeia Anti Pobreza (EAPN) sobre a institucionalização de crianças e jovens.

Os núcleos de Bragança, Guarda, Vila Real, em Portugal, e de Castela e Leão, em Espanha, decidiram realizar em simultâneo seminários sobre a problemática, que decorreram em cada uma das cidades portuguesas hoje e que Espanha realizará no dia 09, em Salamanca.

O coordenador do núcleo de Bragança, Pedro Guerra, explicou à Lusa que a ideia desta cooperação é “debater problema se constrangimentos, procurar soluções e que tudo seja compilado numa publicação conjunta”.

O Distrito de Bragança “tem uma capacidade de resposta boa para as necessidades”, na opinião de Pedro Guerra, mas já a nível nacional entende que há “algumas arestas a liminar”.

Este dirigente da EAPN que é também responsável por uma das instituições de acolhimento de Bragança entende que “devia haver dois níveis de institucionalização, porque é diferente institucionalizar uma criança de cinco anos e de 16”.