7.6.11

Qualidade de vida depende do emprego, formação académica e... ser homem

in Público on-line

A qualidade de vida do doente com VIH/SIDA está muito relacionada com o seu nível académico e o emprego, mas geralmente é melhor nos homens, revela um estudo da Universidade de Coimbra (UC).

“Regra geral as mulheres têm pior qualidade de vida que os homens”, diz um investigador da Universidade de Coimbra.

“Regra geral as mulheres têm pior qualidade de vida que os homens”, afirmou à agência Lusa Marco Pereira, da equipa responsável pelo estudo, frisando que nelas também se constata uma menor saúde mental, em particular a partir dos 45 anos.

Embora nos doentes mais jovens se encontrem “mulheres melhor estruturadas que os homens”, o investigador encontra uma justificação cultural para essa diferença de género.

Na mulher – sublinha – haverá “um maior desgaste pela tarefa de cuidadora”, pela “sobrecarga de ser doente, mãe e esposa”.

“Paralelamente ao controlo de sintomas, factores como uma melhor educação e estar empregado são determinantes para a percepção da qualidade de vida dos doentes com VIH/SIDA”, sublinha uma nota de imprensa da UC.

O estudo, elaborado pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), envolveu a realização de questionários a 1.200 indivíduos, acompanhados em 14 hospitais portugueses.

Nele os investigadores constataram que “o perfil do doente seropositivo com melhor qualidade de vida corresponde a um homem caucasiano, empregado e com um bom nível socioeconómico, com qualificação académica e que está envolvido numa relação”.

“Ter um nível superior de estudos e um emprego são os factores que a investigação tem mostrado estarem associados, de forma consistente, a uma melhor qualidade de vida. O controlo da doença é importante, mas estes factores não o são menos”, conclui Marco Pereira.

Na perspectiva do investigador, “na conjuntura actual isto faz todo o sentido”, ter um emprego e a vida estruturada, ainda mais pelo facto de a esta doença “estar associada uma carga estigmatizante”.

O estudo apurou que se situam nos 30 por cento os doentes com VIH/SIDA que sofrem de depressão, algo que a investigação considera particularmente importante uma vez que pode afectar a adesão e o respeito pelas regras da complexa medicação.

Maria Cristina Canavarro, coordenadora do grupo da investigação, realça que “o surgimento de novos fármacos e de terapêuticas de alta eficácia ‘transformaram’ a sida numa doença crónica, o que levanta novas questões, nomeadamente, como se pode tratar o doente para viver e não apenas sobreviver”.

O estudo da FPCEUC, que visou conhecer melhor o impacto da doença e dos tratamentos médicos, contou com o apoio do Alto Comissariado para a Saúde-Coordenação Nacional para a Infecção VIH/SIDA. Recorreu a dados clínicos e a um questionário da Organização Mundial de Saúde.