8.6.11

FMI assinala “riscos importantes” do empréstimo a Portugal

Por Paulo Miguel Madeira, in Público on-line

O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que o programa de financiamento a Portugal, acordado em conjunto com a União Europeia, comporta riscos importantes”, apesar de dizer que espera que a capacidade de reembolso seja “suficiente”.

Esta posição consta do documento publicado ontem no sítio electrónico da instituição sobre o empréstimo a Portugal, intitulado “Portugal: Request for a Three-Year Arrangement Under the Extended Fund Facility”, sobre o resgate de 78 mil milhões de euros a Portugal, onde diz que “as medidas de política anunciadas e a credibilidade dada pelo programa apoiado pelo Fundo podem falhar em aliviar as preocupações da dívida soberana, como um impacto adverso nas perspectivas de financiamento do Governo”.

Assim, a instituição (que contribui com 26 mil milhões de euros) fala de riscos de financiamento de curto prazo para o Governo devido ao possível fecho ou contracção do mercado de Títulos do Tesouro (dívida de curto prazo) e conclui que “mesmo que o ajustamento doméstico seja feito segundo os compromissos assumidos ao abrigo do programa, pode haver repercussões decorrentes de agravamento de problemas no resto da periferia”.

Por outro lado, alerta para que a “substancial consolidação orçamental” e a “reforma estrutural” requerem “consenso social e um consenso político continuado”, e que “um crescimento menor que o esperado pode piorar a dinâmica de sustentabilidade da dívida pública”.

Há também referência aos riscos para a banca, decorrentes de custos de financiamento mais elevados, desclassificação das notas de risco (ratings) ou aumento do crédito malparado, que podem gerar maior pressão sobre os bancos nacionais e obrigar à sua recapitalização com dinheiros públicos, o que ”poderia ter efeitos macroeconómicos, orçamentais e de confiança”.