30.6.11

Censos 2011 - População só cresceu nos “primeiros anos da década”

Por Natália Faria, in Público on-line

O crescimento da população residente em Portugal em 1,9 por cento decorre essencialmente “do crescimento exuberante do início da década”, segundo adiantou ao PÚBLICO o geógrafo Jorge Malheiros.

Numa primeira leitura aos resultados preliminares dos Censos 2011, segundos os quais a população residente em Portugal cresceu de 10,3 para 10,5 milhões nos últimos dez anos, aquele docente do Instituto de Geografia da Universidade de Lisboa considera que o declínio demográfico dos últimos anos não surge evidenciado neste balanço total da década. “É um valor global que não traduz o que acontece em cada um dos segmentos da década. Esta começou com um período muito exuberante, do ponto de vista económico - o que acabou por ter reflexo na nossa demografia, nomeadamente com um ritmo elevado de entrada de imigrantes - mas foi perdendo dinamismo. Nos últimos anos, perdemos capacidade de atracção de imigrantes e a nossa fecundidade também diminuiu, por isso entrámos em declínio”.

De resto, o crescimento da população residente em 1,9 pontos percentuais registado entre 2001 e 2011 traduz uma significativa desaceleração do ritmo de crescimento. Na década anterior, a população tinha aumentado cinco por cento.

Para Jorge Malheiros, o saldo migratório positivo que o INE estima ser de cerca de 182.100 pessoas (o que juntamente com o saldo natural positivo de 17.600 pessoas perfaz o tal crescimento da população residente em 199.700 indivíduos, ou seja, 1,9 por cento) também resulta essencialmente do que aconteceu na primeira metade da década. “Creio que 2001 e 2002 serão por si só serão responsáveis por cerca de 80 por cento do saldo migratório positivo referente à década toda. Se os Censos tivessem sido feitos em 2003, provavelmente teríamos um saldo migratório muito semelhante ao actual”. Nas décadas seguintes, como lembra ainda este especialista, “o saldo migratório já atinge valores negativos”.