14.6.11

Igreja Católica pede muita atenção do Governo para situações sociais emergentes

in Diário de Notícias

A Igreja Católica pediu hoje muita atenção do futuro Governo para responder às situações sociais emergentes que vão decorrer da implementação das medidas da 'troika'.

"Espero que [o Governo] esteja muito atento à sua responsabilidade para corresponder às situações mais emergentes que vão crescer no próximo ano, a partir de Outubro, quando nós entramos outra vez depois de férias, que é sempre um tempo de algumas ilusões", afirmou o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social.

Em Fátima, à margem das Jornadas Pastorais do Episcopado, Carlos Azevedo, defendeu que "é muito importante que o Estado, não só dê os apoios que lhe for possível, mas também exerça um trabalho de pedagogia social", considerando que "há muita coisa que é preciso pôr as pessoas em comum". "Não custa nada dar companhia a pessoas sós, porque não custa dinheiro", exemplificou o prelado, defendendo a mobilização dos portugueses neste trabalho cujo "papel do Estado" é dinamizar.

Confrontado com a possibilidade de o país ficar mais pobre depois de implementadas as medidas da 'troika', Carlos Azevedo respondeu: "Nós temos sempre consciência que quando temos um sacrifício faz-nos algum mal-estar, mas se soubermos que esse sacrifício vai redundar, passado uns tempos, em benefício, ele com certeza é percorrido com mais gosto". "O que temos é que ter muita confiança que aquilo que nos vai ser dito é a verdade do que está a acontecer", declarou, salientando que "tem que ser muito essa política de verdade a constituir" a confiança dos portugueses.

O responsável considerou que "passando muitos limites" no bem-estar dos portugueses "certamente que isso deve implicar um futuro, nem que seja mais algum longo prazo, mas um futuro diferente". "Agora Portugal tem que encarar-se que é um país pobre, não pode viver acima daquilo que é, mas pode ser um país onde se viva de modo sereno e feliz", acrescentou.

As Jornadas Pastorais do Episcopado, que encerram na quarta-feira, contam com a participação de cerca de 80 pessoas, entre bispos, delegados das dioceses ao projecto "Repensar Juntos a Pastoral da Igreja em Portugal" e delegados de congregações religiosas e de movimentos eclesiais.