27.3.07

Alemães prevêem reduzir empregos em Portugal

João Paulo Madeira, in Jornal de Notícias

Três em cada dez empresas alemãs a operarem em Portugal prevêem reduzir o número de trabalhadores, num futuro próximo. Esta conclusão faz parte de um inquérito apresentado, ontem, pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã (CCILA), e representa um agravamento face aos resultados do estudo anterior, de 2005. Há dois anos, apenas 16% das empresas manifestavam aquela intenção.

O inquérito da CCILA, que obteve resposta de 65 empresas alemãs a operarem em Portugal, evidencia que as intenções de diminuição de postos de trabalho são superiores às de aumento - 28,6% contra 25,4%, respectivamente -, quando o inquérito de 2005 registou a tendência oposta. A maior parte das empresas (42,9%) vai optar por não fazer alterações.

O estudo mostra resultados "extremados" nas apreciações que os gestores fazem do futuro da actividade no país. Por um lado, 41,3% das companhias inquiridas antecipa uma melhoria dos negócios. No entanto, uma parte significativa (34,9%) antevê o agravamento da situação da empresa.

As vantagens nos custos, a produtividade e a exploração do mercado português são as principais razões para a manutenção do negócio em Portugal, mas a burocracia, a legislação laboral e os custos de contexto/impostos são motivos de apreensão.

No capítulo dos investimentos, o presidente da CCILA, Patrick Schwarz, revelou que as empresas industriais alemãs não fazem investimentos em Portugal desde 2004. Schwarz lembrou que um dos factores que prejudica Portugal é a localização "A nível de indústria, o Leste europeu tem vantagens, a primeira das quais a proximidade", afirmou.

O inquérito contém, pela primeira vez, uma questão sobre deslocalizações. Cerca de 78% das empresas diz não ter planos para sair o país e as restantes admite que essa possibilidade já foi equacionada, uma tendência que é mais evidente no sector industrial.

A perda de competitividade em termos de custos de produção explica este comportamento. O director-executivo da câmara de comércio, Hans-Joachim Böhmer, sublinhou que o pico dos investimentos da indústria alemã em Portugal ocorreu nos anos 80 e princípios dos anos 90, quando não havia ainda a hipótese de ir para o Leste europeu.