26.3.07

Redes de cidades: laboratórios do futuro?

Catarina Selada e José Rui Felizardo*, in Jornal Público

A cooperação entre cidades e regiões é essencial para a inovação e competitividade territorial. Os Living Labs poderão ser um instrumento de suporte a estas redes urbanas e regionais
aaLortie vel exer susto conse dipit aliquisit alit niamcon verat eugiam adigna facipsu cipsums ndreet lut dio et prat prat, velis a Quando se fala em redes de cidades, a dimensão crítica, as economias de escala, as externalidades e as sinergias são algumas das motivações que têm vindo a ser mais referenciadas na literatura. Quer resultado de emergência espontânea, quer induzidas pela política pública, os efeitos práticos apontam quase sempre, e tão-só, para a troca de experiências, partilha de informação e "boas práticas", projecção internacional ou desenvolvimento pontual de projectos conjuntos.

Além do mais, apesar de postulada quer nos escritos académicos, quer nos documentos estratégicos da União Europeia (UE) e dos respectivos Estados-membros, o que é certo é que tem prevalecido uma fraca cooperação efectiva e orientada para os domínios da I&D, inovação e criatividade, nomeadamente entre pequenas e médias cidades europeias. Acresce que as redes existentes têm detido uma orientação mais política, institucional e mesmo comercial, em detrimento de uma abordagem virada, em termos práticos, para a competitividade, coesão e sustentabilidade.

Por estes motivos, tem-se procurado induzir uma abordagem inovadora à emergência de "novas redes urbanas". A nível europeu, na recente conferência Regions for Economic Change, Danuta Hübner, comissária europeia responsável pela Política Regional, vem reforçar a importância da cooperação e das redes de cidades e regiões orientadas para a inovação e competitividade dos territórios. Em coerência, também a agenda política nacional tem vindo a valorizar as redes urbanas como parte importante da emergente política de cidades.

No âmbito do QREN-Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007-2013, quer nas respectivas agendas temáticas, quer nos programas operacionais regionais, é incentivada a criação de redes urbanas para a competitividade e inovação como forma de qualificação do sistema urbano nacional e de promoção de sinergias entre ambientes com especializações sectoriais similares ou complementares.

Laboratório em Rede

Foi nesta lógica que, em artigo publicado no PÚBLICO no passado dia 22 de Setembro de 2006, a Inteli anunciou a emergência de um projecto supramunicipal centrado precisamente no lançamento de uma rede de cidades no Minho, ou mais genericamente, na região do Norte de Portugal, em torno de um conceito relativamente novo a nível nacional - os Living Labs (ou, em tradução directa, "laboratórios vivos").

Esta iniciativa, designada Living Labs Minho, preconiza a criação de uma rede de ambientes abertos de inovação onde as autoridades públicas, as empresas, as universidades, os institutos de I&D e os cidadãos colaboram no desenvolvimento, prototipagem, validação e teste de novas soluções ou aplicações associadas às tecnologias de informação e comunicação (TIC) em contexto urbano.Estamos a falar de cidades como Braga, Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Barcelos e Vila Verde que detêm condições favoráveis ao desenvolvimento de uma iniciativa desta natureza, como a presença de universidades e estudantes, entidades de I&D de excelência, empresas dinâmicas com potencial de internacionalização na área das TIC, jovens empreendedores e parcerias relativamente consolidadas entre os potenciais promotores: as referidas autarquias, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Minho, a Associação Industrial do Minho, entre outros agentes relevantes.

Energia, ambiente, saúde, turismo, cultura, marketing urbano, aprendizagem, governação ou mobilidade são algumas das áreas nas quais se poderão desenvolver e testar novos produtos ou serviços com a participação dos diversos stakeholders das cidades da rede. Falemos das novas formas de participação pública no processo de governação urbana onde os cidadãos interagem directa e interactivamente com o território. Ou imaginemos uma nova sociedade onde as crianças não se deslocam à escola para desenvolverem conhecimentos, dado que as cidades se traduzem na sua própria arena física e virtual de aprendizagem, onde se cruza o espaço público com novas ferramentas de trabalho colaborativo. Sonhemos também com uma rede de cidades onde o conceito de "mobilidade" se transforma, integrando a conectividade física e de informação e interagindo com as novas soluções urbanas. No fundo, tratam-se de killing applications desenvolvidas e testadas no mercado local e regional, mas com potencialidades de projecção mundial.

Benefícios da cooperação

Os benefícios da cooperação, para além da tradicional dimensão crítica, economias de escala e sinergias, materializam-se na potencialidade de desenvolvimento e teste conjunto de novas aplicações nas diversas cidades da rede e adaptação numa determinada cidade de um produto ou serviço já experimentado noutra área urbana da plataforma de cooperação.

Estas actividades de desenvolvimento, validação e teste, centradas nas zonas centrais das cidades, ou malha urbana consolidada, podem ainda conduzir à respectiva "refuncionalização" no sentido de atracção conjunta de novas actividades, talentos e investimentos intensivos em conhecimento, inovação e criatividade.

Mas as redes regionais ou nacionais não sobrevivem sem uma articulação europeia e internacional. Daí que o projecto de Laboratórios Urbanos em Rede pretenda candidatar-se à Rede Europeia de Living Labs, criada na Finlândia em Novembro de 2006, numa fase inicial com 19 laboratórios vivos. Para além de visibilidade e partilha de informação, a iniciativa visa conseguir benefícios acrescidos derivados da cooperação, com o que se espera venha a ser uma quantidade crescente de laboratórios vivos até ao final de 2008 (ver caixa e figura).

Concluindo, complementaridade e cooperação (sem anular a concorrência saudável - a designada "co-opetição"), visão estratégica, base institucional (leia-se, governação) e projectos concretos e sustentáveis de inovação são alguns dos ingredientes necessários para o sucesso de uma Europa (das Redes) das Cidades.

- Lançamento da Rede Europeia de Living Labs em Espoo (Finlândia), em 20 de Novembro de 2006, sob a égide da presidência finlandesa da UE, como parte relevante da construção do Sistema Europeu de Inovação.

- Integração da primeira "vaga" de 19 Living Labs na Rede Europeia, desde Barcelona e Irlanda à Hungria e República Checa, prevendo-se a incorporação de laboratórios adicionais no ano de 2007 (ver figura).

- Acolhimento do fenómeno dos Living Labs pela presidência portuguesa da UE, que irá decorrer no 2º. semestre de 2007 (e pela sua sucessora eslovena) como componente relevante da aproximação da Estratégia de Lisboa aos cidadãos.

- Abertura de um apelo a propostas adicionais para integração da Rede Europeia, a formalizar em evento a realizar em Guimarães, nos dias 21 a 23 de Maio de 2007, designado Co-creative Research & Innovation to Connect Lisbon Strategy to People: European Network of Living Labs, com o apoio e dinamização da CE(DG Information Societyand Media).

- Formalização da integração dos Living Labs adicionais na Rede Europeia prevista para Outubro de 2007, também num evento oficial a realizar em Portugal, onde será expectável a incorporação de mais 15-20 laboratórios nesta estratégia de cooperação. Para saber mais: www.openlivinglabs.eu