26.3.07

Desemprego não pára de crescer e chega aos 9,7% na Região Norte

Natália Faria, in Jornal Público

Perto de 200 mil pessoas desocupadas e menos 20 mil postos de trabalho no final do quarto trimestre do ano passado


No quarto trimestre de 2006, a Região Norte somava 193 mil desempregados, ou seja, mais 7,1 por cento do que no mesmo período do ano anterior. É um número que evidencia o agravamento do fosso entre a região e o resto do país: a taxa de pessoas sem trabalho no Norte atingiu os 9,7 por cento, contra uma média nacional de 8,2 por cento. Não bastasse, o desemprego regional afectou sobretudo as mulheres e os trabalhadores com idades entre os 25 e os 35 anos. O retrato, em tons muito pouco cor-de-rosa, vem traçado no relatório Norte Conjuntura, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Norte, baseado em dados do Instituto Nacional de Estatística. Aí se lê que o emprego voltou a estar em queda no quarto trimestre de 2006, registando menos cerca de 20 mil postos de trabalho face ao trimestre homólogo do ano anterior.

É um recuo de 1,1 por cento, em contraste com a média do país, que preservou um ligeiro crescimento na criação de emprego (0,2 por cento). A norte, o crescimento do desemprego afectou sobretudo as mulheres: o emprego feminino recuou 1,9 pontos percentuais em termos homólogos (o masculino desceu 0,4 por cento). Por outro lado, o maior crescimento ocorreu, segundo o INE, entre os desempregados com 25 a 34 anos. E os desempregados há mais de dois anos atingiram 36,5 por cento dos desempregados, dos quais 56,4 por cento está desempregado há um ano ou mais tempo.

Esta queda no emprego foi motivada sobretudo pelo sector primário, com menos 21 mil empregos nos sectores da agricultura, da silvicultura e da pesca. Sem esta descida, nota o relatório da CCDRN, "o emprego regional teria tido mesmo um ligeiro crescimento". Nas indústrias transformadoras (têxteis, calçado...), o emprego cresceu 3,7 por cento, o correspondente a mais cerca de 18 mil empregados relativamente ao quarto trimestre de 2005. O número de desempregados oriundos deste sector desceu 4,4 por cento. O mesmo aconteceu na construção civil, onde o número de desempregados desceu 11 por cento.

Assim, para os números do desemprego contribuíram em grande parte o comércio, com mais 36,2 por cento de desempregados, e a hotelaria e restauração, com mais 20 por cento de desempregados. Noutra perspectiva, o crescimento dos salários foi menor na Região Norte do que no resto do país. O salário médio mensal auferido na região foi de 641 euros no final de 2006, um crescimento de 0,5 por cento. Em termos nacionais, o salário médio foi de 719 euros, crescendo de 2,6 por cento.