Romana Borja-Santos, in Jornal Público
Os cursos profissionais vão contar no próximo ano lectivo com cerca de 126 mil vagas, mais 38 mil que no ano passado - "uma alteração estrutural no nosso sistema público de ensino", que pretende "corrigir um erro histórico" e mostrar que estes "não são cursos de segunda", defendeu ontem o primeiro-ministro, José Sócrates, durante uma conferência onde apresentou o "Kit das Profissões".
O discurso foi feito no dia em que começaram as inscrições no ensino secundário para todos os alunos que terminaram o básico. O Governo prevê atingir, no próximo ano, o objectivo da OCDE de metade das vagas do 10.º ao 12.º anos serem dedicadas a uma vertente profissionalizante. A maioria (quase 50 mil) são no Norte e na área das ciências informáticas. Segue-se trabalho social, electricidade e audiovisuais. A propósito dos que se ficam pelo 9.º ano, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, disse que "pretende que o mercado de trabalho não os atraia porque mais tarde, necessariamente, vão ter de regressar à escola".
De acordo com o primeiro-ministro, os números representam o "esforço da escola pública" em vencer "vários preconceitos" associados a esta formação. Além disso, explicou, são cursos que "têm menores taxas de abandono e de insucesso escolar". E acrescentou: "Melhoram a competitividade das nossas empresas e da nossa economia, que precisa de jovens habilitados do ponto de vista académico e profissional."
Depois, Sócrates salientou que é também em Setembro que chegam as bolsas sociais ao secundário - um investimento de 165 milhões de euros. "Destinam-se a apoiar as famílias com dificuldades mas com a condição de sucesso escolar. É assim que se estrutura a ambição de ter uma escola obrigatória de 12 anos", lembrou.
Sobre o "Kit das Profissões", o vice-presidente da Agência Nacional para a Qualificação, Paulo Feliciano, explicou que o manual, também disponível no site do programa Novas Oportunidades e disponibilizado a todos os docentes e alunos do 9.º ano, agrupa a oferta profissional em cinco áreas: Máquinas, Tecnologia, Artes, Pessoas e Gestão e Serviços. Dentro de cada uma são apresentados os diferentes cursos, onde se pode trabalhar e a formação exigida. Há ainda um testemunho de alguém que já trabalha na área e um manual destinado aos docentes com actividades para ajudarem os estudantes a descobrir a verdadeira vocação.


