7.7.09

Economia, alterações climáticas e Irão no centro da cimeira do G8

in Jornal de Notícias

A crise da economia mundial, a reforma do sistema financeiro, as alterações climáticas e a situação no Irão são as questões centrais da cimeira do G8 que decorre em L'Aquila, Itália, de quarta-feira até sexta-feira.

L'Aquila, "capital da dor, vai tornar-se a capital do mundo", afirmou quinta-feira o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, que decidiu mudar a cimeira da Sardenha para esta cidade, atingida a 6 de Abril por um forte sismo que provocou a morte de 299 pessoas e a destruição de grande parte da cidade.

Segundo o Governo italiano, os estragos causados pelo sismo estão avaliados em 12 mil milhões de euros.

Sexta-feira, a terra voltou a tremer nesta região do centro de Itália, provocando alguma inquietação.

A esta reunião, que decorre numa altura em que a legitimidade do G8 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia e ainda a União Europeia) é posta em causa com o protagonismo do G20, a Itália decidiu associar 17 países e várias organizações.

A grave crise económica que afecta o mundo será um dos assuntos mais importantes na agenda da reunião, numa altura em que a retoma ainda é incerta, mas o pior já parece ter passado.

O presidente norte-americano, Barack Obama, que participará na reunião, advertiu há dias que "é preciso mais do que alguns meses" para se sair da actual situação.

Segundo John Kirton, investigador da Universidade de Toronto, a cimeira será a ocasião para "um vivo debate" sobre a estratégia para a saída da crise e para pôr fim aos planos de apoio que têm feito aumentar os défices públicos.

A Itália quer fazer avançar a implementação de uma série de regras comuns no sector financeiro e pretende ainda desbloquear o ciclo de Doha sobre a liberalização do comércio mundial.

No segundo dia dos trabalhos, quinta-feira, o G8 abordará questões climáticas, tendo em vista impulsionar um acordo na cimeira que decorrerá em Dezembro em Copenhaga, juntando-se ao grupo o G5 (África do Sul, Brasil, China, Índia e México), a Austrália, a Indonésia e a Coreia do Sul.

Os oito países mais industrializados totalizam 13 por cento da população mundial e 40 por cento das emissões de gases com efeito de estufa.

No plano diplomático, a crise no Irão depois da contestada reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad, será um assunto importante a discutir nesta reunião, assistindo-se a um aumento da tensão entre os países ocidentais e Teerão.

O Irão, que o Ocidente acusa de pretender dotar-se de armas nucleares, estará também no centro das discussões sobre não-proliferação, bem como a Coreia do Norte, que efectuou um ensaio nuclear no final de Maio e lançou vários mísseis no passado sábado.

Sexta-feira, vários países africanos, incluindo Angola, vão estar presentes na cimeira e deverão lembrar aos líderes do G8 as promessas de ajuda que têm sido feitas aos países menos desenvolvidos.

Durante a cimeira, estão previstas manifestações em L'Aquila e em Roma, onde serão instalados fortes dispositivos de segurança.

A cimeira do G8 realizada em Génova em 2001 ficou marcada por violentos confrontos e pela morte de um manifestante.

A reunião é também vista como um teste à credibilidade do próprio Berlusconi, que aos 72 anos preside pela terceira vez ao G8, numa altura em que a sua imagem é atingida por escândalos em torno da sua vida privada.

Em vésperas da cimeira, o presidente italiano, Giorgio Napolitano, um antigo comunista respeitado pela classe política, apelou a "uma trégua" nas polémicas atendendo ao "importante e delicado encontro internacional" que decorrerá no país de 8 a 10 de Julho.