26.11.09

Aquecimento global poderá afectar mais a economia portuguesa

in Jornal de Notícias

A economia portuguesa poderá ser das mais afectadas pelo aquecimento global, de acordo com um estudo da Comissão Europeia sobre os potenciais custos económicos das alterações climáticas na União Europeia, divulgado em Bruxelas.

De acordo com o relatório elaborado pelo Centro Comum de Investigação da Comissão, se o clima esperado para 2080 se verificasse hoje, a UE enfrentaria perdas anuais do seu Produto Interno Bruto (PIB) entre os 20 mil milhões e os 65 mil milhões de euros, dependendo do aumento da temperatura (entre 2,5 a 5,4 graus), sendo os países do Sul da Europa, entre os quais Portugal, os mais afectados.

O relatório final do projecto PESETA (projecção dos impactos económicos das alterações climáticas em sectores da União Europeia) baseia as suas estimativas em quatro aspectos considerados altamente sensíveis às alterações climáticas - agricultura, cheias, sistemas costeiros e turismo -, com diferentes cenários de aumento da temperatura e do nível da água do mar até 2080.

Para simplificar a interpretação dos resultados, os impactos das alterações climáticas na UE foram divididos em cinco regiões, e, segundo as estimativas, a mais afectada será a do Sul da Europa, que compreende Portugal, Espanha, Itália, Grécia e Bulgária.

De acordo com o relatório, estes países apresentam as maiores perdas em termos de bem-estar económico, que historicamente cresce anualmente dois pontos percentuais na Europa, e que nesta região poderia cair entre 0,3 e 1,6 por cento ao ano.

O impacto das alterações climáticas, prossegue o documento, é negativo em todos os sectores, com uma deterioração bastante acentuada no pior cenário, de um aumento da temperatura na ordem dos 5,4 graus: a agricultura sofreria os maiores danos, perdendo até 25 por cento dos campos, e as receitas de turismo poderiam diminuir até 5 mil milhões de euros anualmente.

O relatório sublinha que os custos do aquecimento global poderiam ser no entanto muito mais elevados, já que o estudo apenas contempla quatro sectores da economia, deixando de fora impactos não económicos em domínios como a biodiversidade, ecossistemas e desastres naturais.