30.11.09

Resposta à crise passa por reforçar cooperação

Alexandra Marques, in Jornal de Notícias

O presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, abriu a XIX Cimeira Ibero-Americana dando as boas vindas aos participantes.

“Estamos aqui, como iguais, no respeito da soberania de cada um, para nos ouvirmos uns aos outros, para aprendermos uns com os outros”, disse o chefe de Estado português, Cavaco Silva pelas 10h30m, na abertura da Cimeira Ibero-Americana, em Cascais. Considerando que “esta atitude nada tem de passiva”. “Pelo contrário é exigente”, “porque implica vontade de ir além das palavras, vontade de agir”.

“É tempo do nosso diálogo ser acompanhado de uma mais efectiva cooperação entre todos, de um maior empenho em acções concretas”, disse ainda, anunciando a admissão de Itália e da Bélgica como observadores associados da Cimeira e de mais seis organizações mundiais – entre as quais a OCDE, a FAO ou a União Latina – como observadores consultivos.

O primeiro-ministro, José Sócrates, preferiu enfatizar que a inovação e o conhecimento – tema da Cimeira – são a ferramenta a usar em três tópicos da maior actualidade: "a promoção da igualdade e da cidadania" e entre cada país, "a resposta à crise" económica e "na resposta ao mais sério desafio ambiental colocado ao mundo: o aquecimento global".

Tensões de bastidores

Com a ausência dos presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e de Raul Castro (Cuba), as eleições presidenciais nas Honduras estão a ser o tema quente da Cimeira.

A sessão de abertura começou com uma hora de atraso, depois do rei Juan Carlos chegar à sala com vista para o Tejo. Sem Chávez por perto, as atenções foram desviadas para as representantes femininas: a presidente da Argentina e anfitriã da Cimeira em 2010, Cristina Kirchner, a sua homóloga chilena, Michelle Bachelet e para a cantora colombiana, Shakira.

Anteontem à noite, Patrícia Rodas, a ministra dos Negócios Estrangeiros (MNE) hondurenha apelou a que saia de Cascais “um acordo político” de não reconhecimento do sufrágio que ocorre cinco meses após o golpe militar que depôs Manuel Zelaya – e em que o conservador Porfírio Lobo reclama a vitória. Porque "70% dos hondurenhos se abstiveram de ir votar", justificou Rodas. Mas o MNE anfitrião, Luís Amado, afastou a possibilidade, alegando ser preciso fazer primeiro um rescaldo desse acto eleitoral.

Problemas associados

Com o troço da Marginal que atravessa a frente do hotel cortado até à rotunda de Cascais, perto do hipermercado da cidade, o caos instalou-se no trânsito. Um choque entre dois veículos foi um dos resultados. A escassos metros do local, apenas se ouve o som ritmado de um helicóptero que sobrevoa a zona. E a propósito de som, falhas de som durante os discursos de abertura de Cavaco e de Sócrates dificultaram (muito) a audição pelo circuito televisivo interno.

Confinados a um pavilhão do rés-do-chão do edifício onde assistem às intervenções públicas dos chefes de Estado e de Governo presentes, os jornalistas estão impedidos de ter acesso aos corredores de acesso à sala oval – em elipse – onde decorrem as sessões plenárias.