21.11.09

Economia mantém fortes sinais de retoma no arranque do último trimestre do ano

Por Sérgio Aníbal, in Jornal Público

Consumo privado dá indicações de estar a crescer ao ritmo mais forte desde Maio de 2008, antes da entrada em falência do Lehman Brothers


O INE já tinha confirmado a aceleração do ritmo de crescimento da economia durante o terceiro trimestre. Agora sabe-se também que os primeiros indicadores disponíveis para Outubro continuam a apontar para uma tendência de reforço da retoma na economia portuguesa.

De acordo com os dados hoje divulgados pelo Banco de Portugal, o indicador coincidente da actividade económica (que tem como objectivo antecipar qual a evolução do PIB) voltou a registar em Outubro uma melhoria significativa. A sua variação face ao período homólogo passou de -0,9 para -0,2 por cento.

A economia continua a estar a um nível mais baixo do que em igual período do ano passado, mas é evidente que está já a recuperar dos mínimos que foram atingidos durante a primeira metade deste ano. Para encontrar um resultado como o agora obtido é necessário recuar até à primeira metade de 2008, ou seja, para o período anterior ao colapso do Lehman Brothers, o episódio que lançou definitivamente a economia mundial para um período recessivo.

O indicador coincidente da actividade económica do Banco de Portugal é calculado com base nos primeiros dados quantitativos já disponíveis, como a venda de automóveis, e utilizando alguns indicadores qualitativos, como os inquéritos de confiança aos consumidores e às empresas. Em Outubro, a melhoria registada sentiu-se na generalidade das componentes do PIB e dos sectores da economia.

Ainda assim, parece ser na reanimação do consumo privado que se está a sustentar a retoma da economia portuguesa. O indicador coincidente do consumo privado, também ontem publicado, passou de uma variação homóloga de 0,7 por cento em Setembro para 1,5 por cento em Outubro.

Depois das quedas muito fortes da primeira metade deste ano, o consumo realizado pela famílias dá indicações de estar a crescer ao ritmo mais elevado desde Maio de 2008. As vendas de automóveis cresceram face ao mesmo mês do ano passado (algo que já não acontecia desde Dezembro do ano passado) e a confiança dos consumiodres voltou a registar uma melhoria.

Ao nível do investimento, as indicações são menos positivas. A venda de veículos comerciais, tanto pesados como ligeiros, voltou a registar quebras acentuadas face ao ano passado e, no sector da construção, a venda de cimento desacelerou.